quarta-feira, 25 de setembro de 2024

Pesquisa revela redução de 13% nas cesáreas, após adoção do Programa Parto Adequado

A pediatra Dra. Marcelle Bonomo explica que a conscientização dos benefícios de um parto natural reduz cesárias no Brasil

 

O número de césareas realizadas em hospitais privados recebeu uma redução de mais de 13%, revela levantamento divulgado na última quarta-feira (18/09). O efeito veio através do Programa Parto Adequado, promovido pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que visa valorizar o parto normal e reduzir o percentual de cesarianas desenecessárias. O estudo foi realizado por pesquisadoras da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade de Brasília (UnB), no período de 2015 a 2019. Para Dra. Marcelle Bonomo, coordenadora de pediatria do Grupo Conaes Brasil, o parto natural possui uma melhor performance em termos de maturidade gestacional e sobrevivência neonatal. 

A pesquisa também concluiu que os hospitais que não aderiram ao programa tiveram uma redução de somente 3,4% na realização de cesáreas. “O parto natural é benéfico para a saúde da mãe e do bebê. Para o recém-nascido há baixo risco para o desenvolvimento de problemas respiratórios, além de também ajudar o bebê a desenvolver a sua flora intestinal, tendo também um sistema imunológico mais ativo e saudável. Já entre os benefícios para mãe, estão a recuperação materna mais rápida, o menor tempo de internação hospitalar e a menor chance de ter infecções”, afirma. 

A redução mais significativa na proporção em hospitais que adotaram o programa ocorreu a partir de 2018, aponta o levantamento. Apesar disso, ainda em 2019, a taxa de realização de cesáreas foi de aproximadamente 72%, uma porcentagem acima da esperada pelos pesquisadores, que tinham a estimativa de 45%. Não à toa, de acordo os dados divulgados pelo Ministério da Saúde, o Brasil está em segundo no lugar no ranking de países com maiores taxas de partos cirúrgicos, marcando uma média de 55% ficando atrás apenas da República Dominicana, que possui uma taxa de 58%. O alto índice vai contra as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda que a proporção de partos cesarianos seja somente de 15%. 

"Em muitos casos, a cesárea é feita antes do prazo correto, ou seja, antes da 39ª e 40ª semana de gestação. Esse é o tempo mais indicado para que não ocorra riscos à saúde do bebê e da mãe, o que minimiza as chances de patologias, permitindo o desenvolvimento completo dos órgãos vitais da criança. A cesariana feita antes dessa data, pode trazer problemas respiratórios crônicos para as crianças, além de outras séries de complicações, como distúrbios de crescimento, deficiências oculares e auditivas”, alerta a coordenadora de pediatria do Grupo Conaes Brasil. 

Dra. Marcelle explica que a banalização da cesárea, compromete o futuro do desenvolvimento do bebê. Isso porque crianças que nasceram antes do tempo correto, por exemplo, enfrentam um maior desafio na amamentação, necessitando muitas vezes de suporte adicional, associado a dificuldade no ganho de peso. “Há também uma maior chance de desenvolver icterícia por imaturidade do fígado, aumentam os riscos de infeções, podendo ocasionar em sepse neonatal e em problemas neurológicos”, finaliza dra. Marcelle. 



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