O Abril Verde não é apenas um mês de conscientização, é um marco simbólico que nos lembra de que vidas estão em risco todos os dias e que temos o dever de agir. É um chamado para uma causa urgente e inadiável: a saúde e a segurança dos trabalhadores.
A campanha nasceu da dor de uma tragédia — a
explosão em uma mina nos Estados Unidos, em 28 de abril de 1969, que tirou a
vida de 78 trabalhadores. Desde então, a data foi adotada pela Organização
Internacional do Trabalho (OIT) como o Dia Mundial da Segurança e Saúde no
Trabalho. No Brasil, esse momento se tornou ainda mais simbólico com a
instituição do Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho,
pela Lei nº 11.121/2005.
Como empresa que atua diretamente com vítimas de
acidentes laborais, sabemos o quanto é doloroso e desafiador acompanhar a vida
de trabalhadores que tiveram sua trajetória profissional e pessoal interrompida
por falhas que poderiam (e deveriam) ter sido evitadas. A prevenção de
acidentes não é apenas uma exigência legal, mas um ato de respeito à vida.
Somente em 2022, o Brasil registrou mais de 612 mil
acidentes de trabalho, com 2.538 mortes, segundo dados do Observatório de
Segurança e Saúde no Trabalho. Esses números são mais do que simples
estatísticas — são vidas interrompidas, famílias desestruturadas, histórias que
não deveriam ter sido interrompidas tão cedo.
A cultura de segurança precisa estar no DNA das
organizações. Isso começa com a educação contínua, passa pelo uso correto e
obrigatório de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e se consolida com a
participação ativa de líderes e gestores na rotina de segurança.
Infelizmente, ainda vemos empresas tratando a
segurança como um item burocrático, algo a ser "resolvido no papel".
Esse comportamento coloca em risco não só os colaboradores, mas também a
própria sustentabilidade do negócio. Acidentes geram afastamentos, ações
judiciais, indenizações, além de manchar a reputação corporativa.
Além disso, é necessário lembrar que os riscos não
são apenas físicos. O adoecimento mental causado pelo estresse, ansiedade,
assédio moral e pressão excessiva também deve ser central nas políticas de
saúde do trabalho. A saúde mental é um direito, e o ambiente corporativo
precisa ser mais humano e acolhedor.
Outro ponto importante, porém pouco divulgado, é o
direito do trabalhador de recusar tarefas que ofereçam risco iminente à sua
vida ou integridade, conforme previsto na NR-1 do Ministério do Trabalho. Cabe
às empresas não apenas respeitar esse direito, mas garantir que ele seja conhecido
e respeitado no ambiente de trabalho.
Quando um acidente acontece, o acompanhamento e
apoio ao trabalhador são indispensáveis. Isso inclui o devido preenchimento da
Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), o acesso ao auxílio-doença
acidentário (B91) e a garantia da estabilidade no emprego por 12 meses após a
alta médica. O colaborador precisa se sentir amparado nesse momento tão
difícil.
Por fim, a construção de uma cultura de prevenção
começa com uma liderança comprometida, capacitação constante, mapeamento e
mitigação de riscos reais, além do engajamento de todos, da base ao topo da
hierarquia.
Transformar o ambiente de trabalho em um espaço
seguro, saudável e digno é uma responsabilidade de todos nós, é um compromisso
coletivo. Vamos fazer do Abril Verde um ponto de partida para que, ao longo de
todo o ano, cada trabalhador volte para casa com saúde e com segurança.
Caroline Alves - Head de Planejamento da DS Beline
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