Especialistas destacam o impacto emocional e a
importância da saúde mental no tratamento
Pouco
conhecida por parte da população, a Esclerose Múltipla (EM) é uma doença
neurológica, autoimune e crônica que afeta o sistema nervoso central, alterando
a comunicação entre cérebro e corpo.
Estima-se
que mais de 2,8 milhões de pessoas no mundo convivam com a condição, de acordo
com a Federação Internacional de EM. No Brasil, são cerca de 40 mil pacientes,
segundo a Associação Brasileira de EM (ABEM).
Apesar
dos avanços médicos, a doença ainda traz um desafio invisível: o impacto na
saúde mental. Fadiga, dores, dificuldades de locomoção, alterações visuais e
cognitivas já tornam a rotina do paciente desafiadora.
Mas
é no campo emocional que a EM revela uma de suas faces mais complexas.
Ansiedade, depressão e sentimentos de isolamento são comuns e, em muitos casos,
subestimados.
“O
diagnóstico de EM costuma ser um divisor de águas na vida do paciente. Receber
a notícia de uma doença crônica e sem cura traz angústia, medo do futuro e
insegurança. Por isso, o cuidado com a saúde mental deve ser tão valorizado
quanto o acompanhamento neurológico”, explica Dr. Thiago Cardoso Vale,
neurologista e professor da residência médica do grupo ViV Saúde Mental e
Emocional.
Corpo e mente em equilíbrio
Estudos
conduzidos pela National Multiple Sclerosis Society (NMSS) apontam que
entre 40% e 50% dos pacientes com EM desenvolvem sintomas de depressão ao longo
da vida. Essa condição, além de prejudicar a qualidade de vida, pode
comprometer a adesão ao tratamento e potencializar sintomas físicos.
Para
o Dr. Thiago, o apoio psicológico deve ser visto como parte integrante do
cuidado. “A terapia, aliada a grupos de apoio e ao acompanhamento psiquiátrico
quando necessário, ajuda o paciente a lidar com as mudanças impostas pela
doença e a desenvolver estratégias emocionais para enfrentar as limitações. Não
se trata apenas de controlar sintomas, mas de preservar a autoestima, a autonomia
e a esperança.”
A importância da rede de apoio
O
impacto da EM vai além do indivíduo. Familiares e cuidadores também são
desafiados a compreender as necessidades do paciente, adaptando a rotina e
oferecendo suporte emocional. Nesses casos, orientação profissional é essencial
para que o convívio não seja marcado pelo desgaste, mas pela solidariedade e
pela construção de vínculos positivos.
Segundo
o especialista, é comum que os familiares sintam culpa, medo ou até mesmo
sobrecarga diante da doença. “Orientar e acolher também esses cuidadores é
parte fundamental do processo terapêutico”, frisa.
Conscientização que transforma
No
Dia Nacional da Conscientização sobre a EM (30 de agosto), a mensagem é clara:
a informação é o primeiro passo para quebrar preconceitos e ampliar a empatia.
Reconhecer
que o tratamento não envolve apenas medicamentos e fisioterapia, mas também o
fortalecimento da saúde mental, é essencial para oferecer dignidade e qualidade
de vida a quem convive com a doença.
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