Com tecnologias emergentes, audiodescrição, interfaces acessíveis e outras inovações, EAD quebra barreiras e permite acessibilidade e aprendizado contínuo aos estudantes deficientes
No Brasil, o ensino superior tem conquistado terreno com o uso de
tecnologias que não apenas quebram barreiras, mas também abrem novas
possibilidades de aprendizado para estudantes com deficiência. Em 2023, mais de
92 mil estudantes com deficiência estão matriculados em cursos de graduação no
país, um salto impressionante de 219% em comparação com 2013, quando eram cerca
de 29 mil. Esse crescimento revela um avanço significativo na acessibilidade,
embora esses estudantes ainda representem apenas 0,9% do total de 9,9 milhões
de alunos matriculados. Essa discrepância destaca a urgência de um ambiente
universitário mais inclusivo, e é no ensino a distância (EAD) que muitos desses
alunos têm encontrado uma verdadeira porta de entrada para o ensino superior.
Leticia Fabbri, 30 anos, aluna de Jornalismo da Faculdade Anhanguera, é um exemplo disso. Deficiente física e auditiva, encontrou na modalidade EAD a flexibilidade necessária para continuar seus estudos, mesmo enquanto lida com recorrentes hospitalizações. "Para mim, a EAD não é apenas uma escolha prática, mas uma condição para poder seguir em frente academicamente", explica. Com suporte em tecnologias como legendagem automática, audiodescrição e interfaces acessíveis, o EAD tem permitido que ela e muitos outros estudantes possam não só acompanhar o conteúdo como também se sentir integrados no processo educacional. "Eu encontrei na EAD um espaço inclusivo, onde posso aprender sem que minha deficiência seja um empecilho", afirma.
Este fenômeno revela um ponto muitas vezes invisível para o público geral: enquanto as universidades tradicionais ainda enfrentam dificuldades para oferecer acessibilidade total, a EAD emerge como uma solução adaptável, rompendo com limitações físicas que muitos desses alunos enfrentariam no ensino presencial.
A importância do ensino a distância vai além da praticidade para
aqueles com agendas lotadas; para Leticia, o modelo de ensino é essencial para
enfrentar o medo da falta de acessibilidade e a ansiedade associada à interação
presencial. "Por isso, é muito importante que exista esses cursos à
distância, porque é uma alternativa acessível, que proporciona a inclusão de
pessoas com diferentes necessidades, garantindo que todos tenham a oportunidade
de buscar conhecimento, independentemente de suas limitações físicas ou
geográficas."
Alexey Carvalho, reitor da Faculdade Anhanguera, aponta que, o
ensino à distância, ao tornar-se um espaço mais inclusivo, não apenas está
abrindo portas para os estudantes deficientes, mas também está se tornando um
exemplo de como a educação pode ser adaptável e enriquecedora para todos os
alunos, independentemente de suas capacidades físicas. “A EAD, ao superar
desafios e aproveitar avanços tecnológicos, emerge como um catalisador de
transformações positivas no cenário educacional. Além disso, as vídeo aulas
contam com intérprete de Libras e legendas para pessoas com deficiência,
enquanto o ambiente virtual do aluno oferece diversos recursos, facilitando a
acessibilidade tanto para cursos presenciais quanto à distância”, finaliza.
Os números também mostram um padrão de representação nas
deficiências mais comuns no ensino superior: 36.629 estudantes com deficiência
física, seguidos por 23.112 com baixa visão e 10.156 com deficiência intelectual.
Esse perfil evidencia tanto o impacto das barreiras específicas para cada tipo
de deficiência quanto a necessidade contínua de adaptação das universidades
para oferecer uma experiência educacional verdadeiramente inclusiva.
Em um país onde a população com deficiência supera 18 milhões, a
presença ainda limitada de estudantes com deficiência no ensino superior
sinaliza a importância de fortalecer e expandir iniciativas de acessibilidade.
E, nesse contexto, a EAD segue como um caminho promissor para garantir que a
inclusão não seja um ideal distante, mas uma realidade concreta para milhares
de brasileiros.
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