segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Especialista alerta sobre os riscos do consumo excessivo de álcool durante o Carnaval e orienta sobre práticas de moderação

A ingestão de bebidas alcóolicas é comum nas celebrações, nos blocos e nos desfiles; culturalmente o álcool é muito associado aos foliões    


O Carnaval é um dos períodos do ano com maior consumo de bebidas alcoólicas no Brasil. Blocos, desfiles e festas fazem parte da cultura nacional e, com eles, cresce também a ingestão de álcool. No entanto, esse hábito pode trazer consequências sérias para a saúde e segurança pública. De acordo com um estudo da Fiocruz, os custos diretos e indiretos do consumo de álcool no país chegaram a R$ 18,8 bilhões em 2019, e são registradas 12 mortes por hora associadas ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas.  

O The Lancet Public Health (2023) destaca que não há um nível seguro de consumo de álcool, pois a substância está diretamente associada a diversas doenças, incluindo problemas cardiovasculares e câncer. No Brasil, segundo o relatório Álcool e a Saúde dos Brasileiros – Panorama 2024, há um aumento expressivo nos casos de intoxicação alcoólica e atendimentos de emergência durante o período carnavalesco.  

Diante desse cenário, o professor e fisiologista do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro (Unisa), uma das mais importantes faculdades médicas do país, Douglas da C. Braga, esclarece dúvidas sobre o impacto do álcool no organismo, orienta sobre como minimizar os efeitos da ressaca e alerta para as diferenças nos efeitos do álcool de acordo com a idade e o gênero. Além disso, ele destaca a importância de um consumo responsável para evitar complicações à saúde e garantir uma festa mais segura para todos. 

 

É possível evitar os efeitos da ressaca?  

De acordo com o fisiologista, embora não seja possível evitar completamente a ressaca após o consumo excessivo de álcool, algumas medidas podem reduzir significativamente seus efeitos. A ressaca ocorre principalmente devido à desidratação, ao acúmulo de acetaldeído (um metabólito tóxico resultante da metabolização do álcool no fígado) e à hipoglicemia.  

Embora não seja possível evitar completamente os efeitos da ressaca, há algumas estratégias que podem ajudar a minimizar seus impactos.  

Hidratação constante: Intercalar o consumo de bebidas alcoólicas com água ajuda a prevenir a desidratação, um dos principais causadores da ressaca. 

Alimentação adequada: Consumir alimentos ricos em carboidratos e proteínas antes e durante o consumo de álcool reduz a absorção do álcool e evita picos de hipoglicemia. 

Evitar bebidas de alto teor alcoólico: Bebidas destiladas têm maior concentração de álcool e aumentam o risco de intoxicação. 

Pausas entre as doses: Beber lentamente e em pequenas quantidades permite que o fígado metabolize o álcool de forma mais eficiente. 

Evitar misturas com energéticos: Bebidas energéticas mascaram a sensação de embriaguez, levando a um consumo maior e agravando os efeitos da ressaca.  

“Manter-se hidratado e alimentar-se bem são as melhores formas de reduzir os sintomas da ressaca. Além disso, o corpo precisa de tempo para metabolizar o álcool, por isso é importante não exagerar nas quantidades”, destaca o professor. 

 

Álcool e energéticos: uma combinação perigosa  

O consumo de bebidas energéticas em combinação com álcool tem se tornado cada vez mais comum, mas pode ser extremamente perigoso, pois os energéticos mascaram os efeitos do álcool, fazendo a pessoa se sentir menos embriagada e aumentando o risco de consumo excessivo. A combinação também sobrecarrega o coração, podendo causar arritmias e aumento da pressão arterial. Como são bebidas diuréticas, podem agravar a perda de líquidos do corpo. 

Segundo o Journal of Studies on Alcohol and Drugs (2025), não há evidências confiáveis de que o consumo moderado de álcool traga benefícios à saúde, por isso, a recomendação é o consumo responsável, como, por exemplo:   

·         Modere o consumo e conheça seus limites. 

·         Intercale bebidas alcoólicas com água para evitar a desidratação. 

·         Evite misturar álcool com energéticos e outras substâncias estimulantes. 

·         Jamais dirija após consumir álcool – opte por transporte seguro. 

·         Alimente-se bem antes e durante a ingestão de bebidas alcoólicas. 

 

Douglas destaca a importância de campanhas de conscientização durante o Carnaval para alertar a população sobre os riscos do consumo excessivo de álcool e incentivar práticas de moderação. “O Carnaval é um momento de alegria, celebração e descontração, mas é essencial lembrar que a diversão não está na quantidade de bebida consumida, e sim na qualidade da experiência vivida”, pontua o professor.  


Para garantir uma festa segura e saudável, é fundamental adotar atitudes conscientes, como beber com moderação, intercalar o consumo de álcool com água e respeitar os limites do próprio corpo. Com informação e prudência, todos podem aproveitar o Carnaval de forma equilibrada, garantindo que a folia seja sinônimo de boas memórias, e não de arrependimentos. 

 

Universidade Santo Amaro – Unisa


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