A
partir de janeiro deste ano, o burnout passou a ser oficialmente reconhecido
como doença ocupacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na nova
Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Com isso, trabalhadores
brasileiros diagnosticados com a condição terão essa informação registrada em
atestados médicos, garantindo maior visibilidade e seriedade ao tema.
Caracterizado
pelo esgotamento físico e mental associado ao trabalho, o burnout tem como
sintomas frequentes a insônia, alterações de humor, dores musculares, sentimentos
de fracasso, dores de cabeça e até mesmo impactos no sistema cardiovascular.
Segundo a psicóloga Dr.ª Cristiane Pertusi, especialista em traumas e saúde
mental, o reconhecimento do burnout como doença ocupacional é um avanço, mas
ainda há muito a ser feito para conscientizar as pessoas sobre os sinais e a
importância do cuidado.
“O
burnout é mais do que uma questão individual. O corpo do indivíduo reflete as
consequências do ambiente em que está inserido, das relações interpessoais e do
clima organizacional. Relações tóxicas, como chefias abusivas, colegas de
trabalho que reforçam o estresse e um ambiente hostil, podem intensificar o
esgotamento emocional, muitas vezes mais do que a própria carga de trabalho em
si”, explica a especialista.
Como
Identificar os Primeiros Sinais?
De
acordo com a Dr.ª Cristiane Pertusi, o burnout pode se manifestar de forma
sutil no início. Entre os primeiros sinais, estão:
- Sensação constante de exaustão, mesmo após períodos de descanso;
- Dificuldade em se concentrar e em realizar tarefas simples;
- Irritabilidade e aumento da sensibilidade emocional;
- Insônia ou sono não reparador;
- Dores de cabeça ou musculares recorrentes sem explicação médica
clara;
- Perda de interesse ou prazer em atividades que antes eram
motivadoras.
O
ambiente de trabalho e as relações interpessoais desempenham um papel crucial
na saúde mental dos indivíduos. Chefias abusivas, falta de reconhecimento e a
sensação de isolamento no ambiente corporativo são fatores que podem agravar o
estresse e desencadear o burnout.
“Fazer
uma leitura do ambiente e das relações é essencial para entender os gatilhos
que reforçam o estresse. Muitas vezes, a raiz do problema não está apenas na
sobrecarga de tarefas, mas em como as relações no trabalho impactam emocionalmente
o indivíduo”, ressalta a psicóloga.
A
busca por apoio profissional é essencial. “Se você percebe que o esgotamento
está comprometendo sua saúde, suas relações ou sua capacidade de trabalho, é
hora de buscar ajuda. A terapia pode ser um espaço para entender as causas
desse estresse, desenvolver estratégias de enfrentamento e, principalmente,
aprender a se reconectar com suas prioridades e necessidades pessoais”, destaca
a psicóloga.
Estratégias
de Prevenção e Recuperação
Além
do acompanhamento psicológico, algumas práticas podem ajudar na prevenção e
recuperação do burnout:
- Estabeleça limites claros: Não permita que o trabalho invada
constantemente seu tempo pessoal.
- Priorize pausas: Momentos de descanso durante o dia são
fundamentais para recarregar as energias.
- Pratique atividades relaxantes: Exercícios físicos, meditação e
hobbies podem ajudar a aliviar o estresse.
- Converse sobre sua carga de trabalho: Não tenha medo de expressar
sobrecarga e buscar apoio no ambiente profissional.
A nova classificação da OMS não apenas legitima o impacto do burnout, mas também abre espaço para que empregadores e trabalhadores reconheçam a importância de cuidar da saúde mental. Para a Dr.ª Cristiane Pertusi, este é o momento de transformar a conscientização em ação. “Buscar ajuda não é um sinal de fraqueza, mas de coragem. Ao cuidar de sua saúde mental, você não está apenas preservando sua produtividade, mas sua qualidade de vida e bem-estar geral”, finaliza.
Dra. Cristiane Pertusi - CRP 06/54382 - Doutora em Psicologia do Desenvolvimento Humano pela USP.Mestre em Psicologia PUCRS, Especialista em Abordagem Sistêmica pela UNIFESP. •Certificada como coach qualificada pela ASTD –The American Society for Training and Development, para ministrar “Coaching Certificate Program". •Qualificada pela Fellipelli Instrumentos de Diagnóstico e Desenvolvimento Organizacional para aplicar o Indicador de Preferências Psicológicas - Instrumento MBTI (Myers Briggs Type Indicator).•Consultora, Psicóloga e Professora Universitária. •Palestrante nacional e internacional.
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