quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Prefeitura de São Paulo autoriza prorrogação de contratos de mais 7,4 mil professores temporários para a Educação

Publicação saiu no Diário Oficial da Cidade desta quarta-feira (04)

 

A Prefeitura de São Paulo, por meio da Secretaria Municipal de Educação (SME), autorizou a prorrogação de contratos de mais 7,4 mil professores temporários por mais um ano, para atuação nas unidades de educação do ensino infantil ao médio.

A autorização foi publicada no Diário Oficial da Cidade nesta quarta-feira (04). No total, serão 7.440 profissionais, sendo 1.023 professores de Educação Infantil, 3.846 professores de Educação Infantil e Fundamental I e 2.572 professores de Ensino Fundamental II e Médio.

As prorrogações deverão ser feitas pelas Diretorias Regionais de Educação (DREs), com prazo de antecedência máxima de sessenta dias do seu vencimento, mediante necessidade. A contratação de professores temporários é medida excepcional, enquanto os servidores efetivos de concurso público não ingressam na rede municipal de educação. No período, não houve falta de professores.

Desde 2021, foram nomeados mais de 15 mil concursados, sendo 10 mil professores na Rede Municipal de Ensino (RME).



Resiliência aplicada da maneira estratégica traz benefícios aos negócios

 

É importante ressaltar que ser resiliente não significa apoiar ou se culpar por um ambiente organizacional tóxico 

 

Resiliência se tornou uma palavra da moda, principalmente no ambiente corporativo. Mas ela vai muito além disso: é um elemento importante para que as empresas possam seguir adiante, com relações humanizadas entre as equipes e se adaptando aos diferentes cenários de mudança de comportamento do público. As mudanças - especialmente as tecnológicas - estão cada vez mais rápidas, há incertezas econômicas e pressões intensas, o que faz da capacidade de enfrentar desafios um pilar para adaptar-se a novas circunstâncias e prosperar com sucesso.

No contexto empresarial, trata-se principalmente de manter o foco nos objetivos, encontrar soluções criativas para problemas e transformar obstáculos em oportunidades de crescimento. Essa habilidade permite mais agilidade e eficiência. Além disso, uma cultura organizacional resiliente promove a coesão e o alto desempenho dos times, mesmo sob pressão.

De acordo com  Bia Nóbrega, especialista em Desenvolvimento Humano e Organizacional com quase 30 anos de experiência e embaixadora da orienteme, plataforma que oferece soluções integradas para promover a saúde, bem-estar e produtividade, é preciso entender a diferença entre cenários que exigem resiliência e ambientes tóxicos que utilizam o termo para mascarar problemas internos. “Ser resiliente é extremamente importante, mas é preciso um olhar atento para não se culpar por desafios institucionais que não promovem o bem-estar organizacional. A linha é bastante tênue”, aconselha.

Desenvolver resiliência dentro das organizações exige ações estruturadas que incentivem o bem-estar, a adaptabilidade e a mentalidade de crescimento. Existem estratégias eficazes que podem ajudar as lideranças a desenvolverem essa competência em seus times. 

  • Treinamento e desenvolvimento: capacitar colaboradores com habilidades como gestão de estresse, resolução de problemas e inteligência emocional. Programas de treinamento específicos ajudam a criar uma base mais estruturada para lidar com as adversidades.
  • Comunicação aberta: fomentar um ambiente onde os colaboradores se sintam confortáveis para expressar preocupações, compartilhar ideias e sugerir soluções. Isso aumenta a confiança e reduz os impactos de situações difíceis.
  • Flexibilidade e adaptabilidade: incentivar abordagens criativas e proativas diante de mudanças, além de valorizar a capacidade de reavaliar estratégias quando necessário.
  • Apoio mútuo: promover uma cultura de colaboração real, onde os membros da equipe se ajudam mutuamente. O suporte social é um elemento fundamental para enfrentar crises e reduzir o impacto emocional de desafios.
  • Planejamento para a incerteza: incorporar gestão de risco e cenários de contingência no planejamento estratégico e operacional. Antecipar possíveis dificuldades e preparar alternativas é essencial para respostas rápidas e eficazes.

"Resiliência não é apenas resistir às adversidades, mas também encontrar oportunidades de aprendizado e crescimento em meio a elas. No ambiente corporativo, líderes têm um papel de criar espaços onde os colaboradores possam desenvolver essa competência e, assim, prosperar diante dos desafios", explica a especialista.


Benefícios de uma equipe resiliente

Investir no fortalecimento da resiliência entre os colaboradores traz benefícios claros e mensuráveis para as organizações. Equipes resilientes conseguem manter a produtividade mesmo em cenários de alta pressão, garantindo o cumprimento de prazos e metas com eficiência. Além disso, a capacidade de enfrentar adversidades de maneira estruturada e focada assegura a consistência na qualidade das entregas, fortalecendo a confiabilidade e a reputação da equipe.

Essa resiliência reflete diretamente na satisfação dos stakeholders, uma vez que projetos conduzidos por times capacitados tendem a apresentar maior aprovação de clientes e parceiros. Isso ocorre devido à agilidade na resolução de problemas e à manutenção de uma comunicação clara e eficaz, elementos fundamentais para atender às expectativas e superar desafios com sucesso.

