sábado, 6 de dezembro de 2025

Neste Dia Nacional da Família (08/12), neurocientista alerta: “Família não é sobre perfeição, é sobre vínculo, presença e segurança emocional”

 

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Data reforça a importância do ambiente familiar na saúde emocional das crianças e no desenvolvimento cerebral, destaca Telma Abrahão

 

O Dia Nacional da Família, celebrado em 08 de dezembro, é mais do que uma data simbólica no calendário brasileiro. Instituída pelo Decreto nº 52.748/1963, a data reforça a importância da família como base estrutural da sociedade e, sobretudo, como pilar essencial para o desenvolvimento emocional e cerebral das crianças. 

Para a neurocientista, autora best-seller e especialista em desenvolvimento infantil, Telma Abrahão, a ocasião deve servir não apenas para celebrar laços, mas para refletir sobre o impacto profundo que o ambiente familiar exerce ao longo de toda a vida. “Família não é sobre perfeição. É sobre vínculo, presença, segurança emocional e a certeza de que existe um lugar no mundo onde a criança pertence”, afirma Telma. 

Segundo a especialista, quando a criança cresce em um ambiente onde é vista, ouvida e acolhida, seu cérebro se organiza de forma mais saudável, construindo circuitos de confiança, autorregulação, empatia e capacidade de relacionamento. “Isso não é apenas afeto, é neurodesenvolvimento em ação”, completa. 

Os primeiros anos de vida representam um período crítico para a formação da arquitetura cerebral. É no convívio familiar que o sistema nervoso aprende a se regular e que a criança desenvolve sua autoestima, senso de valor próprio e habilidades socioemocionais essenciais para a vida adulta. “Uma base segura hoje é um adulto mais estável emocionalmente amanhã”, explica Telma. 

No entanto, quando o ambiente familiar é marcado por violência física ou emocional, negligência, gritos, humilhações ou ausência de conexão, as consequências podem acompanhar o indivíduo por décadas. “Essas marcas invisíveis aumentam o risco de ansiedade, depressão, doenças autoimunes, dificuldades nos relacionamentos e uma série de comportamentos desadaptativos. O que acontece na infância molda o cérebro, o corpo e a forma como essa pessoa vai se relacionar com o mundo”, reforça. 

Para Telma, o Dia da Família é também um convite à autoavaliação: que memórias estamos construindo nas casas brasileiras? Que referências emocionais nossas crianças levarão para o futuro? “Família é o primeiro território de amor, mas pode se tornar o primeiro território de dor quando falta afeto, comunicação e segurança”, ressalta. 

Ela destaca ainda que investir em famílias é investir em saúde mental pública e na prevenção de traumas que sobrecarregam a sociedade. “Educar com respeito não é permissividade, é responsabilidade com o futuro”, afirma. 

Em um momento em que dispositivos eletrônicos, pressões cotidianas e rotinas aceleradas ameaçam a qualidade das relações, Telma deixa um recado direto às famílias: “Que possamos oferecer mais conexão do que cobrança, mais presença do que telas, mais escuta do que julgamentos. Uma infância segura é o maior presente que podemos entregar ao mundo”. 

O Dia da Família surge, portanto, como uma oportunidade de fortalecer vínculos, repensar práticas e construir bases emocionais mais sólidas para as próximas gerações.

 

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