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Ginecologista do CEJAM orienta
sobre os principais sintomas e a necessidade de empatia, inclusive, no ambiente
de trabalho
Ondas de calor,
insônia, irritabilidade, alterações no humor e queda na libido. Esses são
apenas alguns dos sintomas mais comuns enfrentados por mulheres durante a
transição para a menopausa. Apesar de ser algo natural do envelhecimento do
corpo feminino, ainda é cercado de tabus e desinformação. O que pode atrasar o
diagnóstico, dificultar o tratamento e comprometer significativamente a
qualidade de vida.
“Os sintomas da
menopausa costumam surgir por volta dos 50 anos, durante o climatério, fase de
transição hormonal que pode durar anos e impactar a saúde física, emocional e
as relações afetivas. Por isso, é fundamental reconhecê-los e saber que existem
caminhos seguros e eficazes para passar por essa fase com mais tranquilidade e
bem-estar”, afirma a ginecologista-obstetra
Camilla Salmeron do AME Mulher - Leonor Mendes de Barros, gerenciado
pelo CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”) em parceria com a Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo.
Dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que aproximadamente
30 milhões de mulheres no Brasil estão na faixa etária do climatério e da
menopausa. No entanto, apenas 238 mil foram diagnosticadas pelo Sistema Único
de Saúde (SUS).
Segundo a
especialista, é importante que a mulher compreenda que a menopausa corresponde
à última menstruação, confirmada após 12 meses consecutivos sem sangramento.
Além disso, identifique os sintomas mais frequentes durante essa fase, que
incluem fogachos (ondas de calor), sudorese noturna, insônia, alterações de
humor, irregularidade menstrual, ressecamento vaginal, queda da libido, dores
articulares, fadiga e ganho de peso, especialmente na região abdominal.
“Muitas mulheres
evitam procurar ajuda médica e seguem tratamentos populares, indicados por quem
já passou pela fase. Mas é importante que busquem ajuda logo aos primeiros
sintomas, pois cada processo é individual, o que significa que o tratamento
também é”, explica.
Tratamento
A Terapia Hormonal
(TH) segue como tratamento de primeira linha para sintomas moderados a
intensos, especialmente fogachos e secura vaginal. “Apesar de existirem riscos,
como trombose ou aumento discreto do risco de câncer de mama com o uso
prolongado, os benefícios superam os riscos em mulheres saudáveis com menos de
60 anos ou até 10 anos após a menopausa. A avaliação individual é essencial”,
esclarece.
Já os tratamentos
naturais e complementares também podem ajudar, principalmente, em casos leves
ou quando há contraindicações médicas. Entre eles: fitoestrogênios (soja,
linhaça), chá de folha de amora, a planta Cimicifuga racemosa, acupuntura,
terapias comportamentais como mindfulness e yoga, além de acompanhamento
psicológico.
A alimentação e a
prática regular de exercícios físicos são grandes aliadas nesse período. Uma
dieta rica em cálcio, vitamina D e fibras favorece a saúde óssea e o controle
do peso. “Atividades físicas ajudam a reduzir fogachos, melhorar o humor, o
sono e prevenir condições como osteopenia, sarcopenia e doenças cardiovasculares”,
reforça a médica.
Impactos
psicológicos
De acordo com a
pesquisa Menopause Experience & Attitudes, realizada pela farmacêutica
Astellas e divulgada em março deste ano, 8 em cada 10 mulheres brasileiras (79%)
vivenciaram sentimentos psicológicos negativos relacionados à menopausa,
incluindo ansiedade (58%), depressão (26%), constrangimento (20%) e vergonha
(16%).
“Além de ser um
tabu para as mulheres, a queda dos níveis hormonais durante a fase pode
desencadear problemas como a
ansiedade e até depressão. O que pode comprometer o desempenho, a
produtividade e as relações interpessoais”, destaca
a ginecologista.
A pesquisa ainda
apontou que 47% das mulheres relataram impacto negativo direto no ambiente de
trabalho. Como redução de produtividade (26%), medo de contar aos colegas (17%)
e até mesmo episódios de discriminação explícita (9%).
“Ainda há muita
desinformação e preconceito em torno do tema. É urgente criar espaços seguros
para que as mulheres possam falar sobre essa fase da vida sem medo de
julgamentos ou discriminação”.
O acolhimento e a
empatia no consultório são fundamentais para mudar esse cenário. “O primeiro
passo é escutar, validar os sintomas e orientar com clareza. A mulher não está
sozinha nesse processo. A informação é a maior aliada para enfrentar essa fase
com autonomia e saúde”, complementa.
Menopausa
precoce
Algumas mulheres
podem enfrentar a falência ovariana prematura, que ocorre antes dos 40 anos. As
principais causas são genéticas, autoimunes ou provocadas por cirurgias e
tratamentos, como a quimioterapia. Os sintomas são semelhantes aos da menopausa
natural, mas costumam ser mais intensos. O diagnóstico exige avaliação médica e
exames laboratoriais.
“Ignorar os sintomas
ou deixar de tratá-los pode levar a consequências como insônia crônica,
depressão, perda de massa óssea e muscular, disfunção sexual e queda expressiva
da qualidade de vida”, finaliza.
(@cejamoficial
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