“Resiliência é mais do que uma competência individual; é um pilar estratégico para o sucesso organizacional. Ao promover uma cultura que valorize e desenvolva essa habilidade, as empresas se tornam mais preparadas para enfrentar os desafios de mercado”, conclui Bia.  




Bia Nóbrega - com mais de 25 anos de experiência como Executiva de Gente & Cultura e reconhecida como LinkedIn Top Leadership Voice, é uma especialista dedicada ao Desenvolvimento Humano e Organizacional. Sua trajetória profissional é marcada por liderar equipes em variados setores e empresas de diferentes tamanhos, além de conduzir projetos internacionais e enfrentar desafios complexos. A partir de 2019, Bia expandiu seu campo de atuação para incluir Experiência do Cliente, Excelência e Governança, utilizando Metodologias Ágeis para promover um crescimento sustentável. Atuando também como palestrante, mentora, conselheira, embaixadora de soluções inovadoras, escritora e professora, Bia tem impactado inúmeras empresas e indivíduos, fornecendo orientações valiosas em temas como Liderança, Governança e Desenvolvimento Pessoal, sempre enfatizando o potencial ilimitado do ser humano.
https://www.linkedin.com/in/beatrizcaranobrega 

Os impactos das novas regras de cancelamento por atraso de pagamento dos planos de saúde

Os pacientes e consumidores brasileiros que possuem planos de saúde devem ficar atentos às novas regras sobre cancelamento por inadimplência. No último dia 1º de dezembro, entrou em vigor uma nova resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que traz uma abordagem renovada para a gestão de inadimplência e notificações aos usuários do sistema privado de saúde no país. 

Primeiramente, para os contratos firmados a partir de 1º de dezembro de 2024, o cancelamento do plano de saúde só poderá ocorrer se o beneficiário deixar de pagar pelo menos duas mensalidades, sejam elas consecutivas ou não. Esta alteração representa uma flexibilização em relação à regra anterior, que permitia o cancelamento após 60 dias de atraso, consecutivos ou não, dentro de um período de 12 meses. A nova regra proporciona maior segurança e previsibilidade aos beneficiários, reduzindo o risco de cancelamento imediato por pequenos atrasos. 

Para contratos firmados até 30 de novembro de 2024, mantém-se a regra antiga, que permite o cancelamento do plano se o pagamento de qualquer mensalidade ficar em aberto por mais de 60 dias, consecutivos ou não, dentro de um período de 12 meses. Esta distinção temporal é crucial para a correta aplicação das normas e para a orientação dos beneficiários e operadoras. 

Além disso, as novas regras da ANS introduzem mudanças significativas na forma de contestação de valores. Nos contratos firmados até 30 de novembro, o beneficiário pode ter o contrato rescindido ou ser excluído do plano 10 dias após receber notificação da operadora sobre a inadimplência. Já para contratos celebrados a partir de dezembro, se o beneficiário questionar o valor do débito ou a inadimplência dentro desse prazo, a operadora deve responder e conceder mais 10 dias para o pagamento. Esta mudança proporciona uma janela adicional para negociação, especialmente em casos de cobranças indevidas de multas e juros, garantindo maior proteção aos direitos dos consumidores. 

Para contratos empresariais e coletivos, as mudanças também são relevantes. Os contratos firmados por empresários individuais só podem ser cancelados com comunicação prévia ao contratante, informando que, em caso de não pagamento, o contrato será desfeito na data indicada na notificação. Nos contratos coletivos firmados por pessoas jurídicas, aqueles que pagam diretamente à operadora só podem ser excluídos por inadimplência nas condições previstas no contrato, garantindo maior clareza e segurança jurídica para ambas as partes. 

Outro ponto importante das novas regras da ANS é a introdução de novos meios eletrônicos de comunicação para notificação de inadimplência. A partir de 1º de dezembro, a comunicação pode ser feita por e-mail com certificado digital ou confirmação de leitura, SMS, aplicativos de mensagens criptografadas, ligações gravadas, ou ainda carta registrada com aviso de recebimento (AR) ou entrega por representante da operadora com comprovante de recebimento assinado. Antes dessa data, as formas de notificação incluem e-mail com certificado digital e confirmação de leitura, SMS, aplicativos de mensagens criptografadas como WhatsApp e ligações telefônicas gravadas. 

Estas inovações tecnológicas visam garantir que as operadoras esgotem todas as formas de notificação antes de proceder ao cancelamento do plano, aumentando a probabilidade de que o beneficiário seja devidamente informado e tenha a oportunidade de regularizar sua situação. Vale ressaltar que essas alterações podem deixar de beneficiar pessoas sem acesso ou conhecimento suficiente sobre as novas tecnologias, como idosos. Portanto, as operadoras devem garantir o uso de múltiplos meios de contato para assegurar que todos os beneficiários sejam alcançados de forma eficaz. 

Assim, a transição entre as regras antigas e as novas pode gerar dúvidas e controvérsias, especialmente no que tange à aplicação das regras de notificação e cancelamento para contratos firmados em diferentes datas. O consumidor que tiver dúvidas ou qualquer tipo de contestação deve procurar um advogado especializado para buscar a orientação correta em caso de inadimplência ou cancelamento de seu contrato com a sua operadora. 

A ANS, ao cumprir o seu papel de legislar de forma clara e objetiva, publica uma nova regulamentação que representa um avanço significativo na proteção dos consumidores, oferecendo aos beneficiários mais tempo e possibilidades de negociação para regularizar seus planos de saúde. Este novo quadro regulatório busca equilibrar os interesses das operadoras e dos beneficiários, promovendo maior transparência e justiça nas relações contratuais de planos de saúde. 



