sábado, 28 de junho de 2025

Mitos e verdades sobre Feng Shui na arquitetura

 Arquitetas explicam o que é e como essa técnica milenar chinesa pode melhorar a qualidade de vida em casa e no trabalho

 

Por muito tempo, o Feng Shui foi associado a um universo esotérico e cercado de crenças distorcidas — o que ainda afasta parte do público e até profissionais da arquitetura e design de interiores. Mas a técnica milenar chinesa, que estuda como o ambiente interfere na energia das pessoas, vem ganhando espaço em projetos contemporâneos, com aplicação prática, lógica e mensurável.

As arquitetas Belisa Mitsuse (Bel) e Estefânia Gamez (Tef), sócias do BTliê Arquitetura, defendem que o Feng Shui é uma ferramenta de projeto tão relevante quanto qualquer outro pilar técnico da arquitetura. “Trabalhamos com o espaço como um campo de influência. A forma como ele é organizado pode favorecer ou dificultar aspectos como bem-estar, produtividade e relacionamentos”, explica Bel.

A seguir, elas esclarecem alguns dos principais mitos e verdades que ainda cercam o tema:

 

Feng Shui é misticismo ou religião?

Mito. Apesar de frequentemente confundido com práticas esotéricas, o Feng Shui não tem qualquer vínculo religioso. “É uma técnica milenar baseada em observação da natureza, fluxos de energia, ventilação, luz e posicionamento”, afirma Tef. O objetivo é promover equilíbrio entre as pessoas e os espaços que elas habitam.


Feng Shui pode melhorar a qualidade do sono, da concentração e dos relacionamentos

Verdade. A organização dos ambientes influencia diretamente a rotina e o comportamento. “Uma cama posicionada sem visão da porta, por exemplo, pode gerar insegurança e interferir no descanso”, afirma Tef. O mesmo vale para mesas de trabalho desalinhadas ou cozinhas que não favorecem a circulação.


É preciso usar objetos específicos como espelhos, cristais ou fontes

Mito. Bel e Tef explicam que o Feng Shui não depende de objetos decorativos prontos. “Trabalhamos com posicionamento, layout, materiais, proporções e elementos da natureza. Esses itens são apenas complementos quando fazem sentido dentro do contexto do projeto”, diz Belisa.


Os cinco elementos da natureza são base do equilíbrio nos espaços

Verdade. Madeira, fogo, terra, metal e água são os cinco elementos usados para equilibrar a energia nos ambientes. “Usamos materiais, formas, cores e texturas associadas a esses elementos para criar ambientes mais harmônicos e funcionais”, explica Bel. A escolha deve respeitar tanto o uso do espaço quanto a personalidade dos moradores.


Só funciona em ambientes residenciais

Mito. A técnica é amplamente aplicável a escritórios, comércios, consultórios e até hospitais. “Já desenvolvemos projetos em empresas que queriam melhorar a fluidez das equipes, aumentar a lucratividade, atrair mais clientes, reforçar o senso de liderança…”, conta Estefânia. Segundo elas, cada função do espaço pode se beneficiar da aplicação consciente dos princípios do Feng Shui.


Pode ser integrado a qualquer estilo de projeto, do clássico ao contemporâneo

Verdade. Segundo as especialistas, o Feng Shui é uma metodologia que se adapta ao estilo do cliente. “Não existe uma estética obrigatória. A técnica está no raciocínio do projeto, e não na aparência final. É possível fazer um loft urbano ou uma casa de campo aplicando os mesmos princípios”, finaliza Estefânia.


Bel e Tef - Belisa Mitsuse (Bel) e Estefânia Gamez (Tef) são arquitetas formadas pela FAU Mackenzie que encontraram, na união entre técnica e espiritualidade, uma maneira inovadora de atuar no mercado. A amizade profissional das duas começou em um escritório de arquitetura, onde trabalharam lado a lado, e se transformou em uma parceria que culminou na criação do BTliê Arquitetura, em 2014. Inspiradas por sua ascendência japonesa e com uma curiosidade latente pela cultura oriental, Bel e Tef mergulharam no universo do Feng Shui, integrando seus conceitos aos fundamentos sólidos da arquitetura. Esse diferencial permitiu que a dupla desmistificasse práticas supersticiosas e trouxesse uma abordagem prática e transformadora para o mercado brasileiro, rompendo com a visão cética tradicional. Além dos projetos personalizados, voltados para promover harmonia e bem-estar, as sócias expandiram sua atuação com a criação do curso Projetando com Feng Shui, a primeira formação reconhecida pelo MEC nessa área. Com ele, impactaram não apenas a vida dos clientes, mas também a carreira de outros arquitetos e designers que buscam integrar propósito e técnica em seus projetos


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