terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Especialistas explicam como identificar e classificar a incontinência urinária em mulheres

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 Condição muito comum entre parte da população feminina, requer diagnóstico preciso para a realização de um tratamento adequado

 

Embora seja pouco discutida, a incontinência urinária é uma condição que afeta milhões de mulheres e pode comprometer atividades simples do dia a dia, como rir, praticar exercícios ou até dormir tranquilamente. O impacto vai além do desconforto físico, interferindo na autoestima e na vida social. No entanto, apesar de sua alta incidência, muitas mulheres demoram a buscar ajuda por vergonha ou falta de informação. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de 45% das mulheres acima de 40 anos convivem com o problema. Para a Dra. Rita Piscopo, médica da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), a avaliação da incontinência urinária deve ser feita de maneira detalhada para garantir um tratamento eficaz. “O primeiro passo é realizar uma história clínica completa, investigando a frequência das perdas urinárias e os fatores que as desencadeiam. Muitas vezes, a paciente acredita que se trata de um problema sem solução e acaba se adaptando à condição sem buscar ajuda”, explica. 

O exame físico é uma das etapas mais importantes do diagnóstico. “Durante a consulta, avaliamos o tônus do assoalho pélvico e realizamos testes de esforço para observar se há perda involuntária de urina. Esse exame permite entender a gravidade do problema e definir qual a melhor abordagem para cada caso”, ressalta a médica. 

A incontinência urinária pode se manifestar de diferentes formas, e reconhecer os tipos é essencial para um tratamento adequado. “A incontinência de esforço ocorre quando a perda de urina acontece durante atividades que aumentam a pressão abdominal, como tossir, espirrar ou levantar peso. Já a incontinência de urgência está associada a uma necessidade repentina e incontrolável de urinar, mesmo quando a bexiga não está cheia. A forma mista combina ambos os sintomas e costuma trazer um impacto ainda maior à qualidade de vida da paciente”, detalha a Dra. Rita Piscopo. 

Para diferenciar os tipos, o médico pode utilizar ferramentas como questionários padronizados, entre eles o International Consultation on Incontinence Questionnaire (ICIQ). Além disso, exames complementares são indicados em alguns casos. “A urodinâmica é um exame essencial quando há dúvidas no diagnóstico ou em situações mais complexas. Ele nos permite avaliar o funcionamento da bexiga e identificar a presença de contrações involuntárias que podem estar causando os sintomas”, acrescenta. 

Outro recurso importante é o diário miccional, que ajuda a entender os hábitos urinários da paciente ao longo do dia. “Solicitamos que a paciente registre a frequência das micções, os episódios de perda urinária e possíveis gatilhos. Esse acompanhamento fornece um panorama mais claro da situação e auxilia na escolha da melhor abordagem terapêutica”, explica a especialista. 

Além disso, segundo a Dra. Ana Paula Faller, médica da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), a infecção urinária pode, em alguns casos, causar perda involuntária de urina. “Isso ocorre devido a vários fatores relacionados à infecção, incluindo: irritação da bexiga (cistite), hiperatividade do músculo detrusor, aumento da frequência urinária e nos casos de infecção urinária de repetição, a inflamação persistente pode enfraquecer temporariamente os mecanismos de controle da micção”, complementa a Dra. Ana Paula. 

A Dra. Carolina Haddad, médica da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), também explica que a prevenção deve começar na mulher jovem, “Os treinamentos de conscientização da musculatura pélvica e prevenção nas mulheres que fazem atividade física de alto impacto são essenciais. Também é importante informar sobre a associação entre o assoalho pélvico, gravidez e parto, e devemos observar e ajustar hábitos e estilo de vida (alimentação, exercícios, frequência miccional, evitar obesidade, esvaziar a bexiga antes dos exercícios, controle da musculatura pélvica durante o esforço, e uso de medicações)”, completa a médica. 

Apesar do impacto significativo na vida das mulheres, a incontinência urinária tem tratamento. “Há diversas opções, desde mudanças no estilo de vida e fisioterapia pélvica até tratamentos mais avançados como: laser e radiofrequência, ultrassom microfocado, botox e até mesmo cirurgia. O mais importante é que a mulher saiba que não precisa conviver com esse problema em silêncio”, afirma a Dra Carolina Haddad.
 



AMCR – Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil
Para saber mais informações, acesse o site.


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