Apesar de silenciosas, doenças podem
causar sérios danos ao fígado e à saúde em geral
Estima-se que apenas uma em cada 20 pessoas com hepatite viral sabe que está doente. A ausência de manifestações clínicas iniciais dificulta o diagnóstico precoce, levando à detecção muitas vezes quando a infecção já está em fase avançada, o que pode resultar em complicações adicionais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas uma em cada 100 pessoas recebe tratamento. Por isso, a campanha Julho Amarelo tem o objetivo de alertar a população sobre a prevenção e o diagnóstico das hepatites virais.
As hepatites virais são inflamações no
fígado causadas por diferentes vírus, sendo os mais comuns os das hepatites A,
B, C, D e E. Alguns tipos podem se tornar crônicos, levando a danos
progressivos no fígado ao longo do tempo, o que aumenta o risco de cirrose e
câncer hepático. As hepatites também podem causar uma série de complicações
graves, incluindo insuficiência hepática aguda, que é potencialmente fatal.
Segundo o Dr. Renato Hidalgo, hepatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba
(HES), cada tipo de vírus possui características distintas em relação à
transmissão, gravidade, evolução e tratamento.
Hepatite A
Transmitida principalmente através do consumo de água ou de
alimentos contaminados, a hepatite A é geralmente uma doença aguda e autolimitada,
durando algumas semanas e com menor risco ao paciente. "Apesar de
apresentar muitos sintomas, não se torna uma doença crônica. Após o tratamento,
o paciente estará curado", afirma o médico. A vacinação, incluída no
calendário vacinal do governo federal, é uma medida eficaz de prevenção.
Hepatite B
Pode ser transmitida através do contato com sangue contaminado, uso
compartilhado de agulhas, relação sexual desprotegida ou de mãe para filho
durante o parto. Apresenta poucos ou nenhum sintoma inicial, dificultando o
diagnóstico precoce. A vacinação também é uma forma de prevenção.
Diferentemente da hepatite A, a hepatite B pode se manter no organismo da
pessoa durante toda a vida, causando inflamação no fígado se não tratada.
Hepatite C
Transmissível através do contato com sangue contaminado, a
hepatite C não apresenta sintomas iniciais e é de difícil diagnóstico. Não há
vacina disponível para esse tipo de hepatite. "Sempre se torna uma doença
crônica, permanecendo no organismo enquanto não for tratada", explica o
hepatologista do Hospital Evangélico de Sorocaba.
Hepatite D
Mais comum no norte do Brasil e em outros países, a infecção pelo
vírus D depende da presença do vírus da hepatite B. Ou seja, a pessoa só pode
ser infectada pelo vírus D se já tiver contraído o vírus B. A hepatite D pode
se tornar crônica se não tratada.
Hepatite E
Transmitida principalmente através da água contaminada, a hepatite
E é comum em áreas com más condições de saneamento. Geralmente é uma doença
aguda, podendo ser mais grave em mulheres grávidas.
Sintomas das hepatites e diagnóstico
Os sintomas das hepatites virais variam de acordo com o tipo de
vírus, idade do paciente e condição de saúde. "Os pacientes podem
apresentar sintomas leves como fadiga, febre, perda de apetite, náusea, vômitos
e icterícia (coloração amarelada da pele e dos olhos), além de quadros mais
graves com dores abdominais, fraqueza intensa e até coma", exemplifica Dr.
Hidalgo. Qualquer sintoma que lembre uma infecção pelo vírus deve ser
investigado por meio de avaliação médica detalhada e coleta de sangue para
pesquisa do vírus. Após isso, em caso positivo, o médico poderá orientar sobre
o tratamento indicado para cada tipo específico de hepatite.
Medidas de prevenção
As medidas de prevenção variam conforme
o tipo de hepatite. Para as hepatites A e E, cuja transmissão ocorre pelo
consumo de água ou alimentos contaminados, recomenda-se a prática de hábitos
saudáveis. "Higiene das mãos e alimentos, uso de água limpa e evitar o
compartilhamento de copos e garrafas são medidas que podem reduzir o risco de
contaminação", orienta o médico. Para as hepatites B, C e D, transmitidas
pelo contato com sangue contaminado, é indicado evitar o uso compartilhado de
agulhas e seringas, utilizar preservativos nas relações sexuais e ter cuidado
com o compartilhamento de materiais em barbearias (lâminas e barbeadores) e
salões de beleza (alicates e cortadores de unha), por exemplo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário