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Vivemos em uma era onde o conteúdo não precisa
fazer sentido, só precisa gerar reação. O algoritmo premia o que movimenta. E o
diferente, o desconfortável, o “bizarro” encaixa perfeitamente nesse jogo.
Influenciadores que zombam dos reborns, mas depois publicam stories com suas
versões reborn são exemplos claros do que a web se tornou: um ciclo onde até a
crítica vira capital simbólico.
O que pouca gente percebe é que os reborns se
tornaram uma desculpa coletiva para alimentar a conversa digital. O feed virou
praça pública, e todo mundo quer palco. Os influenciadores que criticam com
escárnio estão, na prática, criando seus próprios reborns digitais: conteúdos
emocionalmente exagerados, visualmente apelativos, que servem para gerar o
mesmo efeito: atenção.
Há um padrão silencioso por trás disso: quanto mais
algo divide opiniões, mais engaja. E numa cultura guiada pelo contextom, onde o
que importa é o que está no centro do radar coletivo, todos querem surfar a
onda do que viraliza. Mesmo que seja algo que há dois dias julgavam como
“patético”. O curioso é que o “estranho” só se torna estranho quando chega
perto demais da normalidade. E nesse ponto, o reborn revela mais sobre o mundo
de fora do que sobre quem o segura no colo.
A verdade é que em um mundo onde o conteúdo é
moeda, qualquer comportamento vira commodity, desde que gere conversa. E o mais
fascinante é observar como até os julgamentos mais “éticos” são editados,
roteirizados, otimizados para viralizar. O diferente é útil. A bizarrice,
rentável. E o engajamento, soberano.
No fundo, o que vivemos é uma nova forma de
narrativa pública: os reborns não são os protagonistas, são os gatilhos. E nós,
os consumidores emocionais, estamos mais preocupados em performar opinião do
que em entender contexto. O desconforto virou entretenimento. E a crítica, um
modelo de influência disfarçado de lucidez.
Enquanto alguns adotam reborns de silicone, outros
adotam reborns simbólicos no feed: conteúdos que parecem ridículos, mas servem
perfeitamente para ganhar relevância. Porque no final das contas, o que
viraliza não é o que faz sentido e sim o que todo mundo comenta. E cada um quer
seu lugar nessa roda.
Seja como mãe de boneco, seja como juiz do absurdo,
seja como alimentador do algoritmo. O estranho só é estranho… até virar útil.

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