Desde a pré-história, os hábitos da mulher têm
passado por constantes modificações. Até a revolução industrial, o papel
feminino era dedicado, prioritariamente, à base familiar, educando, cuidando e
organizando. Temos exceções, é verdade, e, ao longo da história, surgiram
muitas mulheres que já nos tempos mais remotos, fugiram do padrão e entraram
para história como grandes estadistas ou revolucionárias.
Todavia, depois da revolução industrial e das
grandes guerras, nota-se que a mulher saiu do papel de cuidadora do lar, para
assumir duas jornadas diárias: o emprego formal fora de casa, sem deixar de
lado suas “obrigações” com a família. Algumas vezes, a jornada ainda tem uma
terceira etapa, comum para aquelas que também estudam. Com isso, observa-se um
aumento significativo de problemas de saúde da mulher como as doenças
degenerativas e imunológicas. E dentre as principais causas desses males está o
estresse.
Em uma pesquisa da Associação Internacional do
Controle do Estresse, o Brasil ficou em segundo lugar entre os países com os
maiores níveis de estresse do mundo. Outro estudo, realizado pelo Programa de
Avaliação do Estresse da Beneficência Portuguesa de São Paulo, aponta que as
mulheres, por conta de suas duplas ou triplas jornadas, são mais atingidas pelo
mal que os homens. É importante destacar que o estresse pode impactar na saúde
mental e física. E, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), para que uma
população tenha saúde, é necessário que tenha bem-estar físico, mental e
social. Estamos falando de mais uma questão de saúde que atinge,
principalmente, as mulheres.
Quando passamos por estresse em excesso, seja por
um período curto ou longo, o sistema imunológico se desestrutura e o corpo
começa a liberar histamina para tentar resolver o problema, basicamente,
desenvolvendo uma reação alérgica. Outra alteração comum é em relação ao peso,
que pode variar muito por conta da liberação do hormônio cortisol, que interfere
na capacidade do corpo para processar o açúcar no sangue, assim como no
metabolismo de gorduras, proteínas e carboidratos, o que pode causar ganho ou
perda de peso.
O estresse também pode levar pessoas a hábitos alimentares
nocivos, como comer demais ou de menos.
Dores de cabeça também são comuns em pessoas
estressadas devido à liberação de substâncias químicas que alteram os nervos e
vasos sanguíneos no cérebro. E, se a pessoa tem propensão à enxaqueca, o
estresse pode piorá-la.
Como se já não fosse o suficiente, ele abala o
funcionamento do trato gastrointestinal, suprime o sistema imunológico e leva à
perda significativa de cabelo.
E até aqui, tratamos apenas da fase inicial. O
estresse pode resultar em problemas mais graves como a síndrome de pânico,
problemas cardiovasculares, envelhecimento precoce e algumas doenças
autoimunes, que podem resultar na destruição lenta de tipos específicos de
células, tecidos, órgãos ou articulações, interferir na estimulação do
crescimento de um órgão ou na sua função.
A prevenção com a realização de exames periódicos
para um diagnóstico precoce é a maneira mais correta de se antecipar às
doenças, o que, nas maiorias das vezes, facilita o tratamento. Mas,
especialmente para as mulheres, que tanto lutam pela conquista de espaços na
sociedade e, por conta disso, acabam acumulando inúmeras tarefas, eu destacaria
a necessidade de rever os conceitos de vida. Esse ainda e o melhor remédio.
Cobre-se menos, divida ou delegue as tarefas do dia
a dia e encontre tempo para cuidar de si, para praticar atividades físicas
leves e constantes, como dança de salão. Busque se alimentar bem e nos horários
corretos, sem correria, com alimentos frescos e sem agrotóxicos, se possível.
Flavio Sussumu Yasuda - farmacêutico bioquímico,
mestre em Farmácia e professor do curso de Farmácia da Anhanguera de Jundiaí
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