Símbolo global de conscientização, a tulipa "Dr. James Parkinson" une forças com a ciência brasileira, que explora o potencial neuroprotetor da própolis vermelha para enfrentar os desafios dessa doença neurodegenerativa.
O vermelho
une tulipa e própolis no combate ao Parkinson
A tulipa vermelha, agora oficialmente denominada
“Dr. James Parkinson” no Brasil, é um símbolo internacional de conscientização
sobre a Doença de Parkinson. A mudança, oficializada pela Lei 15.037/24,
sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em dezembro do ano
passado, reforça a luta contra essa condição neurodegenerativa, destacando a flor
como um ícone de conscientização global.
Curiosamente, o vermelho que caracteriza a tulipa
encontra uma ligação científica com a própolis vermelha, uma substância natural
encontrada em manguezais nordestinos. Pesquisas conduzidas pela Universidade
Tiradentes (Unit) exploram as propriedades neuroprotetoras e neurregenerativas
dessa substância, extraída da Dalbergia ecastophyllum, planta conhecida
popularmente como “rabo-de-bugio”.
Na Unit, um projeto inovador realizado pelo
estudante de Biomedicina Enzo Henrike Bitencourt de Morais e supervisionado
pela professora Margarete Zanardo Gomes investiga como os como os bioativos do
extrato hidroetanólico da própolis vermelha podem oferecer alternativas
terapêuticas para o Parkinson. “Nosso objetivo é buscar um tratamento que vá
além do paliativo, atuando nas causas da doença e impedindo sua progressão”,
explica Enzo. Ele ressalta que a pesquisa reflete seu interesse pelo
funcionamento do sistema nervoso humano, “uma área fascinante pela complexidade
de suas funções e pelas doenças neurodegenerativas que o afetam”.
Os estudos, realizados no Instituto de Tecnologia e
Pesquisa (ITP) e financiados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES), Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica
do Estado de Sergipe – FAPITEC/SE e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq), analisam os efeitos neuroprotetores e neurorregenerativos
de
nanocompósitos da substância sobre lesões medulares. A principal hipótese é de
que a própolis seja um possível agente neuroprotetor, capaz de impedir a perda
de neurônios pela ocorrência de doenças degenerativas e após lesões
medulares, buscando superar as limitações dos tratamentos atualmente
disponíveis.
A professora Margarete Zanardo destaca a relevância
científica e econômica do trabalho: “A própolis vermelha, além de ser um
recurso natural do Nordeste, apresenta um enorme potencial farmacológico.
Estudos que evidenciem seus benefícios podem não apenas contribuir para a
saúde, mas também agregar valor a este produto, promovendo o desenvolvimento
regional”.
Além disso, o projeto inclui o desenvolvimento de
métodos inovadores para a extração de compostos bioativos, como flavonoides,
ampliando o valor agregado da própolis vermelha e destacando o potencial da
biodiversidade brasileira. Segundo Margarete, “a formulação rica em flavonoides
proposta no estudo é uma inovação que visa garantir maior eficácia nos testes e
aplicações terapêuticas”.
A tulipa e a própolis vermelha simbolizam esforços
distintos, mas complementares, na luta contra o Parkinson. Enquanto a tulipa
“Dr. James Parkinson” reforça a importância da conscientização, a própolis
representa o avanço científico no desenvolvimento de soluções concretas para a
saúde. “A conexão entre ciência, tecnologia e valorização da biodiversidade é
fundamental para enfrentar os grandes desafios da saúde pública”, conclui
Margarete.
Parkinson
A doença Parkinson
é um dos principais e mais comuns distúrbios nervosos da terceira idade, sendo
caracterizada, principalmente, por prejudicar a coordenação motora e provocar
tremores e dificuldades para caminhar e se movimentar. Os sintomas costumam ser
suaves no início, mas como o Parkinson é uma doença progressiva, os sintomas
tendem a se agravar com o tempo e a levar a complicações mais sérias.
Margarete Zanardo Gomes - pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa e professora nível PPG II da Universidade Tiradentes (Aracaju/SE), atuando como docente permanente e coordenadora nos programas de pós-graduação em Saúde e Ambiente e da Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO). Margarete é Mestre e Doutora em Fisiologia (Ciências, 2006), pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, com pós-doutorado realizado na Université Pierre et Marie Curie, Unidade 697 do INSERM, Hôpital de la Salpétrière. Margarete tem experiência nas áreas de neurofisiologia e neuropsicofarmacologia experimental e em atividades biológicas de produtos naturais. Os artigos publicados em revistas internacionais de alto impacto somam mais de 800 citações no Scopus (fator H:14), com 12 patentes registradas no INPI. Orientou 30 alunos de iniciação científica, 27 de mestrado e 10 de doutorado, com projetos aprovados financiados pela Fapitec-SE, CNPq, CAPES e Banco do Nordeste.
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