Natália Soriani - advogada especialista em Direito Médico e da Saúde e sócia do escritório Natália Soriani Advocacia


A era da Ask Engine Optimization: Como ser encontrado pelas inteligências artificiais

Com a ascensão das IAs, entender o conceito de AEO (Ask Engine Optimization) ou GEO (Generative Engineering Optimization) pode ser o grande ponto de partida para o futuro da visibilidade digital de uma empresa, especialmente considerando o aumento no uso de inteligências artificiais para consultas, em detrimento do Google.

Muitas empresas ainda estão adeptas ao tradicional uso do SEO (Search Engine Optimization) e do SMO (Social Media Optimization) para se destacar no ambiente digital. O SEO é uma técnica padrão para otimizar sites e garantir que sejam encontrados pelos mecanismos de busca da internet, enquanto o SMO se dedica a tornar o conteúdo mais visível nas redes sociais, utilizando estratégias como hashtags, metadados, e outros elementos que facilitam a localização do conteúdo.

No entanto, estamos em um momento de mudança. A transformação digital trouxe novas ferramentas e, mais importante, novos hábitos.

Com o avanço de assistentes baseados em inteligência artificial, como o ChatGPT, Gemini, Siri e Alexa, uma nova realidade surge: as pessoas estão deixando de usar exclusivamente os motores de busca tradicionais e começando a fazer perguntas diretamente para as IAs. Diante disso, como as marcas e empresas podem garantir que seus conteúdos sejam priorizados e recomendados por essas inteligências artificiais?

A resposta pode estar em um novo conceito: o AEO – Artificial Engine Optimization, uma abordagem emergente para a otimização da presença digital com foco em IAs.

À medida que mais pessoas buscam informações diretamente nas inteligências artificiais, o conceito de AEO ganha relevância. Artificial Engine Optimization ou AEO, é uma prática voltada para ajustar conteúdos e dados digitais de modo que as IAs possam reconhecê-los e priorizá-los como respostas.

Diferente de um buscador tradicional, que lista uma série de links, as IAs geram respostas mais direcionadas e interpretativas, selecionando informações que julgam mais relevantes.

Portanto, o desafio do AEO é entender como estruturar informações, metadados e conteúdos para serem facilmente “enxergados” por essas IAs. Isso envolve desde o uso de dados estruturados até a adaptação do conteúdo para um formato que se alinhe às preferências e algoritmos dessas inteligências artificiais. 

Outro termo emergente que pode complementar ou até substituir o AEO é o GEO – Generative Engine Optimization, que foca na otimização de conteúdos para serem processados pelas IAs generativas, aquelas que criam e elaboram respostas complexas baseadas em grandes bancos de dados. Diferente do AEO, que é mais amplo e abrange qualquer tipo de IA, o GEO pode ser aplicado a ferramentas que realmente “geram” conteúdo, como o ChatGPT e o Gemini.

No Brasil, ainda não é claro qual termo será o mais adotado, mas essa discussão é interessante para definir a direção que o mercado deve seguir. Enquanto o AEO é mais abrangente e intuitivo, o GEO é mais específico e pode atrair atenção como uma tendência em ambientes onde a IA generativa predomine.

Em paralelo, surge uma reflexão interessante: o AEO poderia ser reinterpretado como Ask Engine Optimization. Esse nome reflete diretamente o comportamento das pessoas ao interagir com as IAs, pois, em vez de fazerem buscas tradicionais, elas fazem perguntas. Esse foco no “perguntar” traz uma abordagem mais acessível e popular, favorecendo um contato direto com a IA.

A vantagem de usar o termo “Ask” é que ele humaniza a relação com as IAs. O usuário não precisa mais “buscar” de maneira técnica, ele pode simplesmente “perguntar”, e o sistema dará uma resposta, seja em texto ou em voz. Nesse sentido, o Ask Engine Optimization traduz a transformação das buscas em conversas diretas e simplifica a forma como as empresas se relacionam com seus públicos.

Se sua marca quer se posicionar para esse futuro que já está no presente, algumas estratégias práticas podem ajudar a garantir que seu conteúdo seja notado pelas IAs. Primeiro, é importante investir em dados estruturados, como a marcação schema.org, para que as IAs compreendam melhor o conteúdo do seu site. Além disso, todos os conteúdos relevantes devem estar enriquecidos com metadados claros e específicos, facilitando sua interpretação e priorização pelas inteligências artificiais.

Criar conteúdos contextuais que respondam a perguntas diretas é outra estratégia eficaz, sendo útil adicionar seções de “perguntas e respostas” em suas páginas, como FAQs. Outro ponto essencial é manter a relevância do conteúdo sempre atualizada; as IAs priorizam informações recentes, então é fundamental que seus blogs e conteúdos estejam sempre atualizados e abordem temas de interesse do momento. Por fim, é importante adaptar o tom e o formato do conteúdo para o estilo de conversa; as IAs tendem a priorizar respostas diretas e objetivas que correspondam exatamente ao que o usuário está buscando.

Com essas práticas, entramos numa nova era do marketing digital, onde a prioridade não é mais só ser encontrado pelos motores de busca, mas sim ser reconhecido e recomendado pelas inteligências artificiais. É o momento de preparar sua marca para que seja visível e relevante para um público que consulta diretamente as IAs, sem passar pelo intermediário tradicional do Google.

