Nesa
quarta-feira, 8 de março, é o Dia internacional da Mulher. As mulheres
brasileiras, hoje, ocupam a maioria das cadeiras nas escolas e universidades.
De acordo com os dados da última edição da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílio (Pnad) do IBGE, 18,8% das mulheres economicamente ativas já
completaram ao menos um curso superior. Entre os homens, este número cai para
11%. Elas ganham dos homens também entre os brasileiros com ensino médio
completo: 39,1% contra 33,5%. Entre os candidatos aprovados em 2016 no Sisu,
57% eram mulheres.
Entretanto,
por mais que o desempenho das mulheres brasileiras nos estudos seja superior ao
dos homens, a remuneração média deles no mercado de trabalho continua sendo
maior. E essa porcentagem de diferença se alarga conforme o tempo dentro das
instituições de ensino. As mulheres com cinco a oito anos de estudo recebem por
hora 24%a menos que os homens com mesma escolaridade. Para 12 anos de estudo ou
mais, essa diferença entre gêneros atinge 34%.
Mas
o que pensam as principais interessadas neste assunto: as mulheres aprovadas
nas principais universidades do país? O Stoodi
- startup de educação à distância que oferece videoaulas, plano de estudos
e monitorias transmitidas ao vivo - convidou três de suas alunas que acabaram
de passar no vestibular para comentar o assunto.
Moradora
de Goiânia, Priscilla Castro tem 23 anos e está prestes a começar o curso de
Medicina na Universidade Federal de Goiás (UFG). Ela estudou a vida toda em
escolas públicas e sofreu com colégios que apresentavam instalações precárias e
velhas. Sempre foi muito esforçada e tirou boas notas, mas percebeu que se quisesse
conquistar uma vaga em uma instituição de qualidade, precisaria investir em um
bom cursinho. Ao se deparar com os altos preços dos que existiam em sua cidade,
optou por estudar à distância e conseguiu chegar lá.
Priscilla
acredita que, apesar dos inúmeros avanços dos últimos anos, ser mulher continua
sendo muito mais difícil. “Ainda há muita desigualdade, ganhamos menos e muitas
vezes, nos sentimos vulneráveis”. No entanto, conta que buscou sempre converter
tais dificuldades ao seu favor. “Ser mulher me permitiu ter uma disciplina e
organização imprescindíveis para minha aprovação. Acho que nós temos essa
característica: sermos mais organizadas e levarmos nossos compromissos a sério.
Sem dúvidas, foram elementos que me favoreceram na minha aprovação na faculdade”,
conclui.
Já
Gabriella Ortola, paulista de 18 anos que acaba de passar em História na USP,
concorda que ser mulher continua sendo muito complicado em relação às questões
de desigualdade. “Nós conquistamos muitas coisas, mas ainda tem muito chão pela
frente. As mulheres ganharam direito ao voto, mas ainda não têm direito de
andar na rua à noite. Podem trabalhar fora, mas ainda são vistas com maus olhos
quando deixam a maternidade de lado por causa disso”, critica. Como exemplo
vivo de quem não se conforma com a realidade que enxerga, a intenção da
universitária é trabalhar como professora e, ao ter acesso às salas de aula,
lutar para conscientizar seus alunos.
A
capixaba Francieni Barbosa Soares, 23 anos e acadêmica do Centro Universitário
Católico de Vitória, acaba de passar em mais uma faculdade. Recém-aprovada em
Direito na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pretende ser delegada,
escolha que a faz ouvir frequentemente indagações como “nossa, mas você é tão
delicada, por que não segue outra área?"; "Tem certeza que é essa
profissão que você quer para a sua vida"; "acho que você não combina
com isso", entre outras perguntas carregadas de preconceito.
“Essa
distinção entre o que deve ser de homem e o que deve ser de mulher é um dos
grandes problemas que vivenciamos. Não se pode negar que há distinções
biológicas entre os homens e as mulheres, mas não a ponto de determinar que
tipo de profissão cada um deve seguir. Essas críticas que recebi fizeram com
que eu deseje cada dia mais exercer essa profissão para que quem duvidou de mim
aprenda que nada pode dissuadir quem tem determinação para buscar um sonho”,
arremata.
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