segunda-feira, 30 de junho de 2025

Com poucos profissionais, psiquiatria da infância e adolescência enfrenta desafios no Brasil

 

Dados do estudo Demografia Médica mostram que existem 827 psiquiatras da infância e adolescência certificados no país; oferta de cursos lato sensu contribui para suprir lacuna na qualificação médica e ampliar o cuidado especializado a crianças e adolescentes
 

O Brasil conta atualmente com 6,69 psiquiatras por 100 mil habitantes, número abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), estimada em cerca de 14 profissionais para a mesma população. Os dados são do estudo Demografia Médica no Brasil 2025, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e o Ministério da Saúde. 

Dentro desse cenário, a psiquiatria da infância e adolescência, subespecialidade que requer formação complementar, enfrenta obstáculos adicionais. De acordo com o Dr. Marcelo Generoso, médico e coordenador da Pós-Graduação em Psiquiatria da Infância e Adolescência da Afya Educação Médica em São Paulo, o número de vagas para residência médica nessa área ainda é restrito e concentrado regionalmente, dificultando o acesso à formação especializada. “Além disso, é uma área que exige competências específicas, como a habilidade de dialogar com crianças, adolescentes, famílias e instituições escolares, o que pode gerar insegurança para profissionais que não passaram por uma formação adequada”, explica o especialista.
 

Mais de 1 milhão de crianças e adolescentes dentro do Espectro Autista no país

A carência de profissionais qualificados é ainda mais crítica diante do aumento dos diagnósticos de transtornos do neurodesenvolvimento. Segundo o Censo 2022, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 1 milhão de crianças e adolescentes brasileiros entre 0 e 14 anos foram diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A maior prevalência ocorreu na faixa etária de 5 a 9 anos (2,6%), seguida pelas de 0 a 4 anos (2,1%) e de 10 a 14 anos (1,9%). 

O diagnóstico precoce é um fator decisivo para o desenvolvimento e a qualidade de vida dessas crianças. “Sabemos que intervenções precoces, especialmente aquelas voltadas ao desenvolvimento de habilidades sociais e comunicativas, são determinantes para o prognóstico do TEA. A atuação de profissionais capacitados é essencial para garantir abordagens baseadas em evidências e ajustadas às necessidades individuais”, destaca o Dr. Marcelo Generoso. 

Além do TEA, transtornos como TDAH, ansiedade e depressão também são frequentes na infância e adolescência, exigindo avaliação e acompanhamento especializados. “Esse é um período crítico de formação emocional, social e cognitiva. Quando transtornos não são identificados e tratados precocemente, os prejuízos podem se agravar”, acrescenta. 

Os cursos de pós-graduação lato sensu têm se consolidado como uma alternativa viável para médicos que desejam se qualificar na área de psiquiatria da infância e adolescência. Com 20 unidades em todo o país, a Afya Educação Médica oferece atualmente mais de 70 cursos de pós-graduação, com destaque para os programas em psiquiatria e psiquiatria da infância e adolescência. Além da qualificação técnica, esses cursos também geram impacto social relevante: somente em 2024, as unidades da Afya realizaram cerca de 50 mil atendimentos médicos gratuitos, dos quais aproximadamente 10% foram de crianças e adolescentes.


Afya
Mais informações em Link e ir.afya.com.br.



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