Afinal, o futuro está aqui – e a otimização para as IAs será um diferencial competitivo. É hora de estar um passo à frente e adaptar suas estratégias de marketing digital para uma nova era, onde as perguntas encontrarão respostas diretamente com as inteligências artificiais.



Vinícius Taddone - diretor de marketing e fundador da VTaddone®
www.vtaddone.com.br

 

O equilíbrio no uso da inteligência artificial no ensino

Instituições de ensino e profissionais devem estar atentos às possibilidades de uso das ferramentas sem distanciar o professor e o estudante do papel central da educação

 

A introdução da inteligência artificial (IA) no ambiente educacional traz uma série de oportunidades e desafios tanto para os estudantes quanto para os profissionais. À medida que plataformas como o ChatGPT, o Copilot e o Gemini se tornam mais acessíveis, é essencial que as instituições de ensino reflitam sobre como integrar essas ferramentas de forma responsável para evitar que o aprendizado dos alunos seja comprometido. 

Hoje, as crianças e adolescentes que estão em fase escolar têm, com um simples comando virtual, acesso a todo tipo de informação. Respostas precisas sobre assuntos diversos, dicas sobre viagens e resumos de livros são apenas algumas das mensagens que as ferramentas de IA oferecem. Com toda essa facilidade, as atenções das instituições e dos professores devem estar voltadas ao mal uso dessas plataformas. 

Para Everton Drohomeretski, diretor administrativo do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) a IA é uma nova ferramenta de pesquisa, assim como eram as bibliotecas e, posteriormente, os mecanismos on-line de buscas. No entanto, para que o uso contribua para o processo de aprendizagem, é indispensável que seja ligado à tutoria de um professor e ao acompanhamento da família. “Se você dá um microscópio a um aluno que não foi orientado pelo professor, há uma grande chance de ele usar esse microscópio de forma incorreta e não tirar proveito dele”, diz. Da mesma forma acontece com a IA. 

Com a orientação adequada, é possível despertar a consciência no estudante, para que as ferramentas tecnológicas se tornem propulsoras para o desenvolvimento. Para que esse cenário aconteça, é essencial que os educadores estejam capacitados para orientar as novas gerações em relação à utilização das ferramentas. Drohomeretski ressalta que programas de formação continuada e de fácil acesso podem colaborar para o desenvolvimento de metodologias que integrem as novas plataformas ao dia a dia em sala de aula de forma proveitosa. 

“Muitas vezes, a IA vai criar respostas. Sem a tutoria de um professor, o indivíduo acabará fazendo um trabalho com informações que não são reais. Como uma ferramenta complementar para o aprendizado, para a pesquisa e para o estudo ela é muito importante, desde que o aluno seja orientado”, conclui o diretor.
 


Sinepe/PR - Sindicato das Escolas Particulares


Sem 13°, crédito online é opção para PJ e autônomo quitar as dívidas de fim de ano

Com processos menos burocráticos que os bancos tradicionais, fintech pode ajudar esses profissionais a equilibrarem suas contas

 

 

O final do ano é marcado por uma série de despesas extras, como presentes, viagens e confraternizações, o que pode representar um desafio financeiro para aqueles que não recebem o 13º salário; é o caso dos profissionais autônomos e dos contratados em regime PJ. 

Para quem não tem esse direito e precisa quitar dívidas, além de se programar para as contas de janeiro — IPVA, IPTU, matrícula escolar, entre outros gastos —, uma opção a se considerar é o empréstimo pessoal online. 

“É claro que, se o trabalhador já sabe que não vai contar com esse salário extra, o ideal é se planejar ao longo dos meses. Guardar um pouco quando for possível, repensar compras e pensar com antecedência. Mas nem sempre é viável e, nesses casos, o crédito online tem se mostrado uma solução ágil e descomplicada de lidar com imprevistos e dívidas”, explica Thaíne Clemente, executiva de Estratégias e Operações da Simplic, fintech de crédito pessoal 100% online. 

A modalidade se destaca pela conveniência, já que é possível solicitar o empréstimo a qualquer hora e de qualquer lugar. Além disso, oferece transparência sobre as condições e taxas, e entrega respostas rápidas a respeito da aprovação. Com processos simplificados e análises de crédito mais flexíveis, proporciona acesso rápido a recursos financeiros sem a burocracia dos métodos tradicionais. 

Ainda é possível fazer uma simulação do valor antes da decisão final, permitindo que cada um avalie a melhor opção de acordo com suas necessidades e viabilidade financeira. Durante essa etapa, a Simplic ainda é capaz de examinar se o pedido é a melhor estratégia para cada caso, e oferecer contrapropostas conforme a realidade do solicitante. 

“Com a possibilidade de escolher o valor desejado e o prazo de pagamento, os usuários têm maior controle sobre suas finanças, permitindo um planejamento mais adequado para enfrentar os desafios econômicos. É um recurso interessante para começar o ano no azul e manter o orçamento em dia durante 2025”, finaliza Thaíne.

