sábado, 6 de dezembro de 2025

Especialista alerta: festas de fim de ano aumentam risco de recaída entre dependentes químicos


O fim de ano costuma ser sinônimo de celebração, encontros e euforia. Mas, para quem enfrenta a dependência de álcool ou outras drogas, esse período pode representar exatamente o oposto: um terreno fértil para recaídas. O terapeuta Sandro Barros, referência em tratamento e prevenção, explica que os gatilhos emocionais e sociais se intensificam entre dezembro e o Carnaval e que a família precisa aprender a ajudar sem provocar riscos involuntários. 

“Os principais gatilhos surgem nos convites para festas, no clima de euforia coletiva e até dentro da própria família, que muitas vezes quer ajudar, mas acaba pressionando o dependente a participar de ambientes que ele não está preparado para frequentar”, afirma Sandro. Segundo ele, o próprio paciente costuma estar mais vulnerável nessa época: “A luta para se manter sóbrio é mais intensa”.
 

Como evitar recaídas no período mais crítico do ano

O primeiro passo, segundo o especialista, é evitar lugares, pessoas e ambientes associados ao uso de álcool e outras drogas. “Se o paciente precisar ir a um evento inevitável, como um casamento, ele pode aplicar a regra dos 3 S: Saudar, Sorrir e Sair. É uma estratégia simples, mas extremamente eficaz”, explica.

Além disso, práticas terapêuticas e rotinas saudáveis são fundamentais:

• Fazer terapia e verbalizar sentimentos

• Praticar esportes, meditação e leitura

• Aproveitar momentos de lazer como praia, sauna, filmes

• Manter sono regulado, alimentação no horário e uma rotina mais caseira

• Transformar a própria casa em um “refúgio de tratamento”

 

“O final do ano ativa traumas, memórias de prazer e gatilhos antigos e atuais. A terapia ajuda a ressignificar essas experiências. E a participação em grupos como NA e AA reforça a memória do prejuízo, evitando que a pessoa se iluda com a ‘primeira dose’”, completa.
 

Recomeçar: compromisso com a vida

Para Sandro, recomeçar significa mudar de estrada: sair do caminho do consumo e entrar no caminho da sobriedade com hábitos novos e compromisso emocional consigo mesmo.

“Uma meta realista que realmente muda vidas é decidir evitar a primeira dose. Sem ela, todo o restante se torna possível. É a base para recuperar a dignidade, o respeito próprio, a saúde e os vínculos familiares”, afirma o terapeuta. 

Ele também destaca a importância da comunicação dentro de casa: “O dependente precisa avisar a família sobre suas dificuldades e pedir apoio. Algo simples, como não colocar essa pessoa para comprar cerveja para outras pessoas, já evita situações de grande risco”.

Com a chegada das festas, o alerta é claro: sobriedade é decisão diária, e o apoio familiar pode ser determinante para transformar um período de vulnerabilidade em um momento de recomeço.



Sandro Barros - terapeuta especializado em dependência química


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