Os cânceres ginecológicos são aqueles que afetam os órgãos do sistema
reprodutivo feminino. Conhecer os tipos, os métodos de prevenção, e os tratamentos
adequados é essencial para enfrentar e evitar esses tumores.
No
Brasil, as estatísticas mostram que os cânceres ginecológicos são um crescente
desafio de saúde pública:
- Câncer de Colo do Útero: É
o segundo câncer que mais mata mulheres de 20 a 49 anos. Segundo o
Instituto Nacional de Câncer (INCA), estima-se que em 2024 serão
diagnosticados aproximadamente 17.000 novos casos de câncer de colo do
útero. Também de acordo com o INCA, todos os dias, cerca de 19 mulheres
morrem no Brasil devido ao câncer de colo do útero, ou seja, a cada duas
horas pelo menos uma mulher morre no país por essa doença. Se
considerarmos todo o continente americano, são mais
de 35 mil mortes por ano, sendo 80% delas nos países
latinos. A principal causa é a infecção persistente pelo HPV
(papilomavírus humano). Cerca de 99% dos casos são causados pelo HPV, mas
a boa notícia é que a vacina contra esta infecção, recomendada para
meninas e meninos de 9 anos a 14 anos e adultos até 45 anos, tem mostrado
eficácia na redução da incidência deste câncer.
- Câncer de Ovário:
Com uma taxa de incidência menor comparada ao câncer de colo do útero, o
câncer de ovário ainda assim é uma preocupação que não pode ser ignorada.
O INCA estima que em 2024 haverá mais de 7.000 novos casos no Brasil. É a
terceira neoplasia ginecológica mais comum, mas é a segunda em taxa de
mortalidade. Isso se dá porque este câncer frequentemente é diagnosticado
em estágios avançados, pois os sintomas são menos específicos e muitas
vezes confundidos com outras condições. Sua ocorrência pode estar
associada à Síndrome Hereditária de Mama e Ovário, onde alterações em
genes como o BRCA pode aumentar a chance de desenvolver esses tumores. Por
isso, pessoas com histórico familiar de câncer de ovário e de mama devem
conversar com seu médico sobre seus fatores de risco, a fim de desenvolver
estratégias personalizadas de prevenção e acompanhamento.
- Câncer do Endométrio: É
o tipo mais comum de câncer no útero, ocorrendo na parte interna do órgão.
Atinge principalmente mulheres acima dos 50 anos de idade, mas pode
ocorrer em pessoas mais jovens. No Brasil, de acordo com o INCA, são
esperados cerca de 11.000 novos casos para 2024. Os principais fatores de
risco modificáveis para este tipo de câncer são sobrepeso e obesidade, por
isso manter-se ativo e controlar o peso são aliados na prevenção do câncer
de endométrio. Este tipo de câncer tem uma taxa de sobrevida alta, o que
significa dizer que as chances de cura são elevadas, quando detectado
precocemente. Por isso, atenção aos sinais e aos sintomas é importante:
todo sangramento persistente fora do período menstrual ou após a menopausa
deve ser avaliado pelo médico.
- Câncer Vaginal e Vulvar:
Menos frequentes, esses tipos de câncer têm incidências menores, mas não
menos importantes. Dados recentes indicam que há aproximadamente 1.000
novos casos de câncer vaginal e 1.200 de câncer vulvar por ano no Brasil.
Esse tipo de câncer tende a ocorrer em torno dos 70 anos de idade, e os
principais fatores de risco são a infecção pelo HPV ou pelo HIV (vírus da
imunodeficiência humana), tabagismo e histórico pessoal de câncer de colo
do útero.
Prevenção e rastreamento
A
prevenção é o primeiro passo para combater os cânceres ginecológicos, que são
um conjunto de doenças que afetam os órgãos reprodutivos femininos, como o colo
do útero, ovários, útero, vulva e vagina. A prevenção desses tipos de câncer
envolve uma combinação de estratégias, incluindo medidas de estilo de vida e
exames de rastreamento.
Algumas
medidas que podem ajudar a diminuir o risco de desenvolvimento de cânceres
ginecológicos são:
- Vacinação contra o HPV: a
infecção pelo HPV (papilomavírus humano) é responsável por 99% dos casos
de câncer de colo do útero, sendo o segundo câncer que mais mata mulheres
de 20 a 49 anos. A vacina contra o HPV é uma ferramenta fundamental na
prevenção do câncer de colo do útero, assim como a realização de exames
preventivos e o tratamento de lesões pré-cancerígenas. O Brasil
disponibiliza, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina
quadrivalente contra o HPV para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Na rede
privada, pessoas de 9 a 45 anos podem tomar a vacina nonavalente, que,
além de proteger contra os quatro tipos de HPV contidos na vacina
quadrivalente, protege contra mais cinco tipos de HPV com alto risco para
câncer, oferecendo até 90% de proteção contra o câncer de colo de útero.
É importante ressaltar que o vírus também pode
causar outros tipos de câncer, como o de vulva e o de vagina, sendo o HPV
responsável por 25% e 70% dos casos respectivamente.