 

Simplic


As organizações sociais e empresas são cruciais na defesa dos direitos humanos

 

No contexto do enfrentamento dos mais graves problemas atuais da civilização e do planeta, o Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, cuja 13ª edição aconteceu em Genebra, na Suíça, de 25 a 27 de novembro, é um evento de extrema relevância. Como catalisador da busca de soluções, desde sua primeira edição em 2012, tem sido um ponto de encontro e reflexão referencial para milhares de participantes de governos, representantes da iniciativa privada, organizações internacionais, sociedade civil, sindicatos, comunidades, advogados e academia. 

A edição de 2024, com o tema “mistura inteligente de medidas” (nacionais, internacionais, voluntárias e obrigatórias), enfatizou a importância de uma abordagem multifacetada para a implementação dos Princípios Orientadores das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos (UNGPs). Estes preceitos, adotados em 2011, estabelecem um marco global para prevenir e remediar práticas não recomendadas nas atividades empresariais. 

Nesse sentido, as ações das entidades da sociedade civil são essenciais para garantir maior proteção dos direitos humanos no universo corporativo. Um exemplo é a conexão do Instituto Nelson Wilians (INW) com iniciativas internacionais de educação cidadã e como a entidade tem liderado esse movimento. Mantemos o programa Educação para a Cidadania, metodologia educacional para conscientizar e engajar pessoas no exercício de seus direitos básicos, por meio da promoção do diálogo e da participação social. Contribuímos para que jovens e mulheres desenvolvam conhecimentos, habilidades, valores e atitudes necessários para se tornarem agentes sociais da mudança. 

No âmbito desse programa, realizamos duas ações. A primeira é o Cidadaniar, iniciativa em conjunto com a Unesco, voltada à formação, capacitação, mobilização e advocacy para promover e valorizar a cultura da legalidade, a Educação para a Cidadania Global (ECG) e a equidade de gênero. O foco são os jovens, mulheres, migrantes e refugiados. A segunda é Compartilhando Direito, que tem a missão de democratizar conhecimento e informação sobre as prerrogativas das pessoas, por meio de uma metodologia própria de educação para a cidadania, combatendo a desinformação. Temos planos de expansão relevantes para o programa, que incluem uma pesquisa sobre o tema, sua inclusão na grade curricular escolar e o lançamento de cartilhas em colaboração com a Unesco. 

Iniciativas como essas, aderentes ao Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos, são fundamentais no Brasil, em especial na base do ensino, na qual ainda não são devidamente aprofundadas questões essenciais da cidadania, diversidade e equidade. Exemplo disso é o diagnóstico inédito sobre a questão, apresentado em 18 de novembro último pelo Ministério da Educação, revelando que 40% das redes escolares brasileiras não consideram os efeitos do racismo no aprendizado e que 25% das matrículas na Educação Básica não contêm informações sobre a raça dos estudantes. O estudo é relevante, pois, desde a promulgação da Lei 10.639/2003, que tornou obrigatórias a história e a cultura afro-brasileira nos currículos, foi o primeiro a avaliar a implementação do ensino para as relações étnico-raciais e os quilombolas. 

Assim, não apenas no ambiente escolar, como em toda a sociedade, é fundamental disseminar a Cultura da Legalidade, que definimos no INW como a condição sociocultural que compreende o nível de conhecimento, desenvolvimento e ação dos indivíduos para a garantia plena de seus direitos. O propósito é promover oportunidades para que as pessoas conheçam seus direitos e responsabilidades e tenham acesso à justiça, por meio de leis e instituições. Também objetivamos que desenvolvam competências e confiança para exercer a cidadania, protagonizar transformações sociais e atuar como cidadãos ativos. 

Democratizar oportunidades, reduzir desigualdades e promover justiça social por meio da Educação e do Direito são causas com as quais empresas, governos e sociedade civil não somente podem, como devem estar alinhados. Dessa “mistura inteligente de medidas”, certamente sairão indivíduos mais empoderados para exercer plenamente sua cidadania, garantindo seus direitos e sendo protagonistas na transformação da sociedade e de suas próprias vidas.




William Ruiz - gerente-geral de Projetos do Instituto Nelson Wilians (INW) e representante da Nelson Wilians Advogados como membro convidado do 13º Fórum das Nações Unidas sobre Empresas e Direitos Humanos.


Dívidas consomem 43% do orçamento familiar em Florianópolis, mas apenas 12% em João Pessoa

Por quê?

 Dados da FecomercioSP mostram ainda que valor médio das dívidas, nas capitais, caiu 7,5% em dois anos; quase um terço dos rendimentos é destinado a pagar essas despesas

 

Praticamente um terço (29,6%) dos rendimentos mensais das famílias que vivem nas capitais está comprometido com o pagamento de dívidas, aponta um grande estudo sobre o tema realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). A taxa se mantém estável há dois anos: em 2022, era de 30,4%, e no ano passado, de 29,7% —, mostrando-se bastante desigual na comparação entre as cidades. 

Em Teresina, por exemplo, quase metade (43%) da renda dos lares é direcionada para arcar com despesas do tipo, a maior taxa entre todas as capitais do País. Em Macapá, essa margem é de 36%, enquanto, em Natal, atinge 35%. A situação é semelhante em Florianópolis, com 34%, e em Curitiba, com 33%, todas acima da média nacional [gráfico 1].  

Na avaliação da FecomercioSP, realidades como essas são perniciosas às economias locais e à própria saúde econômica do País, na medida em que quanto mais endividadas, maior a restrição das famílias não somente para consumir, mas também para investir a médio e longo prazos — ou mesmo para reunir recursos para possíveis emergências. Esses efeitos negativos ainda se somam a particularidades locais que podem ser observadas mais de perto.  

