Desde cedo, somos ensinadas a correr atrás de algo: ser melhores mulheres, esposas, mães, filhas, profissionais. A sensação de nunca ser suficiente nos acompanha, impondo uma busca constante por uma perfeição inalcançável. Por isso, é fundamental dar visibilidade a um tema essencial: a saúde mental feminina.
A saúde mental não existe de forma isolada
– ela é influenciada por determinantes sociais, como acesso à educação,
moradia, trabalho e cultura. Quando falamos da saúde mental das mulheres,
algumas questões estruturais precisam ser priorizadas. Os dados evidenciam essa
realidade:
- Sete em cada dez pessoas diagnosticadas com depressão ou
ansiedade no Brasil são mulheres, segundo
o relatório “Esgotadas”, da Think Olga.
- Em 2019, cerca de 49 milhões de brasileiros viviam com algum
transtorno mental, sendo 53% mulheres (IHME).
- Segundo a OMS, as mulheres têm maior risco de desenvolver
ansiedade e depressão em comparação aos homens.
O que é carga mental feminina?
A carga mental feminina refere-se ao conjunto de tarefas domésticas e responsabilidades familiares que recaem desproporcionalmente sobre as mulheres – de forma não reconhecida e não remunerada. Esse trabalho invisível mantém a mente das mulheres em constante atividade.
Enquanto os homens dedicam, em média, 11 horas semanais ao cuidado de terceiros, as mulheres dedicam 21,4 horas – quase o dobro. Esse fardo tem impacto direto na saúde mental feminina. Mas, diante de tantas pressões, quem cuida das mulheres?
A boa notícia é que muitas mulheres
estão mais atentas à sua saúde mental. Algumas buscam apoio na psicoterapia
(22%), enquanto outras enfrentam dificuldades de acesso, seja pelo custo (49%)
ou pela falta de recursos acessíveis (29%).
Pilares da Saúde Mental Feminina
Podemos pensar a saúde mental a partir
de três pilares fundamentais: prevenção, percepção e tratamento.
Prevenção:
- Alimente-se bem e cuide do sono.
- Tenha uma rotina equilibrada, reservando momentos para o
autocuidado.
- Cultive relacionamentos saudáveis e atividades prazerosas.
- Pratique a autocompaixão.
Percepção:
- Observe sentimentos e emoções.
- Questione-se: "Como estou me sentindo?".
- Identifique sinais de alerta, como tristeza excessiva,
irritabilidade e cansaço extremo.
Tratamento:
- Terapia: Auxilia na compreensão e no
enfrentamento dos sentimentos.
- Psiquiatria: Quando necessário, acompanhamento
médico e uso de medicação sob orientação profissional.
- Atividades relaxantes: Meditação, exercícios físicos e
hobbies.
- Alimentação equilibrada: Contribui para
o bem-estar emocional.
Buscar ajuda não é fraqueza – é um ato
de coragem e autocuidado. Cuidar da saúde mental feminina é um compromisso
coletivo. É preciso avançar na construção de um ambiente mais justo, onde as
mulheres tenham acesso a apoio, tempo para si mesmas e liberdade para viver sem
a pressão da perfeição. Reconhecer as próprias necessidades e buscar equilíbrio
não é egoísmo – é um passo essencial para uma vida mais saudável. Afinal,
mulheres que se cuidam também transformam o mundo ao seu redor.
Juliana Dimário - Diretora de Pessoas e Cultura da CBYK Consultoria e Seastorm Ventures, com certificação Internacional em Psicologia Positiva pelo WholeBeing Institute, Chief Hapiness Officer (CHO) pelo Instituto Feliciência, Colunista no RH Portal, com MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas, e graduação em Comunicação Social pela Universidade Metodista. Profissional voltada a Cultura Organizacional, Bem-estar e Comunicação Corporativa, com mais de 15 anos de experiência atuando em empresas de grande porte e multinacionais, na área de engajamento e clima organizacional, branding, jornada de cliente, comunicação corporativa e marketing de produtos.
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