Cerca de 1 a 2 mulheres a cada mil partos são
afetadas pela psicose pós-parto, um transtorno psiquiátrico grave que muitas
vezes é pouco discutido e compreendido. Segundo o Postpartum Support
International, mulheres com psicose perinatal apresentam uma taxa de suicídio
de 5% e de infanticídio de 4%, devido à intensidade dos delírios e alucinações
que acreditam serem reais. Rafaela Schiavo, psicóloga perinatal, esclarece as
causas, sintomas e formas de assistência desta condição que pode ter sérias
consequências para a mãe e o bebê.Pexels
O que é psicose pós-parto?
A psicose pós-parto é caracterizada pela perda de
contato com a realidade, incluindo sintomas como delírios, alucinações,
agitação severa e comportamento impulsivo. Esta condição requer cuidado médico
imediato e apoio contínuo, devido aos riscos significativos tanto para a mãe
quanto para o bebê. Os principais fatores de risco incluem histórico pessoal ou
familiar de transtorno bipolar ou episódios psicóticos anteriores.
Sintomas
No pós-parto, muitas mulheres podem apresentar
ansiedade, estresse e depressão. A depressão atinge 25% das mulheres, enquanto
a psicose puerperal é mais rara, ocorrendo em uma a duas mulheres a cada mil
partos. A depressão pós-parto envolve sentimentos de tristeza e culpa, mas a
consciência da realidade é mantida. Na psicose, há uma ruptura com a realidade,
com alucinações, vozes, confusão mental e despersonalização.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico da psicose pós-parto é feito por um
profissional da saúde mental especializado, que avalia os sintomas apresentados
pela paciente. É importante que familiares e amigos estejam atentos aos sinais
e incentivem a busca por ajuda médica. Exames complementares podem ser
solicitados para descartar outras condições médicas que possam estar causando
os sintomas.
Hormônios e psicose pós-parto
Embora os hormônios da gestação possam contribuir
para o desenvolvimento da psicose pós-parto, não são a única causa. A queda
hormonal após o parto pode causar transtornos, mas é fundamental avaliar o
histórico de vida e os fatores de risco anteriores à gravidez. Até o momento,
não há estudos conclusivos sobre uma causa específica; condições como
esquizofrenia, transtorno bipolar e borderline podem influenciar. Em geral, a
psicose ocorre na primeira gestação, mas mulheres com histórico de psicose
precisam de acompanhamento psiquiátrico e psicológico em gestações
subsequentes.
Apoio e assistência
Familiares, amigos e profissionais devem estar
atentos a mudanças de comportamento e oferecer suporte. A romantização da
maternidade contrasta com a realidade vivida por muitas mulheres. Mais de 50%
das gestações no Brasil não são planejadas, o que pode gerar sentimentos
negativos e prejudicar a saúde mental.
“O preconceito e a repressão
desses sentimentos agravam a situação. A gravidez é um período de grande
vulnerabilidade para a mulher, por isso o suporte contínuo é essencial. A
conscientização e o pré-natal psicológico podem reduzir estereótipos e
encorajar as mulheres a procurarem ajuda sem medo de julgamentos. Falar
abertamente sobre os sinais de alerta e a importância do tratamento adequado
pode salvar vidas e promover uma maternidade mais saudável”, explica Rafaela Schiavo.
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