Em Boa Vista, por exemplo, embora o valor médio das dívidas [tabela 1] de cada família seja um dos menores entre as capitais (R$ 1.879), o fato de a cidade ter uma renda média baixa em comparação a outros locais do País torna esse comprometimento do orçamento particularmente perigoso. Em compensação, em Teresina, chama a atenção justamente o montante elevado dessas despesas (R$ 4.654) na composição total dos gastos domésticos. 

Nesse caso, o endividamento pode ser considerado um fator positivo, pois mostra que a população tem mais acesso ao crédito e pode consumir mais, tanto no varejo, como no turismo e nos serviços. No entanto, também traz riscos: se mal gerido, pode levar à inadimplência e excluir pessoas do mercado. A FecomercioSP destaca que é importante olhar esses dados sob os dois ângulos, buscando formas de tornar o consumo mais seguro e proteger o orçamento das famílias, especialmente as de menor renda.

 

[GRÁFICO 1]

Capitais brasileiras com orçamentos familiares mais
comprometidos para pagamento de dívidas, em % 
(2022–2024)

Fonte: IBGE/CNC com cálculos da FecomercioSP



[GRÁFICO 2]

Capitais brasileiras com orçamentos familiares 
menos comprometidos para pagamento de dívidas, em % (2022–2024)

Fonte: IBGE/CNC com cálculos da FecomercioSP

 

No oposto desse espectro, em João Pessoa, penas 12% da renda das famílias é comprometida com dívidas, o que a coloca 31 pontos porcentuais (p.p.) abaixo de Teresina, a capital mais endividada. A cidade se destaca até mesmo em relação a outras com baixo endividamento, como Distrito Federal (22%) e Campo Grande (25%) [gráfico 2]. 

Os dados da FecomercioSP permitem observar que, na capital paraibana, há um uso mais conservador do crédito — e, não à toa, é no município onde estão também as taxas mais baixas de inadimplência (6% das famílias).   

No geral, é possível dizer que a estabilidade do comprometimento médio das dívidas nas capitais indica que as famílias, a despeito das conjunturas cambiantes, têm conseguido manter o controle dos gastos, mesmo frente a algumas situações mais alarmantes, como as de Teresina, Florianópolis e Natal.

 

VALOR DAS DÍVIDAS EM QUEDA

Tão importante quanto observar a parcela do orçamento entregue às dívidas é analisar o valor médio dessas despesas contraídas pelas famílias [tabela 1]. Os resultados do estudo da Federação mostram que esse número está em queda há dois anos — de R$ 4.157, em 2022, para R$ 3.981, no ano passado. Agora, chegou a R$ 3.842, uma retração de 7,5% em dois anos. Contudo, ainda assim, o fenômeno se deu de forma desigual entre as capitais. 

 

[TABELA 1]

Valor médio das dívidas na composição do orçamento das
famílias nas capitais do Brasil, em números absolutos (2022–2024)

Fonte: IBGE/CNC com cálculos da FecomercioSP


 

Florianópolis tem o maior valor médio de dívidas entre as capitais (R$ 5.745). Com 34% do orçamento familiar comprometido, o município enfrenta uma situação complexa. Segundo a FecomercioSP, esse resultado sugere que os lares estão acessando crédito com custos mais altos, tanto para adquirir itens caros quanto para cobrir despesas do dia a dia, o que aumenta os riscos. O valor médio das dívidas na cidade supera o de São Paulo (R$ 5.021). 

João Pessoa, por sua vez, apresenta o menor valor médio de dívidas entre as capitais (R$ 1.078), bem abaixo da segunda colocada, Boa Vista (R$ 1.879), refletindo o baixo comprometimento da renda familiar com dívidas na cidade. 

No total, de acordo com a pesquisa, hoje, as famílias das capitais brasileiras, juntas, devem quase R$ 50 bilhões em empréstimos, faturas de cartão de crédito, boletos do varejo ou financiamentos de carros e imóveis, entre outras modalidades. Em 2022, esse valor era de R$ 46,9 bilhões.

 

FecomercioSP
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Governo de SP lança consulta pública para concessão do Lote Paranapanema

Rodovia Engº Lauri Simões de Barros (SP-189).
 Divulgação: Governo de São Paulo
Concessão terá vigência de 30 anos e prevê investimento de cerca de R$ 2,5 bilhões 

 

A Agência de Transporte do Estado de São Paulo - ARTESP publicou, na edição extraordinária da terça-feira (3) do Diário Oficial do Estado (DOE), a consulta pública para receber contribuições e sugestões da sociedade sobre o projeto de concessão patrocinada do sistema rodoviário Lote Paranapanema, São 211 quilômetros de rodovias estaduais e um investimento previsto de R$ 2,5 bilhões.

As contribuições serão colhidas a partir do dia 9 de dezembro e devem ser encaminhadas por escrito, até às 18h do dia 10 de janeiro de 2025, por meio de formulário eletrônico disponibilizado no site da ARTESP. Podem participar pessoas físicas ou jurídicas interessadas no projeto. 

Apenas serão consideradas as contribuições que incluírem a identificação do participante e contato (e-mail e telefone), estiverem devidamente preenchidas no formulário padrão e forem enviadas dentro do prazo estabelecido. 

