quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

VOLTA ÀS AULAS: PESO DA MOCHILA PODE PREJUDICAR A COLUNA DAS CRIANÇAS


 
Segundo o fisioterapeuta Bernardo Sampaio, além do peso, outros fatores relacionados ao sedentarismo infantil precisam de atenção especial, entenda



Com o retorno às aulas, muitos pais estão atentos à organização do material escolar dos filhos. No entanto, um problema recorrente segue preocupando: o excesso de peso nas mochilas, que pode prejudicar a saúde postural de crianças e adolescentes. Estudos apontam que carregar mochilas com peso superior a 10% do peso corporal está associado ao desenvolvimento de problemas posturais e dores nas costas.

Bernardo Sampaio, fisioterapeuta e diretor clínico do ITC Vertebral, alerta que, além do peso da mochila, há outros fatores relacionados ao sedentarismo infantil que agravam essa situação. “Embora o peso da mochila seja uma preocupação, existem outros aspectos que merecem atenção e que podem prejudicar a coluna. Hoje, muitas crianças e adolescentes não praticam atividades físicas, o que é um fator grave. Incentivar a prática de exercícios ajuda a prevenir o sedentarismo e a melhorar a saúde física, mas também é essencial para o desenvolvimento cognitivo, emocional e motor, além de contribuir para a autoestima e socialização”, explica o especialista.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o excesso de peso nas mochilas escolares e o esforço repetitivo na infância e adolescência ocasionam 70% dos problemas de coluna na fase adulta. Além disso, pode agravar condições como a escoliose, uma deformidade que afeta a curvatura da coluna vertebral. “O corpo faz ajustes automáticos para lidar com o peso carregado nos ombros, a postura e a maneira como nos sentamos. Nenhum desses fatores, isoladamente, causa a escoliose, mas todos podem contribuir para o seu aparecimento ao longo do tempo”, esclarece Bernardo Sampaio.


Como identificar os primeiros sinais de escoliose
 

Segundo o fisioterapeuta, a escoliose é uma condição que pode ser detectada precocemente, o que ajuda a evitar complicações no futuro. "É importante que os pais fiquem atentos a sinais como ombros ou quadris assimétricos, uma das escápulas mais proeminentes ou inclinação do tronco para um dos lados. Além disso, dor nas costas ou desconforto após carregar mochilas pesadas também são indicativos de problemas posturais. Caso algum desses sinais seja identificado, é fundamental procurar um profissional de saúde para uma avaliação e diagnóstico adequados", alerta.

Ainda de acordo com o especialista, a escoliose exige um tratamento que envolve diversas abordagens, e os fisioterapeutas têm um papel importante na correção da postura e no fortalecimento dos músculos responsáveis pela estabilização da coluna. "É ideal buscar orientação profissional para elaborar um programa de exercícios que atenda às necessidades da criança. Pequenos cuidados diários, como manter uma boa postura, praticar atividades físicas regularmente e garantir um ambiente ergonômico, são fundamentais para prevenir a progressão da escoliose", complementa Bernardo Sampaio.

A seguir, o fisioterapeuta dá algumas dicas sobre a "mochila ideal" para não prejudicar a coluna das crianças nem agravar problemas já existentes:

  • A mochila de tiras deve ser leve e não ultrapassar 500g;
  • A mochila com rodinhas é a melhor opção para estudantes que carregam muito peso;
  • Os forros dos materiais devem ser acolchoados para evitar acidentes com objetos pontiagudos;
  • Modelos de duas tiras são ideais para distribuir melhor o peso, e as tiras devem ser largas, pois as estreitas podem causar compressão nos ombros;
  • O ideal é usar apenas o material necessário para aquele dia.

 

Bernardo Sampaio - Fisioterapeuta pela PUC Campinas, possui especialização e aprimoramento pela Santa Casa de São Paulo e é mestre em Ciências da Saúde pela mesma instituição. Atua como professor universitário em cursos de pós-graduação na área de fisioterapia músculo esquelética e é Diretor Clínico do Centro Especializado em Movimento (CEM), ITC Vertebral e Instituto Trata, de Guarulhos. Saiba mais aqui!
 


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