Médico do CEJAM aponta tópicos essenciais que necessitam da atenção dos pais para que seus filhos retornem ao ano letivo da melhor forma
Depois
de um período de férias cheio de brincadeiras, viagens ou descanso, é hora de
organizar o retorno à rotina escolar dos pequenos. O momento, aguardado ou
temido por muitos deles, traz desafios que vão além da adaptação às novas
matérias, amigos e professores.
Seja
para quem está começando o ano em uma escola nova ou retomando a antiga,
cuidados simples podem fazer toda a diferença para que o aprendizado aconteça
de forma saudável e segura. Por isso, garantir que as crianças estejam
protegidas contra doenças e outros riscos é uma preocupação que precisa estar
no topo da lista de prioridades dos pais nesse início de ano.
“De
maneira geral, a orientação atual é que a avaliação anual da criança seja
realizada a partir dos 02 anos de idade pelo médico de família que a acompanha.
Embora geralmente seja recomendado que essa avaliação ocorra próximo ao
aniversário, ela também pode ser agendada antes do início do período letivo,
caso essa data facilite a organização dos pais”, explica Raul Queiroz Mota de Sousa,
Médico de Família e Comunidade da UBS Jardim Valquíria, gerenciado pelo CEJAM -
Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria com a
Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Recomenda-se
sempre que possível, uma visita ao consultório médico, onde podem ser realizadas
diferentes avaliações e solicitações de exames, caso necessário.
Vacinas em dia
Dr.
Raul comenta que outro ponto importante é manter as vacinas em dia. Ele
ressalta que a vacinação ajuda a proteger as crianças de diferentes doenças e
evita a contaminação coletiva.
“As
vacinas são fundamentais para o controle de doenças, principalmente porque o
adoecimento nos primeiros anos em que as crianças estão em ambiente escolar é
mais comum. Isso ocorre devido ao contato intenso entre elas nas fases
iniciais, quando começam a frequentar espaços mais aglomerados.”
Mas
é essencial lembrar que o calendário vacinal varia conforme a idade e condições
de saúde. Confira as principais imunizações recomendadas, de acordo com o Ministério
da Saúde:
Aos
4 anos:
- Vacina DTP (2º reforço):
Previne difteria, tétano e coqueluche;
- Vacina Febre Amarela (reforço):
Protege contra a febre amarela;
- Vacina Varicela (1ª dose):
Previne a catapora.
Aos
5 anos:
- Vacina Febre Amarela (1ª dose):
Para crianças que não receberam as duas doses antes de completar 5 anos;
- Vacina Pneumocócica 23-valente (2ª dose):
Indicada para populações indígenas, protege contra infecção invasiva pelo
pneumococo.
Aos
7 anos:
- Vacina Difteria e Tétano (dT):
Reforço a cada dez anos, ou a cada cinco em caso de ferimentos graves, a
fim de evitar difteria e tétano.
Aos
9 e 10 anos:
- Vacina HPV (dose única):
Protege contra os tipos de Papilomavírus humano 6, 11, 16 e 18.
Atenção aos sinais
Além
disso, é necessário observar se a criança apresenta alguma alteração comportamental
que possa indicar distúrbios visuais, auditivos ou de desenvolvimento
neuropsicomotor, pois esses podem comprometer o aprendizado. Nesses casos, é
fundamental buscar ajuda especializada.
"Os
pais devem estar atentos a queixas recorrentes de dor de cabeça ou desconforto
nos olhos. Se a criança se aproxima demais dos objetos para enxergar, tem
dificuldade em identificar itens distantes ou senta-se muito próximo da
televisão ou de outras telas para ver melhor, pode ser um indicativo de
distúrbio visual. Nessa situação, uma avaliação médica é essencial para evitar
problemas futuros", alerta o doutor.
Sono
Fora
isso, com o ritmo de férias, muitas crianças acabam perdendo a rotina de sono.
Logo, o médico explica que reforçar esse hábito e estabelecer um horário
regular e adequado para que ela possa dormir, antes mesmo do início das aulas,
pode ter um impacto significativo ao voltar para a rotina escolar.
Segundo
a Associação Brasileira do Sono (ABS), as horas recomendadas de sono para
crianças, incluindo cochilos são de:
- 4 a 12 meses: de 12 a 16 horas diárias;
- 1 a 2 anos: de 11 a 14 horas diárias;
- 3 a 5 anos: 10 a 13 horas diárias;
- 6 a 12 anos: 9 a 12 horas diárias.
Hábitos de higiene
Já
em relação aos hábitos de higiene para os pequenos, as recomendações são as
mesmas destinadas à toda população: lavar sempre as mãos, principalmente após
entrar em contato com secreções como coriza ou saliva, antes de se alimentar e
após usar o banheiro.
"É
preciso orientar a criança para evitar compartilhar objetos como talheres,
copos, pirulitos ou garrafas de água. Justamente por não terem esses cuidados
nos primeiros anos de ambiente escolar, elas tendem a apresentar mais quadros
infecciosos.”
Mochila
O
uso inadequado da mochila também pode afetar a saúde. Por isso, o objeto deve
ser adaptado para a realidade de cada criança.
“Se
a criança precisa percorrer longas distâncias, o ideal é uma mochila mais leve
ou com rodinhas, para evitar o excesso de peso nas costas. As alças devem ser
confortáveis e o tamanho proporcional ao tronco. Além disso, os objetos mais
pesados devem ser colocados na parte de trás da mochila, mais próxima das
costas, para facilitar o transporte e reduzir a sobrecarga”, propõe Raul.
Aspecto psicológico
Por último, mas
não menos importante, o médico enfatiza que os pais precisam observar se a
criança demonstra algum receio em retornar à escola e buscar proporcionar um
espaço seguro para que ela possa expressar seus sentimentos.
“Procure entendê-la
e oferecer apoio. Promover encontros com colegas de turma ainda durante as
férias pode ser uma boa estratégia para manter os laços de amizade e facilitar
a adaptação ao novo ano letivo”, finaliza.
@cejamoficial
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