SBPC/ML destaca a importância de testes
laboratoriais e cuidados no enfrentamento destas doenças
O verão traz consigo o aumento das temperaturas e das chuvas,
condições ideais para a proliferação de mosquitos transmissores de arboviroses
como dengue, chikungunya e zika. Segundo o Painel de Monitoramento de
Arboviroses do Ministério da Saúde, o Brasil registrou 93.555 casos prováveis
de dengue apenas no início de 2025, com 11 óbitos confirmados e outros 104 em
investigação. Diante desse cenário, especialistas da Sociedade Brasileira de
Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) alertam para a importância
de diagnósticos rápidos e precisos, bem como cuidados essenciais para o
tratamento eficaz dessas doenças.
“Os testes laboratoriais, como RT-PCR e detecção de antígenos, são
ferramentas indispensáveis para identificar o vírus causador e direcionar o
tratamento adequado”, afirma o João Renato Rebello Pinho, membro da SBPC/ML.
Ele explica que, na fase inicial da doença, exames como o teste de antígeno NS1
para dengue podem detectar o vírus já no primeiro dia de sintomas. Esses
recursos também auxiliam no monitoramento epidemiológico e na definição de
estratégias preventivas.
Embora os testes rápidos, recomendados pelo Ministério da Saúde
(MS) desde 2024, ofereçam resultados em até 30 minutos e sejam uma alternativa
viável para regiões com alta demanda, Paula Távora, médica especialista em
Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, membro titular e líder do Comitê de
Testes Laboratoriais Remotos e ex-presidente da Sociedade Brasileira de
Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), recomenda cautela. “Eles
devem ser realizados por profissionais capacitados, em locais autorizados, para
evitar diagnósticos equivocados”, ressaltou, acrescentando que os testes
rápidos, embora úteis, têm limitações, como a possibilidade de resultados
falsos negativos, que podem atrasar o tratamento.
De acordo com Celso Granato, infectologista e patologista clinico,
membro da SBPC/ML, não há medicamentos antivirais específicos contra a dengue,
mas sintomas como febre e dor podem ser tratados com medicamentos seguros, como
dipirona e paracetamol, que não afetam a coagulação sanguínea. "Anti-inflamatórios,
como ibuprofeno e nimesulida, devem ser evitados devido ao risco de
hemorragias", recomenda.
Além dos testes diagnósticos, a prevenção é uma das armas mais
eficazes no combate às arboviroses. Eliminar criadouros de mosquitos, manter
recipientes fechados e evitar o acúmulo de água parada são ações essenciais. “A
identificação precoce dos sintomas e a busca por assistência médica são
igualmente cruciais para evitar complicações, especialmente em idosos e pessoas
com comorbidades”, conclui o Alvaro Pulchinelli, médico toxicologista,
patologista clínico e presidente da SBPC/ML, acrescentando que assim como em
todo verão, a luta contra a dengue e outras arboviroses exige esforços
conjuntos de profissionais de saúde e da população. “Diagnósticos precisos,
cuidados preventivos e o uso consciente de medicamentos são fundamentais para
enfrentar essas doenças", explica Pulchinelli.
Em menor ou maior escala estão à disposição dos clínicos e da
população, os seguintes testes:
- Febre amarela - sorologia (IgG e
IgM) e teste molecular (PCR) - está disponível na maior parte das regiões em
laboratórios públicos de referência, mas em alguns estados em laboratórios
privados;
- Dengue - Teste para antígeno viral
NS1 (antes do 5º dia) e sorologia IgG / IgM (após o 6º dia de sintomas). O
teste molecular - RT PCR detecta o RNA viral e caracteriza a presença dos
quatro tipos do vírus (1, 2, 3 e 4) no período sintomático da infecção até o 5º
dia. A detecção do RNA viral geralmente precede à produção de anticorpos específicos,
e mesmo à detecção do antígeno NS1. É o único exame que identifica o vírus e
que não sofre alteração caso o paciente tenha tido alguma infecção anterior por
outro sorotipo. É importante fazer uma leitura precisa do resultado, já que o
RNA viral pode se tornar negativo após alguns dias de sintoma. Portanto, o RT
PCR não é em geral o exame de primeira escolha para casos com mais de uma
semana de sintomas;
- Chikungunya - O teste molecular RT
PCR pode ser realizado a partir do primeiro dia da doença e permanece positivo
nos primeiros oito dias da doença. A sorologia IgG/IgM deve ser realizada a
partir do 4º dia do início dos sintomas;
- Zika -Teste molecular - em amostras
de sangue (1º e 5º dia) e urina (1º e 8º dia) do início dos sintomas, após este
período por sorologia IgM e IgG.
Os testes moleculares do tipo RT PCR são mais diretos e evitam o
“falso-positivo” dos testes rápidos (Imunocromotografia), além de não sofrerem
reações cruzadas com outros vírus da mesma família. "Existem exames de RT-PCR
que fazem a detecção destes três agentes de uma só vez que podem ser uma boa
opção para casos em que não haja nenhuma suspeita epidemiológica, ou seja, não
há muitos casos de um mesmo tipo de infecção na região e não fica uma “dica” da
possível infecção”, finaliza o coordenador médico e associado da SBPC/ML, João
Renato Rebello Pinho.
SBPC/ML - Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial
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