sexta-feira, 28 de abril de 2017

Idosos decidem que ainda não é hora de parar




As pessoas estão se aposentando cada vez mais tarde no Brasil. Para manter a boa performance e a mente ativa, é preciso exercitar o cérebro

Ter idade para estar aposentado não significa mais estar parado. Prova disso é o Dr. Márcio Gonçalves, que com 76 anos de idade não quer pendurar o jaleco: ele exerce a função de cirurgião dentista, tem como hobby passear de moto com a esposa e credita o segredo da vitalidade ao bom humor... 

Esta disposição toda não vem de graça. Ele é aluno do Método SUPERA, uma rede de escolas de ginástica cerebral presente em todos os estados do Brasil, que ajuda muitos idosos a manterem seus cérebros ativos e saudáveis. Suas aulas são na unidade de Diamantina (MG), onde também funciona até hoje o seu consultório. 



“Este ano eu completo 54 anos de profissão... e ‘felizinho’!”, brinca, sorridente. “Preciso me manter ativo para fugir do sofá com pantufas. Nessa idade, tem que tomar cuidado com isso, então procuro manter a mente sempre acesa”, continua. 


Márcio exercita o cérebro desde 2015 e já nota melhoras significativas na habilidade de raciocínio e, principalmente, na qualidade de vida. “Convivendo com pessoas mais novas, a gente se sente realizado”, diz Gonçalves, referindo-se à troca de experiências entre os alunos, já que o SUPERA é um curso voltado para todas as idades. 


Inspirado, ele não planeja se aposentar tão cedo. Logo depois de passar o número do Whatsapp (o Sr. Márcio ainda é ligado em tecnologia e não gosta de ficar para trás), conta com orgulho que realiza cirurgias de média e alta complexidade no Hospital Nossa Senhora da Saúde, em Diamantina, vai ao curso todas às quintas-feiras (“pontualmente e sem faltas”, faz questão de enfatizar), faz as tarefas de casa e tem como hobby os passeios e viagens de moto com sua esposa, de 70 anos. 


Além do Dr. Márcio, quem também espanta o sedentarismo com muito trabalho é a Dona Ivanira Gomes, que pratica ginástica cerebral no Método SUPERA Curitiba (PR) e atende como psicóloga clínica aos 74 anos. Ela conta que já começou um pouquinho mais tarde.


“Fui professora até os 42 anos, quando encarei o desafio de fazer outra faculdade, de psicologia. Eu tinha dois filhos pequenos, mas queria muito trabalhar com algo construtivo e gratificante, e é exatamente o que faço hoje”, conta Ivanira. 


Ela buscou pelo curso porque estava notando alguns lapsos de memória, comuns para a idade. Decidiu praticar ginástica cerebral com o objetivo de melhorar esta habilidade para, assim, ter melhor desempenho profissional. 


As histórias acima são poucas dentre as tantas vidas transformadas pelo curso do SUPERA. Hoje são 70 mil alunos e 200 unidades em todos os estados do país. 


Estimular o cérebro desacelera o processo natural de perdas cognitivas decorrentes da idade e fortalece as reservas cognitivas, retardando assim o aparecimento de sintomas de doenças como o Alzheimer. 


Na aula de ginástica cerebral, isso acontece por meio de atividades desafiadoras que tiram o cérebro da zona de conforto: a prática do ábaco treina a atenção e a coordenação motora fina, Jogos de tabuleiro, jogos online, apostilas com desafios, neuróbicas e dinâmicas em grupo também estão entre os exercícios para os neurônios. 


Aposentadoria tardia é tendência no Brasil 
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 4,5 milhões de aposentados não encerraram as atividades trabalhistas no país e a tendência é que este número aumente cada vez mais. 


De acordo com a pesquisa, as projeções do instituto para 2020 são de 20 milhões e, em 2060, esse número deve quadruplicar, chegando à casa das 60 milhões de pessoas com 65 anos ou mais ainda no mercado de trabalho.


“Estes dados mostram um percentual expressivo de pessoas que têm o desejo e a necessidade de continuarem trabalhando mesmo após a aposentadoria. É verdade que isso pode decorrer das próprias limitações impostas pelo valor reduzido ou insuficiente das pensões e aposentadorias”, conta Thaís Bento Lima, Gerontóloga da USP (Universidade de São Paulo) e consultora do Método Supera Ginástica para o Cérebro. 


Segundo ela, estudos científicos comprovam que a necessidade não é apenas financeira. As pessoas percebem que têm pela frente um curso de vida significativo, afinal, o processo de envelhecimento é longo e heterogêneo, e estar em atividades ocupacionais significa também ter uma vida social ativa e ressignificada.


Foi-se o tempo em que, com o aumento da idade, o profissional se tornava improdutivo. Hoje em dia, é comum indivíduos do grupo 60+ buscarem uma segunda carreira, pois têm disposição e potencial para agregar mais valor às empresas.


Dicas da especialista para manter bom desempenho no trabalho após os 60 anos. Confira:


 -Procure participar de cursos, palestras e workshops.

- Atualize-se e mostre que você ainda tem muita disposição e disponibilidade para aprender.

- Exercite suas habilidades mentais, fazendo exercícios de ginástica para o cérebro. Afinal, se o intuito é trabalhar, vamos manter a mente ativa também.

- Tenha hábitos de vida saudáveis, pois o autocuidado é essencial para se ter disposição em qualquer faixa etária.

               - Envelheça ativamente: saia de casa, interaja e busque novos projetos de vida. Com certeza os caminhos para a inserção ou a permanência no mercado de trabalho, na terceira idade serão mais brandos e satisfatórios.




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