Também serão realizadas três audiências públicas, nos dias 16, 17 e 18 de dezembro, para receber contribuições da sociedade, sendo as duas primeiras em formato presencial e a última em formato híbrido, ou seja, permitindo manifestação presencial e online. Os interessados em se manifestar deverão realizar cadastramento prévio por meio do formulário disponibilizado no site da Agência: audiência pública 15/2024; audiência pública 16/2024 e audiência pública 17/2024.

 

LOTE PARANAPANEMA

Por meio de parceria público-privada (PPP), o projeto prevê ampliação, operação e manutenção do trecho rodoviário que liga Itapetininga a Ourinhos, com implantação de faixais adicionais, acostamentos, dispositivos e passarelas. Com leilão previsto para o primeiro semestre de 2025, ele está qualificado no âmbito do Programa de Parcerias de Investimentos do Estado de São Paulo (PPI-SP), coordenado pela Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI).  

O projeto contempla trechos rodoviários da Raposo Tavares (SP-270), Rodovia Engenheiro Lauri Simões de Barros (SP-189), Rodovia Mello Peixoto (SP-278), Acesso Ivens Vieira (SPA-204/270) e Rodovia Engenheiro Edson Martins de Lara (SPA 245/270). O Lote beneficia 13 municípios da Região de Sorocaba; Angatuba, Bernardino de Campos, Buri, Campina do Monte Alegre, Canitar, Chavantes, Ipaussu, Itaí, Itapetininga, Ourinhos, Paranapanema, Piraju e Tejupá. 

 

SERVIÇO 

Audiência Pública nº 15/2024:

  • Data: 16 de dezembro
  • Local: Auditório da Câmara Municipal de Ourinhos (SP)
  • Endereço: Rua Expedicionário 1550
  • Horário: 10h

 

Audiência Pública nº 16/2024:

  • Data: 17 de dezembro
  • Local: Auditório Municipal Alcides Rossi em Itapetininga (SP)
  • Endereço: Praça dos Três Poderes, nº 1000 - Jardim Marabá
  • Horário: 10h

 

Audiência Pública nº 17/2024:

  • Data: 18 de dezembro
  • Local: Auditório da Agência de Transporte do Estado de São Paulo - ARTESP
  • Formato: Híbrido (presencial e online)
  • Horário: 10h


Bioplástico: falta de padronização e de regras claras dificulta consumo sustentável, diz estudo

Segundo os pesquisadores, existe uma confusão conceitual entre
 termos como “bioplástico”, “bio-based”, “biodegradável” e “compostável”
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foto: Freepik*)
Em artigo de revisão, pesquisadores destacam a importância de instituições como ABNT, Inmetro e ISO na definição de normas para caracterizar os biopolímeros e evitar o greenwashing – prática de marketing que promove enganosamente produtos como sendo ecológicos

 

Uma revisão da literatura sobre bioplásticos, aliada à análise das legislações europeia e brasileira, revela que a falta de padronização global tem dificultado a adoção de soluções sustentáveis e contribuído para o greenwashing – prática de marketing que promove enganosamente produtos como sendo ecológicos. Artigo publicado no periódico Sustainability argumenta que instituições intermediárias – como a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), no Brasil, ou a International Organization for Standardization (ISO), no cenário internacional – deveriam desempenhar um papel central na normatização desse mercado.

O trabalho, realizado por um grupo interdisciplinar composto por professores e pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), das áreas de engenharia de alimentos, engenharia química, economia e direito, membros da Rede All4Food, recebeu apoio da FAPESP por meio de dois projetos (21/11967-6 e 20/13307-0).

“Investigamos como as instituições intermediárias podem criar definições globais claras para os bioplásticos, protegendo os consumidores do greenwashing e contribuindo para a transição rumo a uma economia circular, na qual os resíduos sejam transformados em recursos. Nosso estudo destaca o papel dessas instituições em traduzir regras macroinstitucionais, estabelecendo normas técnicas e monitorando seu cumprimento”, diz Vivian Lara Silva, professora da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da Universidade de São Paulo (FZEA-USP), no campus de Pirassununga, e primeira autora do artigo.

Segundo Maria Teresa Freire, também professora da FZEA-USP e coautora do artigo, existe hoje uma confusão conceitual entre termos como “bioplástico”, “bio-based” [baseado em biomassa, segundo a International Union of Pure and Applied Chemistry – Iupac], “biodegradável” e “compostável”. Um plástico pode ser de origem biológica ou de base biológica, mas não necessariamente biodegradável e/ou compostável. Como exemplos, ela cita materiais não biodegradáveis de origem biológica ou de base biológica que são quimicamente idênticos a produtos de origem fóssil, tais como o polietileno (PE), produzido a partir do etanol de cana-de-açúcar, e tereftalato de polietileno de base biológica (PET), produzido a partir de amido de milho.

“Ao associar o prefixo ‘bio’ a um material, o consumidor pode achar que está comprando algo que degrada rapidamente em condições naturais e que não causa impactos ao meio ambiente. Pode acreditar que o comportamento desse material é diferente daquele que ocorre nos lentos processos de degradação de materiais provenientes de derivados de petróleo, que levam décadas, e reconhecidamente geram microplásticos. Porém, um material obtido a partir de fonte renovável também pode necessitar de condições específicas para degradação”, afirma.

