Março é o mês de
conscientização da endometriose • Doença potencializa em 35% as chances de
infarto e 20% o risco de AVC, revela estudo
A endometriose é uma doença ginecológica crônica
que atinge muitas mulheres em idade reprodutiva. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), a Endometriose afeta atinge cerca de 190 milhões de
mulheres em todo o mundo. Somente no Brasil, a doença afeta mais de 7 milhões.
É caracterizada pelo crescimento do tecido semelhante ao endométrio (camada que
reveste o útero) fora do órgão, podendo atingir ovários, trompas de falópio,
intestino e outros órgãos da pelve ou mesmo fora dela.
O Dr. Walter Pace, Professor Doutor em Ginecologia e
Titular da Academia Mineira de Medicina,
explica que a endometriose é uma doença evolutiva e o diagnóstico tardio pode
trazer complicações para a mulher. “À medida que a doença vai se agravando,
pode causar lesões e acometer outras áreas, tais como os nervos da região
pélvica, a bexiga, o intestino, e pode, inclusive, afetar regiões à distância,
a exemplo do pericárdio e do diafragma”, revela o médico.
Um estudo realizado no Hospital Rigshospitalet da
Universidade de Copenhague, na Dinamarca, com dados de mais de 300 mil
mulheres, revelou que a endometriose aumenta em 35% o risco de infarto e em 20%
a probabilidade de acidente vascular cerebral (AVC). Os resultados foram
apresentados no Congresso Europeu de Cardiologia (ESC 2024).
Sintomas
Os sintomas da endometriose podem se manifestar de
forma diferente em cada mulher, mas alguns sinais são recorrentes. Entre os
mais comuns estão dores intensas durante a menstruação, desconforto durante a
relação sexual, alterações no funcionamento intestinal e urinário, cansaço,
fadiga, inchaço abdominal, entre outros. Além disso, a doença é uma das
principais causas de infertilidade.
A importância do diagnóstico
precoce
O diagnóstico da endometriose pode ser um desafio,
e, na maioria dos casos, envolve uma combinação de fatores: avaliação clínica
direcionada, exames laboratoriais, ultrassonografia transvaginal e ressonância
magnética. Após o diagnóstico clínico e por imagem, a laparoscopia
(procedimento cirúrgico feito na região do abdômen) auxilia na confirmação da
doença, tendo a função de eliminá-la.
O atraso em detectar a endometriose pode levar a
complicações sérias, como o comprometimento de órgãos vizinhos e à distância.
Ademais, o impacto emocional e psicológico da dor crônica pode comprometer
significativamente na qualidade de vida da mulher. Por isso, é importante
buscar ajuda de um especialista ao primeiro sinal de anormalidade.
“Existe uma normatização de sintomas da mulher,
como cólica, dor da menstruação e dores abdominais. E quando a maioria
dessas pacientes têm essas queixas, elas não procuram o especialista em
endometriose, procuram outros médicos, que nem sempre conseguem diagnosticar
doença. E essa espera pode ocasionar sérios problemas à paciente”, revela o Dr.
Pace.
Tratamento
O tratamento da endometriose depende da situação e
dos sintomas apresentados. Dentre as principais abordagens estão o uso de
medicamentos hormonais, analgésicos e anti-inflamatórios, cirurgia
laparoscópica e mudanças no estilo de vida. Há também substâncias (fármacos
hormônios) que tratam de maneira bem eficaz a doença, a exemplo dos implantes
de nestorone e da gestrinona – que devem ser utilizados somente sob prescrição
médica.
Do ponto de vista cirúrgico, a medicina tem
apresentado avanços significativos. O Dr. Walter Pace menciona técnicas como a
Víideolaparoscopia 3 D, que corresponde a um sistema de imagens que oferece uma
visão mais nítida da anatomia do paciente, e até mesmo robôs que auxiliam os
médicos durante as cirurgias, com melhores resultados em relação à extirpação
completa da doença.
A endometriose não tem cura definitiva, mas com
acompanhamento adequado e tratamento individualizado, é possível controlar os
sintomas e proporcionar bem-estar às mulheres.
Dr. Walter A. P. Pace – Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, Mestrado em Reprodução Humana – Assistant Ètranger pela Universidade Paris V René Descarte e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor-Doutor e Coordenador Geral da Pós Graduação de Ginecologia Minimamente Invasiva da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais – Titular da Academia Mineira de Medicina – Vice Presidente do PHD Pace Hospital. Médico do Centro de Endometriose do Hospital Santa Joana/SP.
https://www.instagram.com/dr.walterpace/?hl=pt-br
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