Queda de
16,8% no Índice de Confiança do Consumidor revela preocupação com o futuro da
economia com juros elevados e incertezas fiscais
Pressões da
inflação continuam retendo o orçamento familiar e dificultando o consumo,
principalmente a longo prazo. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC)
de fevereiro, pesquisa realizada pela Federação do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), registrou queda
de 12,8% em relação ao mesmo mês de 2024, atingindo 120,3 pontos, e
evidenciando esse pessimismo [gráfico 1].
[GRÁFICO
1]
ÍNDICE DE CONFIANÇA DO CONSUMIDOR (ICC)
12 meses
Fonte: FecomercioSP.
O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de fevereiro, pesquisa também realizada pela FecomercioSP, que reflete a percepção e a intenção de consumo no comparativo mensal, registrou queda de 3,9% em relação ao mesmo período de 2024, atingindo 109,8 pontos [gráfico 2]. Embora os índices permaneçam acima da linha de pessimismo (100 pontos) — a escala de pontuação varia de 0 (pessimismo total) a 200 pontos (otimismo total) —, essa retração anual indica uma deterioração no sentimento das famílias em relação ao consumo a longo prazo.
[GRÁFICO
2]
ÍNDICE DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
12 meses
Fonte: FecomercioSP.
De acordo com a
Federação, os resultados podem ser atribuídos à política monetária restritiva
adotada pelo Banco Central do Brasil, que elevou a taxa Selic para 13,25% em
janeiro de 2025 — postura que tem o objetivo de combater a inflação, que
atingiu 4,56% em janeiro, com previsão de alcançar 5,2% em 2025. Intervenções
cambiais ajudaram a valorizar o real, o que pode aliviar pressões
inflacionárias sobre produtos importados.
Além disso, o ICF
é influenciado por fatores sazonais, como os gastos com IPVA, IPTU, matrícula e
material escolar, e a elevação dos juros vem potencializando os resultados
negativos.
Os componentes do
ICF que se mantiveram estáveis são Perspectiva Profissional (0,5%) e Renda
Atual (1,2%), mostrando uma percepção mais positiva em relação à renda e às
oportunidades profissionais. No entanto, os demais itens registraram resultados
negativos no comparativo interanual [tabela 1].
As famílias com
renda até 10 salários mínimos apresentaram queda de 4,8%, atingindo 106 pontos.
As maiores reduções foram observadas em Momento para Duráveis (-10,5%), Nível
de Consumo Atual (-11,3%), Perspectiva de Consumo (-9,2%) e Acesso a Crédito
(-9%), demonstrando maior vulnerabilidade.
[TABELA
1]
ÍNDICE DE INTENÇÃO DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS (ICF)
Janeiro de
2024 a janeiro de 2025
Fonte:
FecomercioSP.
Também
demonstraram pessimismo, as famílias com renda superior a 10 salários mínimos,
com o indicador registrando queda de 1,6% (121 pontos) em comparação a
fevereiro de 2024, e de 2,4% em relação a janeiro de 2025. Embora menos
dependentes de crédito e com maior capacidade de poupança, essas famílias
mostram-se incertas quanto ao cenário econômico de longo prazo.
O Índice das Condições
Econômicas Atuais (ICEA) do ICC, que mede a percepção dos consumidores sobre o
momento presente, registrou queda de 5,8% em comparação com fevereiro de 2024,
atingindo 118,2 pontos. No comparativo mensal, o ICEA registrou queda de 3,3%.
Os únicos componentes do índice a registrarem resultados positivos foram
Consumidores com Renda Acima de 10 Salários Mínimos (+0,1%) e Mulheres (+1,1%).
Contudo, o Índice de Expectativas do Consumidor (IEC) foi o principal
responsável pela queda do ICC, recuando 16,8% no comparativo anual, alcançando
122 pontos.
As famílias,
principalmente as de baixa renda, estão enfrentando desafios estruturais com a
alta da inflação em itens essenciais, como alimentos e serviços básicos. Por
isso, a recomendação da Entidade é que mantenham o planejamento financeiro
combinado à busca por alternativas de poupança e investimento, o que é
essencial para enfrentar as incertezas econômicas. Para as empresas, a
orientação é focar em estratégias operacionais, digitalização de processos e
diversificação de portfólios, o que será fundamental, já que a inovação e a
sustentabilidade serão diferenciais importantes, especialmente para empresas
voltadas ao mercado externo.
Notas
metodológicas
ICF
O Índice de Intenção de
Consumo das Famílias (ICF) é apurado mensalmente pela FecomercioSP, desde
janeiro de 2010, com dados de 2,2 mil consumidores no município de São Paulo. O
ICF é composto por sete itens: Emprego Atual; Perspectiva Profissional; Renda
Atual; Acesso ao Crédito; Nível de Consumo; Perspectiva de Consumo; e Momento
para Duráveis. O índice vai de zero a 200 pontos, sendo que abaixo de cem
pontos é considerado insatisfatório, e acima de cem pontos, satisfatório. O
objetivo da pesquisa é ser um indicador antecedente de vendas do comércio,
tornando possível — a partir do ponto de vista dos consumidores e não por uso
de modelos econométricos — que seja uma ferramenta poderosa para o varejo, para
os fabricantes, para as consultorias, assim como para as instituições
financeiras.
ICC
O Índice de Confiança
do Consumidor (ICC)
é apurado mensalmente pela FecomercioSP, desde 1994. Os dados são
coletados junto a aproximadamente 2,1 mil consumidores no município de São
Paulo. O objetivo é identificar o sentimento dos consumidores, levando em
consideração suas condições econômicas atuais e suas expectativas quanto à
situação futura. Esses dados são segmentados por nível de renda, sexo e idade.
O ICC varia de zero (pessimismo total) a 200 (otimismo total). Sua composição,
além do índice geral, inclui o Índice das Condições Econômicas Atuais (ICEA)
e o Índice das Expectativas do Consumidor (IEC). Os dados da pesquisa
servem como um balizador para decisões de investimento e para formação de
estoques por parte dos varejistas, bem como para outros tipos de investimento
das empresas.
FecomercioSP
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