Professora de
Nutrição explica as bebidas levam uma série de compostos artificiais para
compensar o sabor, incluindo níveis significativos de sódio
O aumento da fabricação e do consumo dos chamados
refrigerantes zero açúcar vem sendo impulsionado ao longo dos últimos anos no
Brasil. No ano passado, quase 515,9 milhões de litros da marca líder de mercado
foram consumidos no Brasil, o que representa um aumento de 28,9% em relação ao
ano anterior. Já de acordo com dados de 2020, as empresas fabricantes de
bebidas gaseificadas sem açúcar tiveram um lucro superior a R$ 63 bilhões.
O lançamento de novas marcas e variadas marcas, das
pequenas às multinacionais, atendem principalmente às demandas de pessoas com
diabetes ou mesmo as que não têm a doença, mas buscam diminuir ou eliminar o
consumo de açúcar, com foco no emagrecimento. O aumento da procura pelos zero açúcar é associado a
fatores que vão da preocupação com a saúde e controle de peso até a divulgação
desse tipo de produto pelos fabricantes, que os relacionam com um estilo de
vida mais saudável.
A professora Bruna Nabuco Siqueira, do curso de
Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), atribui o crescimento a mais
fatores, como a popularização de dietas com baixo teor de açúcar, o
aperfeiçoamento de bebidas adoçadas que não deixam o sabor residual e o
desenvolvimento de adoçantes de alta intensidade, como stevia, sucralose e
eritritol. “Em sua grande maioria, os refrigerantes são combinações de água,
gás carbônico, corantes, aromatizantes, ácidos, além de adoçantes artificiais,
podendo conter variações a depender do tipo e do fabricante. São ausentes de
açúcares, porém, para alcançar a doçura semelhante a versão tradicional,
utiliza-se adoçantes artificiais ou naturais de alta intensidade, que possuem
poucas ou nenhuma caloria”, detalha.
Com isso, estes tipos de refrigerante são
formulados para oferecer um sabor semelhante ao de suas versões tradicionais,
mas sem a adição de açúcares, o que não traz nenhum impacto para a glicemia e
para o controle do diabetes. Mas, de acordo com a professora, a ausência do
açúcar não significa necessariamente que a bebida seja “mais saudável”, pois
existem outros componentes que exigem uma maior atenção do consumidor e que, em
excesso, podem ser igualmente prejudiciais à saúde.
“Embora os refrigerantes zero açúcar não contenham
açúcares, eles ainda podem conter níveis significativos de sódio. Algumas
versões chegam a ter mais que o dobro de sódio em comparação aos refrigerantes
comuns. Além disso, o consumo excessivo de refrigerantes zero açúcar pode estar
associado a efeitos adversos, como a diminuição da absorção de nutrientes
essenciais, incluindo o cálcio, devido à presença de certos ácidos em sua
composição”, acrescenta Bruna.
Emagrece ou não?
A estratégia de usar os refrigerantes zero açúcar como um auxílio para
perda de peso nas dietas, adotadas principalmente por praticantes de esportes,
não é considerada muito eficiente. Bruna considera que essas bebidas “podem
auxiliar na perda de peso em certos contextos, mas isoladamente o seu efeito no
emagrecimento é pequeno”. Por isso, a recomendação é de que o consumo seja
reduzido ou eliminado gradualmente dos hábitos alimentares.
“Não existe um alimento isolado que ajude no
emagrecimento. A alimentação que ajuda a perder peso está inserida em um
contexto de estilo de vida saudável que adote o consumo de alimentos em sua
maioria in natura ou minimamente processados, e que evite ao máximo o consumo
de alimentos ultraprocessados, mesmo que sejam zero açúcares, uma vez que
possuem outras substâncias que não contribuem para um estilo de vida saudável”,
orienta a professora, referindo-se principalmente aos refrigerantes”, diz
Bruna, sugerindo a adoção de opções mais naturais e nutritivas, como água com
gás com limão, chá gaseificado natural (também chamado de kombucha), sucos e outros
chás naturais.
Essa transição, no entanto, pode ser feita sem
pressa e sem radicalismos. “Reduzir a quantidade de refrigerante zero que
costuma consumir é o primeiro passo, eliminando o consumo no dia a dia e
restringindo apenas em ocasiões especiais.Quanto menos adoçantes consumir, mais
fácil será gostar de bebidas naturais. O segredo é fazer a transição de forma
consciente e prazerosa, sem radicalismo. Você pode continuar gostando de
refrigerantes, mas sem depender deles diariamente”, conclui a professora, que
deixa as seguintes dicas:
- Não precisa eliminar totalmente refrigerantes e
ultraprocessados, mas sim reduzir e controlar a frequência.
- Priorize comida natural no dia a dia, reservando
os processados para momentos específicos.
- Faça substituições aos poucos para reduzir o
impacto negativo desses alimentos.
Os refrigerantes zero açúcar tem sido muito procurados pelo público, por serem associados à substituição do açúcar e a estratégias de emagrecimento (Agência Brasil)
Bruna Nabuco Siqueira - Nutricionista formada pela universidade federal da Bahia, especialista em nutrição clínica com ênfase em pediatria pela UFBA, professora preceptora da Unit
Universidade Tiradentes
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