Pesquisa revela que 80% das mulheres nesta fase desenvolvem sintomas neuropsiquiátricos
A menopausa é um período associado a múltiplas
transformações físicas e mentais no organismo feminino. É neste momento que a
menstruação é interrompida e os ovários passam por uma queda abrupta na
produção dos hormônios – este fenômeno recebe o nome de falência ovariana. Essa
mudança repentina pode ocasionar danos à saúde e a qualidade de vida da mulher
e desencadear problemas sérios, tal como a depressão.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS)
até 2030 teremos 1 bilhão de pessoas com sintomas da menopausa.
Atualmente, no Brasil, são cerca de 18 milhões de mulheres nessa condição. A menopausa
é uma fase que requer acompanhamento médico individualizado a fim de se evitar
possíveis doenças e transtornos emocionais.
Entenda a relação
Após a última menstruação há uma queda muito
expressiva na produção de hormônios produzidos pelos ovários, sobretudo, o
estrogênio, a testosterona e a progesterona. Essa condição pode
contribuir para o surgimento de sintomas como irritabilidade, falta de sono,
instabilidade de humor, falta de disposição, baixa libido, ressecamento da
vagina, pele, cabelo e unhas, diminuição da secreção vaginal - levanto muitas
vezes a dispareunia (dor genital que ocorre durante a relação sexual) , piora
da memória e até casos mais graves, tais como, osteoporose e quadros
depressivos.
“Durante a perimenopausa (os
anos em trono do período menstrual final), aproximadamente 80% das pessoas
desenvolvem sintomas neuropsiquiátricos”, é o que revela estudo recente
publicado na revista Nature Mental Health. Além de
mencionar sintomas mais comuns como ondas de calor, disfunção congnitiva,
distúrbios de sono e sintomas relacionados ao humor, a pesquisa destaca o alto
risco para o início ou exacerbação de transtornos psiquiátricos, incluindo a
depressão e o transtorno bipolar.
Todos esses sintomas podem estar relacionados à
queda abrupta dos hormônios com a chegada da menopausa. Os hormônios não fazem
mal à saúde, aliás, são substâncias produzidas pelo nosso corpo, essenciais à
vida ou qualidade de vida. “O que faz mal é a carência ou o excesso, ou seja, o
desequilíbrio hormonal causado pela falência do ovário”, explica o Dr. Walter
Pace, Professor Doutor em Ginecologia e Titular da Academia Mineira de
Medicina.
Os hormônios possuem funções específicas e são
fundamentais para garantir a dinâmica das atividades biológicas do corpo, pois
regulam o crescimento, influenciam a vida sexual e promovem o equilíbrio
interno, além de outros benefícios. O declínio da produção de hormônios como o
estrogênio e a testosterona, por exemplo, podem acarretar episódios de
depressão, falta de estímulo para conduzir situações do dia a dia e apatia.
Como identificar o problema?
É preciso identificar sinais e sintomas
relacionados à menopausa e buscar acompanhamento médico específico para cada
caso. É comum mulheres procurarem tratamentos alternativos com base em
antidepressivos e ansiolíticos para minimizar os impactos da depressão no
período da menopausa.
O Dr. Walter Pace alerta sobre os riscos desses
medicamentos para a saúde da mulher. “Infelizmente, em vez de tratar a causa
(queda dos hormônios), são utilizados medicamentos antidepressivos que causam
dependência e uma série de efeitos colaterais, sendo que, muitas vezes, só com
o tratamento hormonal as pacientes já melhoram. É de suma importância que se
faça um diagnóstico diferencial com o seu médico de confiança para compreender
o que de fato é uma doença psiquiátrica ou uma questão relacionada à carência
hormonal”, comenta o médico.
Dr. Walter A. P. Pace – Graduação em Medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais, Mestrado em Reprodução Humana – Assistant Ètranger pela Universidade Paris V René Descarte e Doutorado em Ginecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professor-Doutor e Coordenador Geral da Pós Graduação de Ginecologia Minimamente Invasiva da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais – Titular da Academia Mineira de Medicina – Vice Presidente do PHD Pace Hospital. Médico do Centro de Endometriose do Hospital Santa Joana/SP.
Link do estudo: https://www.nature.com/articles/s44220-024-00292-4
Nenhum comentário:
Postar um comentário