Eficiência e precisão marcam trajetória da metodologia no Brasil
A prática de implosões começou a ganhar destaque mundial
no começo do século XX, à medida que a tecnologia evoluiu e viabilizou a
demolição precisa de grandes estruturas e edificações. No Brasil, a história é
marcada por pioneirismo e transformações urbanas significativas. O primeiro
caso da América Latina ocorreu no edifício de 30 andares Mendes Caldeira em
1975, na Praça da Sé, em São Paulo, que completará 50 anos em 2025. O
acontecimento marcou o início de um método revolucionário que combina
eficiência, segurança e economia.
Optar por uma implosão requer um estudo que envolve o tamanho da área, a vocação da estrutura e os prazos. Quando sua possibilidade é comprovada, o processo é composto por outras etapas complexas e rigorosas, que vão desde o planejamento ao isolamento e comunicação com a população. Além disso, o dimensionamento das cargas explosivas, os temporizadores, as vistorias cautelares e o envelopamento com telas, uma estratégia que impede que destroços se espalhem, são regidos por protocolos de confiabilidade. Essas fases, que demoravam meses e até mesmo anos para serem concluídas, evoluíram a ponto de serem executadas em semanas.
A aplicação é mais competitiva do que outros métodos, como a demolição manual, por questões relacionadas a custos e preservação, reduzindo o tempo de exposição a riscos. “Especialistas em explosivos são decisivos, pois entendem perfeitamente as reações químicas. Nós, engenheiros civis, somos indispensáveis quando o assunto é conhecer a estrutura e definir quais os melhores pontos para colocar o explosivo”, afirma o engenheiro Roberto Racanicchi, coordenador adjunto do Colégio de Instituições de Ensino Superior de São Paulo (CIES-SP).
Um exemplo emblemático que aconteceu em São Paulo foi
o Complexo Penitenciário do Carandiru, no dia 8 de dezembro de 2002. Para implodir
três pavilhões (de números seis, oito e nove), foram utilizadas cargas
controladas, cuidadosamente distribuídas em pilares e vigas, programadas para
detonar em até sete segundos com sequências milimetricamente calculadas. O
prédio foi envolvido com telas e a área foi completamente evacuada e cercada. A
operação contou com o apoio da Polícia Militar, Defesa Civil e equipes de
emergência, que garantiram a segurança do local.
As unidades dois e cinco foram demolidas três anos depois, em julho de 2005. O espaço, antes marcado por tragédias e um massacre, deu lugar ao Parque da Juventude, com ambientes esportivos, uma biblioteca e uma Escola Técnica Estadual (ETEC), resgatando o valor social e urbanístico da região. Responsável por esse acontecimento, o engenheiro Manoel Jorge Diniz Dias, conhecido como Manezinho da Implosão, já liderou mais de 200 desmantelamentos estruturais ao longo da sua carreira. “Herdei o legado do engenheiro Hugo Takahashi, pioneiro da técnica no Brasil”, conta.
Hugo Takahashi era engenheiro civil e ficou popularmente conhecido como o ‘pai das implosões’ no país, devido ao seu pioneirismo. Com décadas de experiência, coordenou e executou obras de demolições controladas de grande porte, combinando alta precisão e cautela.
Em muitos casos a implosão é inviável, como aconteceu com um prédio localizado na 25 de Março, onde ocorreu um incêndio em 2022. Devido a sua densidade, edificações próximas e subsolo perto do rio, a colisão no solo seria grande e impactaria a fundação de toda a vizinhança.
“Essa avaliação do entorno é fundamental. Para essa situação, a escolha ideal seria a demolição parcial, retirando partes da estrutura por vez, mas esse procedimento demoraria meses”, afirma Racanicchi. A técnica é aplicada em sustentações maiores e que estão em colapso, evitando casas residenciais e construções mais antigas, por exemplo. “É fundamental conhecer todos os detalhes da planta, o que nem sempre é possível em obras realizadas há muitos anos. Sem esse mapeamento, é impossível sua efetivação”, completa.
Hoje, prestes a completar 50 anos de operação no
país, a implosão é cercada de protocolos rigorosos que garantem a proteção das
operações, sempre em parceria com órgãos públicos competentes, como a Defesa
Civil e as prefeituras. “Expor pessoas a riscos por meses é algo evitável
quando se opta pela implosão, que é mais rápida, precisa e econômica”, finaliza
Dias.
Crea-SP
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