Arquitetas explicam o que é e como essa técnica milenar chinesa pode melhorar a qualidade de vida em casa e no trabalho
Por muito
tempo, o Feng Shui foi associado a um universo esotérico e cercado de crenças
distorcidas — o que ainda afasta parte do público e até profissionais da
arquitetura e design de interiores. Mas a técnica milenar chinesa, que estuda
como o ambiente interfere na energia das pessoas, vem ganhando espaço em
projetos contemporâneos, com aplicação prática, lógica e mensurável.
As
arquitetas Belisa Mitsuse (Bel) e Estefânia Gamez (Tef), sócias do BTliê
Arquitetura, defendem que o Feng Shui é uma ferramenta de projeto tão relevante
quanto qualquer outro pilar técnico da arquitetura. “Trabalhamos com o espaço
como um campo de influência. A forma como ele é organizado pode favorecer ou
dificultar aspectos como bem-estar, produtividade e relacionamentos”, explica
Bel.
A seguir,
elas esclarecem alguns dos principais mitos e verdades que ainda cercam o tema:
Feng
Shui é misticismo ou religião?
Mito. Apesar de
frequentemente confundido com práticas esotéricas, o Feng Shui não tem qualquer
vínculo religioso. “É uma técnica milenar baseada em observação da natureza,
fluxos de energia, ventilação, luz e posicionamento”, afirma Tef. O objetivo é
promover equilíbrio entre as pessoas e os espaços que elas habitam.
Feng
Shui pode melhorar a qualidade do sono, da concentração e dos relacionamentos
Verdade.
A
organização dos ambientes influencia diretamente a rotina e o comportamento.
“Uma cama posicionada sem visão da porta, por exemplo, pode gerar insegurança e
interferir no descanso”, afirma Tef. O mesmo vale para mesas de trabalho
desalinhadas ou cozinhas que não favorecem a circulação.
É
preciso usar objetos específicos como espelhos, cristais ou fontes
Mito. Bel e Tef explicam
que o Feng Shui não depende de objetos decorativos prontos. “Trabalhamos com
posicionamento, layout, materiais, proporções e elementos da natureza. Esses
itens são apenas complementos quando fazem sentido dentro do contexto do
projeto”, diz Belisa.
Os
cinco elementos da natureza são base do equilíbrio nos espaços
Verdade.
Madeira,
fogo, terra, metal e água são os cinco elementos usados para equilibrar a
energia nos ambientes. “Usamos materiais, formas, cores e texturas associadas a
esses elementos para criar ambientes mais harmônicos e funcionais”, explica
Bel. A escolha deve respeitar tanto o uso do espaço quanto a personalidade dos
moradores.
Só
funciona em ambientes residenciais
Mito. A técnica é
amplamente aplicável a escritórios, comércios, consultórios e até hospitais.
“Já desenvolvemos projetos em empresas que queriam melhorar a fluidez das
equipes, aumentar a lucratividade, atrair mais clientes, reforçar o senso de
liderança…”, conta Estefânia. Segundo elas, cada função do espaço pode se
beneficiar da aplicação consciente dos princípios do Feng Shui.
Pode
ser integrado a qualquer estilo de projeto, do clássico ao contemporâneo
Verdade. Segundo as especialistas, o Feng Shui é uma metodologia que se adapta ao
estilo do cliente. “Não existe uma estética obrigatória. A técnica está no
raciocínio do projeto, e não na aparência final. É possível fazer um loft
urbano ou uma casa de campo aplicando os mesmos princípios”, finaliza Estefânia.
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