quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

Volta às aulas: estratégias para alunos autistas se adaptarem ao ambiente escolar

Especialista destaca como o planejamento visual e ferramentas de comunicação podem facilitar a transição para o ambiente escolar e reduzir a ansiedade

 

O retorno às aulas pode ser desafiador para as crianças autistas, especialmente com nível 3 do Transtorno do Espectro Autista (TEA), que demanda um suporte mais intensivo devido a dificuldades na comunicação e independência. Segundo a Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida, fonoaudióloga e fundadora do Grupo Interclínicas, estratégias práticas e estrutura consistente são essenciais para tornar esse processo mais tranquilo para alunos com TEA.

De acordo com a especialista, Dra. Elizabeth Crepaldi de Almeida, a preparação visual e a adaptação sensorial são fundamentais para garantir que a transição para o ambiente escolar seja mais confortável e positiva. “Uma das estratégias mais eficazes é apresentar a escola de forma visual. Mostrar fotos da fachada, sala de aula, pátio e outros espaços-chave permite que a criança se familiarize com o ambiente antes mesmo do primeiro dia. Além disso, visitas prévias à escola, com a possibilidade de explorar os principais ambientes e conhecer os professores, ajudam na adaptação aos cheiros, texturas e sons do local, reduzindo a ansiedade e possíveis sobrecargas sensoriais”, explica.

Ainda de acordo a Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida, um ponto importante é a utilização de ferramentas de comunicação adaptadas ao contexto escolar. “Esses recursos podem incluir imagens atualizadas dos professores, colegas, materiais pedagógicos e até mesmo representações de emoções. Oferecer ferramentas que ajudem a expressar sentimentos como medo, cansaço ou desinteresse é essencial para prevenir crises e tornar a experiência escolar mais acolhedora”, destaca a especialista.

A previsibilidade para crianças autistas é um fator essencial para reduzir o estresse e facilitar a adaptação ao ambiente escolar. Segundo a especialista, a transição para a rotina escolar deve começar em casa, com a introdução de estratégias práticas e consistentes. “Uma transição tranquila exige que os pais comecem a preparar a rotina gradualmente, ainda durante as férias. Uma boa prática é criar um calendário visual, que mostre os dias de aula, horários e atividades planejadas. O uso de imagens facilita a compreensão da criança sobre o que esperar. Ajustar os horários de dormir e acordar no horário de aula pelo menos uma semana antes do retorno às atividades escolares e incluir algumas tarefas, como organizar a mochila e vestir o uniforme, para criar uma estrutura que ofereça segurança e previsibilidade”, destaca a fonoaudióloga e fundadora do Grupo Interclínicas.

Para os pais, o momento do retorno para casa também exige atenção especial, reforçar positivamente o esforço do aluno é uma maneira eficaz de consolidar uma experiência escolar positiva. “Ao invés de fazer muitas perguntas sobre o dia, parabenize a criança pelo tempo na escola e ofereça recompensas simbólicas, como um lanche favorito ou um momento de lazer. Após lidar com desafios sensoriais, sociais e cognitivos, é importante que a criança sinta que seu esforço foi reconhecido”, orienta.

Embora a legislação brasileira, como a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, garanta a educação inclusiva em escolas regulares, a realidade ainda apresenta barreiras para os estudantes autistas. Dra. Elisabeth Crepaldi de Almeida reforça a importância de escolas capacitadas, alinhamento entre pais e profissionais e a promoção de um ambiente realmente inclusivo. “A inclusão não é apenas física, mas também emocional e pedagógica. Proporcionar essas condições é essencial para o sucesso acadêmico e pessoal das crianças com TEA”.

 


Grupo Interclínicas
https://interclinicasautismo.com.br/


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