- Exames regulares:
- Papanicolau: ferramenta importante para a
detecção precoce do câncer de colo do útero, o exame de Papanicolau
consiste em coletar células do colo do útero para análise em laboratório,
buscando alterações que possam indicar um risco aumentado de câncer. O
exame deve ser realizado a cada três anos ou conforme orientação médica.
- Teste de DNA: consiste na análise das células
do colo do útero para verificar se há presença do DNA do HPV. Esse tipo
de exame pode ser mais sensível na detecção de alterações cervicais
pré-cancerosas e cancerosas em comparação com o Papanicolau. De maneira
geral, é recomendada a triagem desses dois tipos de exames em mulheres
com 30 anos de idade ou mais.
- Consciência dos sintomas: É
importante estar atento a qualquer alteração nos órgãos reprodutivos, como
sangramento vaginal anormal, dor ou desconforto pélvico, inchaço
abdominal, coceira ou lesões genitais anormais. Caso ocorram, é
fundamental procurar um médico especialista para avaliação.
- Consulta de Rotina: É
muito importante que a mulher visite seu ginecologista regularmente.
Exames de imagem e a avaliação de sintomas que possam surgir são cruciais
para a detecção precoce de cânceres ginecológicos.
- Estilo de Vida:
Adotar hábitos saudáveis como uma dieta equilibrada, prática regular de
exercícios, controlar o peso e evitar o tabagismo reduz o risco de
diversos tipos de câncer.
Tratamento
A
cada ano, mais de 30 mil brasileiras são diagnosticadas com algum tumor
ginecológico. Contudo, graças ao avanço da ciência e da tecnologia, a taxa de
sobreviventes do câncer aumentou mundialmente, e a estimativa é que teremos um
aumento de 24% até 2032. As estratégias para o tratamento do câncer podem ser
as mais variadas, e combinadas entre si. A estratégia é definida de forma
personalizada para cada paciente, levando em consideração o tipo, o
estadiamento e as características do tumor. Um fator em comum, muito importante
em todas as estratégias de tratamento é o tempo. Atrasar o tratamento pode
resultar em prejuízo em seu resultado, aumentando o risco de mortalidade pelo
câncer. Por isso, independente de qual seja a melhor indicação de tratamento, é
muito importante assegurar que ele seja iniciado o mais rápido possível.
As
principais estratégias para tratamento dos cânceres ginecológicos, são:
- Cirurgia: é
um tratamento local que tem como objetivo remover tumores e, em alguns
casos, os órgãos afetados. A cirurgia é uma abordagem frequentemente
empregada, especialmente em estágios iniciais, com altas chances de cura.
Pode ser indicada de forma isolada ou combinada com algum outro
tratamento.
- Radioterapia é outra forma de tratamento
local, pode ser indicada após a cirurgia para aumentar o controle local da
doença. Esta modalidade de tratamento utiliza radiação direcionada ao
tumor para eliminar células tumorais.
- Quimioterapia: é
uma forma de tratamento sistêmico que atua de forma inespecífica,
promovendo a eliminação de tumores através de um mecanismo onde células
tumorais que se multiplicam rapidamente são levadas à destruição.
- Terapia Hormonal: é
uma forma de tratamento sistêmico direcionada a tumores que apresentam
receptores hormonais, especiamente o receptor de estrógeno. Pode ser usada
em alguns casos de câncer de endométrio para bloquear os efeitos
pró-crescimento que o estrógeno pode apresentar.
- Terapias Alvo: Compreendem uma classe de
tratamento sistêmico em que as drogas são direcionadas para alguma
característica específica da célula tumoral. Um exemplo é o tratamento
voltado para o câncer de ovário de pacientes com mutação no gene BRCA,
onde a terapia alvo é capaz de provocar a morte das células através da
inibição de uma molécula chamada PARP, resultando em controle da doença.
- Imunoterapia:
Este tipo de tratamento sistêmico se baseia em reestabelecer a função do
sistema imune contra o tumor. Durante o crescimento tumoral, as células
cancerígenas desenvolvem a habilidade de fugir do sistema imunológico. As
imunoterapias modernas garantem que a imunidade antitumoral seja
re-habilitada e as células imunes voltam a destruir as células tumorais.
Esse tipo de tratamento pode ser empregado em alguns casos de tumores de
endométrio e de colo do útero.
Informação e Empoderamento
O
conhecimento é uma ferramenta poderosa para a prevenção e tratamento de
cânceres ginecológicos. Foi pensando nisso que a MSD anunciou nesse ano a atriz
e apresentadora Giovanna Ewbank como nova embaixadora da campanha sobre o tema.
Giovanna é destaque por abordar os mais diversos temas de forma descontraída,
além de ser uma forte representante de pautas de diversidade e do universo da
maternidade. Sobre a sua participação na campanha como voz ativa na
disseminação de informação de qualidade sobre a prevenção contra o HPV, a atriz
comenta: “É muito importante para
mim poder comunicar sobre um tema tão importante que é a saúde feminina e,
especialmente, de uma doença que pode ser eliminada. Como mulher e mãe, tenho o
compromisso de levar conteúdo relevante e estou muito feliz com o convite e
suporte da MSD nesta jornada”.
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