O setor de moda no Brasil, reconhecido por sua vitalidade e
criatividade, enfrenta uma série de desafios que exigem adaptação e inovação. A
globalização e a digitalização ampliaram as possibilidades, mas também
impuseram novas complexidades ao mercado.
De acordo com um estudo
da Wake, que mostra um dado da SBVC, o segmento
de moda, calçados e artigos esportivos faturou R$ 92,5 bilhões em 2023,
representando 8,2% das receitas das 300 maiores empresas do varejo brasileiro.
Um estudo da Opinion Box indica que o Brasil ocupa a 9ª posição no mercado
global de moda e acessórios, com 46% dos consumidores gastando entre R$ 100 e
R$ 300 mensais na categoria e 66% preferindo compras online. A demanda por uma
experiência de compra fluida e integrada cresce, mas, de acordo com o Relatório
Varejo 2024 da Adyen, 63% dos clientes esperam poder comprar online e devolver
na loja física, enquanto 56% desejam alternar entre os canais de venda, algo que
60% das empresas ainda não oferecem de forma eficiente.
A concorrência se intensifica com a entrada de marcas
internacionais e a expansão do comércio digital. O aumento da taxação de
importados trouxe um novo equilíbrio competitivo para as empresas nacionais,
mas a diferenciação é essencial para garantir relevância. Nesse cenário, o
marketing de influência e a aposta em qualidade superior têm sido estratégias
eficazes para atrair consumidores dispostos a investir em produtos
diferenciados.
Além disso, há alguns outros fatores determinantes para o sucesso
das empresas, como os gastos operacionais. Desde a aquisição de matéria-prima
até a logística reversa, a gestão eficiente dos custos é crucial para manter a
lucratividade. Com um mercado cada vez mais exigente, a digitalização da cadeia
de suprimentos e o uso de análise de dados são diferenciais competitivos.
A logística também se apresenta como um desafio constante. O
Brasil, devido à sua extensão territorial, ainda enfrenta dificuldades
estruturais. O aumento dos investimentos em infraestrutura pode melhorar esse
cenário, mas as empresas precisam se preparar para otimizar seus processos,
principalmente no e-commerce, onde prazos curtos são fundamentais.
Diante desses desafios, algumas tendências se destacam como
oportunidades para o setor:
- Automação e Inteligência
Artificial (IA): ferramentas
como robótica para controle de estoque e atendimento automatizado ao
cliente aumentam a eficiência operacional e melhoram a experiência de
compra;
- Análise de dados: a coleta e uso estratégico de dados permitem previsões mais
precisas, personalização de ofertas e campanhas de marketing mais
eficazes;
- Novos meios de pagamento: o PIX, já utilizado
por 76,4% da população brasileira, segundo o Banco Central, se consolida como a forma de pagamento mais popular,
superando cartões e dinheiro. Além disso, modelos de pagamentos invisíveis
– que são realizados de forma automática ou recorrente, como os utilizados
pela Uber, por exemplo, eliminam a necessidade de interação direta do
usuário, tornando o processo ainda mais fluido e eficiente;
- Social Commerce: plataformas como WhatsApp, Instagram e TikTok, tendências já
consolidadas na China, por exemplo, para vendas diretas já é uma realidade
e continuará crescendo, reforçado pelo papel dos influenciadores digitais;
- Sustentabilidade: a rápida rotatividade de tendências, característica do ultra
fast fashion, levanta questões sobre o impacto ambiental e a
sustentabilidade. Com consumidores cada vez mais conscientes, práticas
como economia circular e produção sustentável serão diferenciais
importantes para a fidelização do público e a valorização da marca.
A adoção de modelos de economia circular, reutilização de materiais e tecnologias como inteligência artificial e blockchain traz maior eficiência e transparência à cadeia produtiva. Essas iniciativas não apenas atendem às demandas dos consumidores conscientes, mas também reforçam a competitividade das marcas no mercado.
O varejo de moda brasileiro vive um momento de transformação. A compreensão aprofundada das tendências de consumo e a implementação de estratégias inovadoras são fundamentais para o crescimento sustentável e a consolidação das marcas no novo cenário do setor.
André Viana - Diretor comercial da Wake
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