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| Estátua da Liberdade em New York Foto:reprodução |
Especialista revela os casos mais frequentes de negativa e alerta: erro de planejamento ou perfil incompatível pode custar a entrada no país
Desde o endurecimento das políticas migratórias nos Estados Unidos
iniciado no novo mandato do governo de Donald Trump, os critérios para obtenção
do visto de turismo se tornaram mais rigorosos. Apesar disso, o interesse dos
brasileiros em visitar o país permanece alto, dados recentes mostram que os EUA
é o quarto país mais buscado no Google para visto. No entanto, muitos têm suas
solicitações negadas ainda no consulado, ou são barrados na imigração mesmo com
visto aprovado.
Willian Hugucioni, Co-fundador da Semplice, startup que usa inteligência
artificial para análise de perfil e emissão de vistos, já acompanhou mais de 20
mil processos consulares e explica os principais motivos de recusa
identificados nos últimos meses.
Caso
1: Primeira viagem com estadia longa
Segundo Willian, esse é um dos principais gatilhos de alerta.
Quando a pessoa informa que vai passar muitos dias ou até meses nos EUA,
especialmente sendo a primeira viagem internacional, a negativa é quase certa.
Ele relembra o caso de uma mulher que pretendia ficar sete dias, mas levava
roupas para um mês inteiro. “A passagem era de ida e volta em uma semana, mas a
mala estava cheia como se fosse morar lá. Ela foi parada na imigração por causa
disso”, explica.
Caso
2: Renda incompatível com roteiro e duração
Problemas financeiros são a segunda maior causa de recusa de
vistos. Viajar para destinos como Nova York, Califórnia ou Las Vegas exige
planejamento financeiro consistente com o tempo de estadia. O erro mais comum,
segundo o especialista é, por exemplo, a pessoa ganhar R$ 3 mil a R$ 6 mil por
mês, sem nenhuma reserva financeira e declarar que vai ficar 15 dias nesses
lugares. “Só isso já levanta suspeita de que ela não conseguirá se manter ou
que pretende trabalhar ilegalmente por lá”, diz Willian.
Caso
3: Preenchimento incorreto ou inflado do DS-160
Outro motivo recorrente de negativas está no formulário DS-160,
que precisa refletir com exatidão a realidade do solicitante. “Já vimos gente
declarar renda mensal de R$ 50 mil, mas ao analisarmos o IR, o rendimento médio
era de R$ 20 mil, vindos de lucro de empresa. Os outros R$ 30 mil não eram
comprováveis”, explica. Isso levanta suspeita de má-fé ou tentativa de burlar o
sistema. A recomendação é que apenas rendas que possam ser comprovadas com
documentos oficiais sejam declaradas, mesmo que a pessoa possua outras fontes
de renda.
Caso
4: Parentes com histórico de imigração ilegal
Ter um parente de primeiro grau que entrou e permaneceu
ilegalmente nos EUA ou no Canadá pode afetar o seu pedido, mesmo que não esteja
escrito em nenhum lugar. Willian relata o caso de um gerente de empresa, com
bons rendimentos e bens em seu nome, que teve o visto negado três vezes. A
provável razão: sua irmã havia entrado no Canadá com visto de estudante e vive
ilegalmente lá há três anos. “Eles entendem que, se alguém da sua família
conseguiu se estabelecer ilegalmente, você pode tentar fazer o mesmo caminho”,
explica.
Caso
5: Falta total de vínculos com o Brasil
Quem não estuda, não tem emprego fixo, imóvel, carro, filhos ou
qualquer outra amarra no Brasil entra diretamente no perfil de possível
imigrante ilegal para eles. “Esse é o tipo de perfil que eles mais captam:
jovem, sem vínculo, desiludido com o Brasil e querendo tentar a vida nos EUA.
Se essa pessoa ainda não tem nenhuma viagem anterior, vai sozinha e o destino é
os Estados Unidos, a chance de negativa é altíssima”, afirma Willian.
O especialista explica que, ainda que as políticas sejam duras e
por vezes injustas, a própria Semplis recusa assessorar casos que podem ser
enquadrados como tentativa de imigração. “Quando a gente percebe que a pessoa
quer um visto de turismo, mas na verdade está querendo imigrar ilegalmente, a
gente já não faz o processo. Porque cobrimos os custos de clientes que foram
negados, para tentar de novo e nesses casos, é perda certa. Se eles acharem que
a pessoa vai imigrar, mesmo que ela não tenha nenhuma intenção disso, eles
negam”.

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