No mês de conscientização sobre estes
tumores, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) faz alerta sobre o
risco do consumo de alimentos processados
O câncer de intestino é o tipo de tumor com maior projeção para o
quinquênio 2026-2030, com aumento previsto em 10% entre as pessoas de 30 a 69
anos. A afirmação é baseada no artigo Os objetivos de desenvolvimento
sustentável para o câncer podem ser cumpridos no Brasil?, publicado por
pesquisadores do Instituto Nacional de Câncer (INCA) na revista Frontiers in
Oncology.
Diante desse cenário, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica
(SBOC) aproveita o Setembro Verde – mês de conscientização sobre o câncer de
intestino – para reforçar a importância de uma dieta equilibrada para a
prevenção desse tipo de neoplasia, que é a segunda principal causa de óbitos
relacionados ao câncer no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Apesar de a maior incidência dos cânceres de intestino ocorrer em
pessoas acima dos 50 anos de idade, especialistas têm observado em consultório
um aumento crescente de casos entre os mais jovens. Presidente da SBOC, Dra.
Anelisa Coutinho explica que os estudos seguem em andamento para que as causas
possam ser definidas, mas que a mudança do padrão de hábitos alimentares pode
ter tido um impacto significativo no aumento de ocorrências desse tipo de
tumor.
“Nas últimas décadas, houve um aumento do consumo de alimentos
industrializados e processados”, comenta Dra. Anelisa. “A prevenção é possível
com a manutenção do peso corporal adequado, a redução do consumo de carnes
processadas e vermelhas e evitando o consumo de bebidas alcoólicas. Também faz
parte uma alimentação saudável, rica em frutas e legumes”, enfatiza a
oncologista clínica.
Classificação de alimentos carcinogênicos
Após a análise de mais de 800 estudos científicos, a Agência
Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC, da sigla em inglês), órgão ligado à
OMS, classificou no grupo 1 de carcinogênicos as carnes ultraprocessadas como
presunto, salsicha, linguiça, bacon,
salame, mortadela e peito de peru. O que significa que existem dados suficientes
que comprovaram a associação do consumo desse tipo de alimento ao risco de
câncer.
Já a carne vermelha (boi, porco, carneiro e bode) foi classificada
pela entidade como grupo 2A, isto é, provável carcinógeno, mesma classificação
para herbicidas, produtos químicos utilizados para o controle de pragas na
agricultura. O INCA recomenda o consumo máximo de 400g de carne vermelha por semana.
Câncer de intestino
A doença é silenciosa e frequentemente passa despercebida, pois
seus primeiros sinais, como alterações intestinais, podem ser facilmente
subestimados. Qualquer mudança no padrão habitual das fezes deve ser um motivo
de atenção. Alterações significativas, como constipação repentina ou episódios
de diarreia que não eram comuns, bem como sangramento nas fezes, são sinais que
não devem ser ignorados.
“Mesmo que se suspeite de hemorroidas ou fissuras anais, é
fundamental informar o médico e investigar o sangramento, independentemente da
idade”, comenta Dra. Anelisa.
Outros sintomas que podem indicar a presença da doença incluem dor
abdominal, fraqueza, anemia e, em casos mais avançados, a sensação de uma massa
abdominal, assim como a perda de peso inexplicada.
A oncologista clínica reforça que a adoção de hábitos saudáveis é
importante para a prevenção não apenas do câncer de intestino, mas também de
outros tipos de tumores. “A maior parte dos fatores de risco relacionados à
doença são modificáveis. Neste contexto, é importante a prática regular de
atividade física, a manutenção de um peso corporal adequado, boas práticas de
alimentação e evitar o tabagismo”, conclui a presidente da SBOC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário