Pais e
responsáveis já começam a preparar o bolso para o próximo ano letivo — e não
sem motivo. Um levantamento recente do Grupo Rabbit, consultoria especializada
em instituições privadas de ensino, aponta que as mensalidades das escolas
particulares devem ter um reajuste médio de 9,8% em 2026, mais que o dobro da
inflação projetada para 2025, estimada em 4,83%, segundo a pesquisa Focus
do Banco Central.
O estudo,
divulgado pelo jornal O Globo, ouviu 308 escolas de todas as regiões do
país e indica que o impacto sobre o orçamento familiar será ainda maior do que
nos anos anteriores. Em 2023, o aumento médio foi de 9,3% e, em 2024, chegou a
9,5%. Agora, a maioria dos colégios deve comunicar os novos valores já no fim
de setembro, quando têm início as renovações de matrícula.
Diante desse
cenário, mais do que nunca, é hora de falar sobre planejamento, consciência
financeira e negociação. Não se trata apenas de pagar a escola do filho, mas de
tomar uma decisão estratégica sobre o futuro — e isso exige preparo.
Educação:
prioridade que exige planejamento
Sempre defendo que
investir na educação dos filhos deve ser uma das maiores prioridades
financeiras de qualquer família. Afinal, estamos falando do alicerce do futuro
deles. No entanto, prioridade não significa desorganização. Significa, sim,
planejamento estruturado e decisões conscientes.
A matrícula
escolar — ou a escolha de uma nova instituição — não pode se basear apenas em
fatores como localização ou tradição. Ela envolve uma análise mais profunda:
quais são os valores da escola? Qual o seu projeto pedagógico? Ela prepara os
estudantes para o mundo real?
Hoje, por exemplo,
muitas instituições já incorporam educação financeira à grade curricular, algo
essencial para formar jovens capazes de realizar sonhos e lidar de maneira
saudável com o dinheiro. Esse tipo de diferencial deve entrar no radar dos pais
ao comparar opções.
Envolva a família e avalie o todo
Outro ponto importante nesse processo é ouvir as crianças e adolescentes. Saber
como eles se sentem em relação à escola atual pode trazer informações valiosas.
Porém, é fundamental equilibrar essa escuta com uma análise racional:
sentimentos são importantes, mas a decisão precisa considerar também a
sustentabilidade financeira da família.
Lembre-se de que o
custo da educação vai além da mensalidade. Uniforme, material escolar,
transporte, alimentação e passeios eventuais também precisam estar no
orçamento. Somar todos esses gastos com antecedência evita surpresas
desagradáveis ao longo do ano.
Negociar não
é vergonha — é inteligência financeira
Se, depois de
analisar tudo, você perceber que a situação está apertada, negociar é o caminho
mais inteligente — e isso é mais comum do que muita gente imagina. Muitas
famílias deixam de pedir descontos por receio ou constrangimento, mas,
especialmente em tempos de reajustes acima da inflação, conversar com a escola é
não apenas legítimo, como necessário.
Comece agendando
uma reunião com a direção ou o setor financeiro. Explique sua realidade de
forma honesta e objetiva. Uma boa alternativa é propor o parcelamento da
matrícula ou até mesmo adiantar parte das mensalidades, o que pode ser um
argumento sólido na negociação.
Outra orientação
poderosa é fazer uma pesquisa de mercado. Ter em mãos os valores praticados por
outras instituições de qualidade semelhante fortalece sua posição e ajuda a
negociar com dados concretos.
E lembre-se: uma
negociação bem-sucedida deve ser positiva para os dois lados. Se você está
satisfeito com a escola, deixe isso claro. Mostre disposição para chegar a um
acordo e mantenha sempre a cordialidade.
Transforme o
aumento em oportunidade
Sim, o reajuste de quase 10% é um peso considerável no orçamento familiar. Mas também pode ser um ponto de virada. Ao encarar essa realidade com planejamento e estratégia, você transforma o aumento em uma oportunidade de repensar prioridades, revisar hábitos financeiros e tomar decisões mais conscientes sobre a educação dos filhos.
Educar é, acima de tudo, investir no futuro — e investimentos importantes merecem ser planejados com inteligência.
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