A ingestão de bebidas alcóolicas é comum nas celebrações, nos blocos e nos desfiles; culturalmente o álcool é muito associado aos foliões
O Carnaval é um dos períodos do ano com maior consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Blocos, desfiles e festas fazem parte da cultura nacional e, com eles, cresce também a ingestão de álcool. No entanto, esse hábito pode trazer consequências sérias para a saúde e segurança pública. De acordo com um estudo da Fiocruz, os custos diretos e indiretos do consumo de álcool no país chegaram a R$ 18,8 bilhões em 2019, e são registradas 12 mortes por hora associadas ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
O The Lancet Public Health (2023) destaca que não há um nível seguro de consumo de álcool, pois a substância está diretamente associada a diversas doenças, incluindo problemas cardiovasculares e câncer. No Brasil, segundo o relatório Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, há um aumento expressivo nos casos de intoxicação alcoólica e atendimentos de emergência durante o período carnavalesco.
Diante desse cenário, o professor e
fisiologista do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), uma das
mais importantes faculdades médicas do país, Douglas da C. Braga, esclarece
dúvidas sobre o impacto do álcool no organismo, orienta sobre como minimizar os
efeitos da ressaca e alerta para as diferenças nos efeitos do álcool de acordo
com a idade e o gênero. Além disso, ele destaca a importância de um consumo
responsável para evitar complicações à saúde e garantir uma festa mais segura
para todos.
É possível evitar os efeitos da ressaca?
De acordo com o fisiologista, embora não seja possível evitar completamente a ressaca após o consumo excessivo de álcool, algumas medidas podem reduzir significativamente seus efeitos. A ressaca ocorre principalmente devido à desidratação, ao acúmulo de acetaldeído (um metabólito tóxico resultante da metabolização do álcool no fígado) e à hipoglicemia.
Embora não seja possível evitar completamente os efeitos da ressaca, há algumas estratégias que podem ajudar a minimizar seus impactos.
Hidratação constante: Intercalar o consumo de bebidas alcoólicas com água ajuda a prevenir a
desidratação, um dos principais causadores da ressaca.
Alimentação adequada: Consumir alimentos ricos em carboidratos e proteínas antes e durante o
consumo de álcool reduz a absorção do álcool e evita picos de
hipoglicemia.
Evitar bebidas de alto teor
alcoólico: Bebidas destiladas têm maior concentração de
álcool e aumentam o risco de intoxicação.
Pausas entre as doses: Beber lentamente e em pequenas quantidades permite que o fígado
metabolize o álcool de forma mais eficiente.
Evitar misturas com energéticos: Bebidas energéticas mascaram a sensação de embriaguez, levando a um consumo maior e agravando os efeitos da ressaca.
“Manter-se hidratado e alimentar-se bem são as
melhores formas de reduzir os sintomas da ressaca. Além disso, o corpo precisa
de tempo para metabolizar o álcool, por isso é importante não exagerar nas
quantidades”, destaca o professor.
Álcool e energéticos: uma combinação perigosa
O consumo de bebidas energéticas em combinação com
álcool tem se tornado cada vez mais comum, mas pode ser extremamente perigoso,
pois os energéticos mascaram os efeitos do álcool, fazendo a pessoa se sentir
menos embriagada e aumentando o risco de consumo excessivo. A combinação também
sobrecarrega o coração, podendo causar arritmias e aumento da pressão arterial.
Como são bebidas diuréticas, podem agravar a perda de líquidos do corpo.
Segundo o Journal of Studies on Alcohol and Drugs (2025), não há evidências confiáveis de que o consumo moderado de álcool traga benefícios à saúde, por isso, a recomendação é o consumo responsável, como, por exemplo:
·
Modere o
consumo e conheça seus limites.
·
Intercale
bebidas alcoólicas com água para evitar a desidratação.
·
Evite
misturar álcool com energéticos e outras substâncias estimulantes.
·
Jamais
dirija após consumir álcool – opte por transporte seguro.
·
Alimente-se
bem antes e durante a ingestão de bebidas alcoólicas.
Douglas destaca a importância de campanhas de conscientização durante o Carnaval para alertar a população sobre os riscos do consumo excessivo de álcool e incentivar práticas de moderação. “O Carnaval é um momento de alegria, celebração e descontração, mas é essencial lembrar que a diversão não está na quantidade de bebida consumida, e sim na qualidade da experiência vivida”, pontua o professor.
Para garantir uma festa segura e saudável, é fundamental adotar atitudes conscientes, como beber com moderação, intercalar o consumo de álcool com água e respeitar os limites do próprio corpo. Com informação e prudência, todos podem aproveitar o Carnaval de forma equilibrada, garantindo que a folia seja sinônimo de boas memórias, e não de arrependimentos.
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