Movimento slow
food ganha força no país e resgata o prazer de comer com calma, presença e
significado
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Em uma sociedade cada vez mais acelerada, parar
para comer com calma virou um verdadeiro ato de resistência. Uma pesquisa
recente da Kantar, divulgada em 2024, mostra que 67% dos brasileiros afirmam
buscar uma alimentação mais consciente — e isso vai muito além do que está no
prato. Trata-se de um desejo crescente de retomar o controle do próprio tempo,
valorizando momentos simples como sentar à mesa com a família, cozinhar em casa
ou saborear uma refeição sem pressa.
Esse novo olhar para a relação com a comida tem
nome: slow food. Criado na Itália como resposta à cultura do fast food, o
movimento tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil, especialmente entre
pessoas que desejam desacelerar e reconectar-se com hábitos mais saudáveis e
afetivos. É o retorno ao básico, ao que é feito com carinho, ao prazer de
cozinhar junto, de ouvir histórias durante o jantar, de transformar a refeição
em um ritual.
“O slow food fala sobre o tempo e o vínculo. Comer
bem não é só sobre nutrição — é sobre presença, memória e afeto”, afirma
Gabriel Alberti, fundador da rede de culinária italiana Itália no Box. Embora
tenha criado uma marca voltada para a conveniência, ele explica que o
compromisso com a autenticidade e o preparo cuidadoso é inegociável: “É
possível ser prático sem abrir mão do sabor de verdade e da comida com alma”.
Para ele, mesmo no dia a dia corrido das cidades, é possível incorporar esses
valores com escolhas mais conscientes: “A comida de verdade, feita com respeito
ao ingrediente e às pessoas, sempre toca quem está do outro lado do balcão.”
Esse movimento também dialoga com outras
transformações de comportamento. A busca por saúde emocional, por mais
qualidade de vida e por rotinas menos exaustivas tem levado muitas pessoas a
repensarem seus hábitos à mesa. Trocar a pressa por pausas, o celular por
conversas, o excesso por equilíbrio.
A própria estrutura de restaurantes e marcas tem
mudado para atender esse público que não quer só comer — quer viver a
gastronomia. Menus enxutos, feitos na hora, opções artesanais e ambientes mais
acolhedores são cada vez mais comuns. Até mesmo no delivery, a busca por
refeições com cara de “feito em casa” vem ganhando espaço.
Em um mundo em que tudo acontece em velocidade
acelerada, o ato de comer com calma tornou-se mais do que uma escolha
gastronômica — é uma forma de autocuidado e de se reconectar com o que
realmente importa.
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