“Estou grávida!" Essa frase é frequentemente
recebida com o famoso "Parabéns!". No Brasil, mais da metade das
gestações não são planejadas, e a maioria das mulheres, ao revelar a gravidez,
costuma ouvir essa expressão, associada à ideia de plenitude e felicidade. No
entanto, alegria e realização nem sempre são as primeiras emoções. Sentimentos
como medo, incerteza ou tristeza também podem surgir.
Para desfazer os mitos e esclarecer as questões que
muitas mães enfrentam, Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal e fundadora do
Instituto MaterOnline, responde às 8 maiores dúvidas sobre a romantização da
maternidade.
“Por que a maternidade é tão idealizada?”
A sociedade costuma ver a maternidade como a
realização suprema da mulher, o que dificulta o reconhecimento de sentimentos
negativos. Essa idealização cria expectativas irreais, fazendo muitas mães se
sentirem inadequadas ou culpadas por não corresponderem a esse ideal. Nós
precisamos falar mais sobre essa romantização. Tem milhares de mulheres
chorando porque não têm com quem contar e se sentindo culpadas simplesmente por
estarem exaustas.
“Quais são os impactos
negativos dessa idealização?”
A idealização pode levar ao isolamento emocional.
Mães que não se sentem felizes o tempo todo podem ter dificuldade em expressar
seus sentimentos, o que pode piorar problemas de saúde mental, como a depressão
puerperal. A romantização da maternidade está afetando muitas mulheres, o que
influencia diretamente seus bebês.
“Como lidar com a pressão para
ser uma mãe perfeita?”
É importante entender que não existe uma 'mãe
perfeita'. Aceitar que é normal ter dias difíceis e buscar apoio emocional e
prático é essencial. Conversar com outras mães, familiares e amigos pode ajudar
a compartilhar experiências e aliviar a pressão. Nossa sociedade não sabe como
tratar mulheres como mães humanas, que têm direitos e não precisam lidar com
tudo com um sorriso no rosto.
“O que fazer quando sentimentos
negativos surgem?”
Reconhecer e aceitar esses sentimentos é o primeiro
passo. Não há problema em pedir ajuda profissional. A psicoterapia pode ser uma
ferramenta valiosa para trabalhar essas emoções e encontrar maneiras de lidar com
elas. A saúde mental das próximas gerações também depende de como tratamos as
mães hoje. Como psicólogos, temos a obrigação de mudar essa história.
“Como posso construir uma rede
de apoio?”
Uma rede de apoio pode incluir familiares, amigos e
até profissionais de saúde. Eles podem ajudar com tarefas diárias, oferecer um
ombro amigo e compartilhar experiências. Ter um parceiro compreensivo também é
fundamental.
“Qual é o papel do parceiro
nesse processo?”
Um parceiro presente e envolvido pode fazer uma grande
diferença. Dividir responsabilidades e apoiar emocionalmente a mãe pode aliviar
significativamente a carga e promover um ambiente mais equilibrado e saudável
para a família.
“O que posso fazer para evitar
que eu e o meu bebê soframos com a romantização da maternidade?”
É fundamental oferecer suporte e atenção às mães.
Isso envolve fornecer atendimento psicológico, criar redes de apoio entre
familiares e amigos, e promover uma visão mais honesta e realista da
maternidade. Como sociedade, precisamos nos preocupar com essa questão.
Milhares de mães estão sem apoio necessário para cuidar de seus filhos.
“Como encarar a maternidade de
forma mais real?”
Informação e preparação são fundamentais.
Participar de grupos de apoio, fazer terapia e aprender sobre os desafios da
maternidade podem contribuir para ajustar as expectativas. É importante lembrar
que cada experiência é única e válida.
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