Um exemplo mencionado por ela é o ácido poliláctico (PLA), produzido a partir de amido de milho ou de cana-de-açúcar. Esse material é considerado biodegradável, por ser compostável segundo padrão ISO. Porém, não se degrada com sucesso no ambiente natural pela ação de microrganismos e à temperatura ambiente. Em condições industriais, degrada-se entre seis e nove semanas e, no oceano, pode levar um ano e meio. É usado principalmente na indústria de alimentos para produção de descartáveis, como copos, talheres, pratos, bandejas e recipientes para alimentos.

“Há materiais de origem biológica ou de fontes renováveis que necessitam de altas temperaturas para degradar ou necessitam de tratamentos específicos em composteiras ou digestores municipais, ou ainda em aterros sanitários específicos, sob condições definidas e testadas. Por outro lado, há também materiais provenientes de origem fóssil que são biodegradáveis a exemplo do poli(butileno adipato co-tereftalato) (PBAT). Diversos produtos baseados em PBAT encontram aplicação para sacolas, sacos de lixo, talheres e filme de cobertura, entre outras possibilidades”, informa Freire.

A pesquisadora acrescenta que é preciso considerar também que estudos científicos trazem à tona questionamentos sobre a produção de microplásticos nos processos de degradação de materiais biodegradáveis. E que se deve levar em conta ainda que, para além da formação de microplásticos, a decomposição na compostagem produz gás metano, contribuindo para o aquecimento global.

Na medida em que o conhecimento tecnológico avança, fica evidente a grande diversidade de produtos finais obtidos pela combinação de diferentes biopolímeros, que, associados a outros polímeros de base biológica ou não e a outras substâncias (aditivos), permitem uma gama variada de aplicações industriais. Nessa perspectiva, avançam igualmente os estudos científicos que buscam compreender e avaliar os mecanismos de degradação dessas composições, tendo em vista que diferentes combinações de materiais podem apresentar comportamentos distintos para a decomposição, seja em ambiente controlado ou natural.

“Ademais, é preciso conhecer os impactos ambientais provocados pelo conjunto de substâncias que correspondem aos resíduos formados no processo de degradação. Esses desafios são peças de um grande quebra-cabeça que ainda não formam uma imagem bem definida. As mesoinstituições podem dar uma importante contribuição para o encaixe dessas peças, constituindo a ponte entre as macro e as microinstituições envolvidas no universo dos bioplásticos”, comenta Silva.

Diante da abrangência e complexidade do tema, deve-se, além de compreender os reais impactos causados ao meio ambiente, buscar a unificação da linguagem e entendimento entre especialistas e pesquisadores – passos essenciais para ações mais concretas relacionadas à saúde do planeta, ao atendimento de exigências climáticas e à redução da extinção de espécies, problemas ambientais urgentes da atualidade. A falta de definições precisas e claras gera um entendimento equivocado e cria grandes dificuldades para quem está produzindo, comercializando e usando esses materiais. E a situação é agravada pela falta de harmonia regulatória, o que impede a adoção, em escala global, de soluções verdadeiramente sustentáveis.

“Um dos maiores problemas é que não há consenso sobre o que caracteriza um bioplástico. Na União Europeia, por exemplo, não existe uma definição oficial. E, sem essa definição, fica difícil para as empresas atuarem de maneira transparente”, informa Vitor de Batista, mestre pela Faculdade de Direito de Ribeirão Preto (FDRP-USP) e coautor do artigo. Ele destaca que a ausência de normas claras não apenas gera confusão no mercado, mas também impede que inovações sustentáveis recebam o apoio regulatório necessário para prosperarem.

De acordo com os pesquisadores, cabe às instituições intermediárias a responsabilidade por estabelecer essas normas, com padrões e parâmetros nacional e internacionalmente acordados. “O papel dessas instituições é traduzir a legislação macroinstitucional em normas técnicas aplicáveis. E monitorar o seu cumprimento”, pontua Freire.

O artigo também sugere que soluções tecnológicas para o desenvolvimento de novos materiais precisam estar alinhadas com esforços de conscientização pública. “A educação ambiental é crucial nesse processo. É uma falácia acreditar que podemos ter um sistema alimentar completamente livre de plástico. Mas podemos e devemos reduzir o consumo excessivo de plásticos, muitos dos quais se popularizaram sem uma necessidade real”, sublinha Silva.

Para um efetivo processo de comunicação entre a ciência e a sociedade, é crucial a harmonização das definições para que se construa uma linguagem única e sem ambiguidades que possibilite ao mercado e aos educadores disseminar o conhecimento em uma só voz.

Parte do grupo de pesquisadores envolvido na revisão da literatura sobre bioplásticos está atualmente colaborando em outra frente de trabalho: Centro de Ciência para o Desenvolvimento de Soluções para os Resíduos Pós-Consumo: Embalagens e Produtos (CCD Circula). Apoiado pela FAPESP, o centro é liderado pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) https://ital.agricultura.sp.gov.br/ e está embasado no modelo de “tríplice hélice”, em que governo, institutos de pesquisa e universidades e empresas colaboram na busca de soluções socialmente relevantes.

O artigo Bioplastics and the Role of Institutions in the Design of Sustainable Post-Consumer Solutions pode ser acessado em: www.mdpi.com/2071-1050/16/12/5029.



José Tadeu Arantes
Agência FAPESP
https://agencia.fapesp.br/bioplastico-falta-de-padronizacao-e-de-regras-claras-dificulta-consumo-sustentavel-diz-estudo/53478