Os avanços tecnológicos e a busca cada vez maior por soluções que envolvam a transformação digital de empresas e negócios tornam o seguro cibernético uma ferramenta essencial para proteger sua empresa dos riscos muito presentes no mundo virtual. Não por acaso, a procura por esse tipo de cobertura cresceu 880% nos últimos cinco anos no Brasil.
Segundo um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras
(CNseg), essa modalidade de seguro arrecadou R$ 20,7 milhões em 2019, porém
alcançou a marca de R$ 203,3 milhões no ano passado. Há múltiplos componentes
para compreender o forte aumento da demanda, a começar pelo fato de que quase
seis em cada dez companhias do país já foi alvo de ataques em 2023, segundo o
Índice Global de Proteção de Dados (GDPI).
Para as
seguradoras, esse tipo de apólice visa amparar perdas financeiras dos seus
clientes decorrentes de ataques virtuais, erros ou negligências, e que resultem
em vazamento de dados e outros danos relacionados à segurança da informação. Em
geral, a cobertura pretende cobrir custos para restauração de dados ou
sistemas, custos legais na esfera judicial, além de eventuais perdas de
receitas nos negócios e possíveis danos à reputação.
Todavia, um dos
grandes desafios dentro do ambiente digital é a precificação de um seguro
cibernético. Trata-se de um processo complexo que leva em consideração diversos
fatores, visando oferecer uma cobertura adequada e um valor justo para o
segurado. Alguns dos aspectos centrais envolvem o tamanho da empresa (quanto
maior, mais volumes de dados e mais operações robustas), o setor de atuação
(financeiro e de saúde são os preferidos dos cibercriminosos), e o volume de
dados e informações sob tutela da organização.
Mas não são os
únicos. Uma apólice de cobertura digital irá considerar ainda um eventual
histórico de incidentes no ambiente virtual, o arcabouço de segurança da
empresa (que pode até mesmo gerar descontos na contratação), a localização
geográfica da companhia e as várias coberturas adicionais que podem ser
adicionadas ao contrato final, cobrindo aspectos adicionais.
Diante disso, o
cálculo do prêmio pode ser desafiador, quando não imensurável. Um exemplo disso
envolve, por exemplo, uma eventual tentativa de um influenciador digital buscar
um seguro cibernético. Se cobrir a perda de dados e contas em redes sociais,
hipoteticamente, pode ser mensurado, o mesmo é improvável para possíveis danos
causados por opiniões e atitudes fora do escopo do contrato protagonizadas por
esse mesmo influenciador. É um risco que a maioria das seguradoras não toparia
hoje.
Entretanto,
voltando a aspectos mais comuns ao mundo corporativo, o processo de cotação de
um seguro cibernético não foge muito ao que já conhecemos, com análise de
riscos, definição de coberturas, cálculo do prêmio e a emissão da apólice ao
final do processo. O que cabe reforçar aqui é que estamos falando de uma
modalidade que não se deve ver como padronizada, já que cada apólice é
personalizada segundo as necessidades de cada empresa.
Da adição da
Inteligência Artificial (IA) aos processos de desenvolvimento de software,
passando pela modernização e migração de legados de grandes conglomerados para
o ambiente em nuvem, a contratação de um seguro cibernético se coloca como
potencial “camada extra” na proteção corporativa. Há nele a proteção
financeira, a assistência no gerenciamento de eventuais crises, o compromisso
com os regulatórios, e a segurança de estar coberto por eventuais ações
criminosas.
Nunca é demais
reforçar que o seguro cibernético não substitui as medidas de segurança. Ele é
um complemento que oferece uma proteção adicional em caso de incidentes, seja
um caso de ransomware, phishing, DDoS, malware
ou outro tipo de ataque por vulnerabilidades diversas. Boas práticas dos
funcionários e ferramentas devidamente atualizadas devem ser vistas como
protagonistas neste processo de eficiência no cuidado com os dados na esfera
virtual.
Uma ação preditiva
e estratégica de uma companhia na atualidade terá o seguro cibernético como uma
variável importante. Tão relevante quanto compreender isso é comparar as
diferentes opções disponíveis e escolher uma cobertura que atenda às
necessidades específicas da sua organização.
Antonio Darcio Valerio Filho - Business Vice President da GFT Technologies no Brasil
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