Condição afeta
funcionamento do organismo e pode ser principal causa de doenças como diabetes,
hipertensão e até mesmo câncer
O diagnóstico da obesidade, uma doença associada ao
excesso de peso, ainda é frequentemente baseado no Índice de Massa Corporal
(IMC) de um paciente. No entanto, um estudo realizado pela Associação Europeia
para o Estudo da Obesidade (AESO) sugeriu recentemente uma atualização nos
indicadores, considerando o IMC um marcador insuficiente para um diagnóstico
preciso. A proposta indica que a gordura abdominal pode desencadear problemas
de saúde, mesmo em pessoas que ainda não apresentam manifestações clínicas da
doença, e deve ser considerada um fator de risco também em indivíduos com IMC
mais baixo.
Essa mudança de conceitos visa reduzir o índice de
subtratamento da doença, incluindo na classificação de obesidade pessoas com
IMC de 25 a 30 que apresentem complicações clínicas, funcionais ou psicológicas
associadas ao sobrepeso. A obesidade é uma condição que afeta o funcionamento
dos sistemas do corpo; portanto, o diagnóstico preciso pode viabilizar o
tratamento adequado e reduzir as chances de desenvolvimento de várias outras
doenças.
Fator de risco para outras
doenças
Entre as condições mais comuns em pessoas obesas
estão as chamadas doenças cardiometabólicas, como hipertensão e diabetes. O
médico endocrinologista Fabiano Lago explica que o excesso de gordura corporal
causa resistência à insulina, um fator crucial no desenvolvimento dessas
condições. "Uma das condições diretamente ligadas ao excesso de peso é o
diabetes tipo 2, que representa a maioria dos casos da doença e está associado
à resistência insulínica. O excesso de peso é um dos principais responsáveis
por essa resistência, que sobrecarrega o pâncreas, aumentando o risco de
desenvolver diabetes. Além disso, a obesidade também pode elevar os níveis de
gordura no sangue, como o LDL colesterol, e está associada a uma maior
incidência de hipertensão arterial", afirma o médico, que atua no Spa
Estância do Lago.
Outra condição de saúde associada à obesidade é o
câncer. Pessoas com obesidade estão em um grupo de maior risco para diversos
tipos de câncer, como o de mama, cólon, endométrio e fígado. O excesso de
gordura corporal pode alterar os níveis hormonais, criando um ambiente propício
para o aumento de células cancerígenas. Além disso, a inflamação crônica
causada pela obesidade pode contribuir para mutações celulares e crescimento de
tumores, aumentando tanto a incidência quanto a gravidade dos cânceres em
pacientes obesos.
O excesso de peso também afeta a mobilidade, pois
pessoas obesas enfrentam uma pressão maior nas articulações. “Essa condição
sobrecarrega as articulações, acelerando o desgaste da cartilagem. Esse tipo de
desgaste normalmente causa dor e pode levar à perda de mobilidade, além de
estimular o desenvolvimento precoce de artroses, principalmente nos joelhos e
quadris”, complementa o endocrinologista.
Impacto psicológico
A obesidade afeta não só o corpo, mas também a
mente. Pessoas obesas tendem a enfrentar, na maioria das vezes, problemas como
baixa autoestima, isolamento e vergonha, devido à discriminação que acompanha a
condição. “Alguns problemas de ordem psicológica, considerando que vivemos em
uma época dominada pelas redes sociais, onde a aparência é muito importante,
podem afetar negativamente pessoas com obesidade, em especial aquelas que
enfrentam um grau severo da doença”, explica Fabiano.
Além disso, o impacto psicológico causado pela
obesidade pode se tornar um obstáculo na adoção de hábitos saudáveis,
dificultando a perda de peso. O sentimento de fracasso que acompanha cada
tentativa frustrada de emagrecimento pode, por exemplo, desencadear casos de
compulsão alimentar, criando um ciclo vicioso que prejudica ainda mais a saúde
mental.
Tratamento multidisciplinar
Para que o tratamento da obesidade seja mais
eficiente, uma abordagem multidisciplinar, que envolve a colaboração de
profissionais de diversas áreas da saúde, é fundamental para abordar as
complexidades e especificidades de cada caso. “Quando a pessoa conta com um
grupo de suporte, a chance de êxito no processo de perda de peso e na sua
manutenção é muito maior. Por isso, espaços como spas, que contam com uma
equipe multidisciplinar, são tão valiosos, pois oferecem suporte em diversas
áreas afetadas pela obesidade”, reforça o médico.
Médicos, psicólogos, educadores físicos, nutricionistas e, quando necessário, cirurgiões, trabalham juntos na criação de um plano de tratamento personalizado, que prioriza a reeducação alimentar, a atividade física e o suporte emocional e clínico para enfrentar os desafios e as condições associadas ao excesso de peso e ao processo de emagrecimento. “Nesses casos, os pacientes, mesmo após o tratamento, mantêm os bons hábitos em casa. É um intensivo de autocuidado que faz com que a nova rotina seja encarada com mais vontade de cuidar da saúde”, finaliza.
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