A neurociência revela que conexões sociais na infância são vitais para o desenvolvimento do cérebro e da saúde mental ao longo da vida
O Dia do Amigo é comemorado no próximo sábado, dia
20 de julho, em diversos países da América do Sul, como Brasil e Argentina, e
está no calendário oficial de celebrações de algumas cidades como Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. Essa data celebra a importância das amizades e
reforça o papel essencial que elas desempenham em nossas vidas, desde a
infância até a idade adulta.
Segundo Telma Abrahão, especialista em Educação
Neuroconsciente, Traumas e Infância, e autora de best-sellers, as relações
sociais são importantíssimas para um desenvolvimento saudável. “Somos mamíferos
e seres sociáveis. O primeiro vínculo que temos é com a nossa mãe ou cuidador
primário, mas por volta dos 4 anos de idade começamos a ter uma necessidade de
nos relacionamentos com outras pessoas. Nos abrimos para o mundo e a
socialização. A neurociência tem revelado insights fascinantes sobre a
importância das amizades na infância e adolescência, mostrando como essas
relações afetam o desenvolvimento neurológico, emocional e mental dos jovens”,
afirma.
De acordo com a especialista, durante a infância, o
cérebro está em pleno desenvolvimento, formando novas sinapses — as junções
entre neurônios que permitem a transmissão de informações. “As experiências
sociais são fundamentais nesse processo. Quando as crianças interagem com seus
amigos, os estímulos sociais positivos potencializam a criação e fortalecimento
dessas conexões sinápticas, desenvolvendo habilidades cognitivas e emocionais
importantes para os relacionamentos ao longo da vida”, explica.
O processo de entender e empatizar com as intenções
e emoções dos outros é intensamente ativado durante as interações sociais.
Estudos revelam que a área temporo-parietal do cérebro (TPJ), responsável pela
empatia, mostra maior atividade quando jovens observam e reagem aos sentimentos
dos amigos. “Essa atividade cerebral é fundamental para o desenvolvimento da
empatia e da compreensão social, habilidades essenciais para a vida adulta.
Esse processo exige um esforço cognitivo significativo, especialmente ao lidar
com pessoas desconhecidas, o que reforça a importância das amizades na formação
dessas habilidades sociais complexas” ressalta Abrahão.
Amizades fortes e seguras também desempenham um
papel vital na regulação do estresse. Pesquisas indicam que crianças e
adolescentes com amizades sólidas apresentam menores níveis de cortisol, o hormônio
do estresse. “Essas relações proporcionam um suporte emocional constante,
ajudando os jovens a enfrentar desafios e reduzir sintomas de ansiedade e
depressão. As interações sociais positivas atuam como um amortecedor emocional,
protegendo a saúde mental e promovendo um ambiente onde o cérebro pode
funcionar de maneira mais eficaz, por isso são tão importantes”, explica a
especialista.
Já durante a adolescência, a necessidade de
intimidade e apoio emocional em amizades se intensifica. Os jovens começam a se
afastar gradualmente da dependência dos pais e a buscar mais apoio entre os
pares. Estudos mostram que adolescentes com amizades saudáveis têm maior
autoestima, melhor desempenho acadêmico e são mais capazes de enfrentar
adversidades emocionais. “Essa fase da vida é marcada por uma intensa
remodelação cerebral, onde as conexões sinápticas são refinadas e as amizades
ajudam a moldar essas mudanças, influenciando o comportamento e a saúde mental
dos adolescentes”, alerta Telma.
A especialista enfatiza que a qualidade das
amizades é mais importante do que a quantidade. “Relações que oferecem
segurança, confiança e pouca conflitualidade são associadas a uma melhor saúde
mental. Adolescentes que conseguem cultivar amizades saudáveis tendem a ter uma
vida emocional mais equilibrada e são menos propensos a vícios e comportamentos
de risco. Essas relações de qualidade promovem um ambiente onde o cérebro pode
se desenvolver de maneira saudável, fortalecendo as habilidades de resolução de
problemas e resiliência emocional”, destaca.
Os insights da neurociência têm implicações
práticas importantes. Telma Abrahão sugere que pais e educadores incentivem os
jovens a desenvolver e manter amizades, oferecendo oportunidades para
interações sociais positivas e intervenções quando necessário. Ela ressalta que
investir na promoção de amizades saudáveis desde a infância é essencial para
garantir que os jovens tenham a resiliência e o suporte necessários para
enfrentar os desafios da vida adulta.
“As amizades são mais do que simples relações
sociais: são componentes vitais para o bom desenvolvimento emocional das
crianças e adolescentes. Compreender essa importância pode ajudar a criar
ambientes ricos em conexões sociais, garantindo que eles desenvolvam as
habilidades necessárias para uma vida emocionalmente e mentalmente saudável”,
finaliza Abrahão.
Telma Abrahão - biomédica, especialista em
Neurociências e desenvolvimento infantil e uma das pioneiras no Brasil a unir
ciência à educação dos filhos. Idealizadora da Educação Neuroconsciente, que
‘nasceu’ da necessidade de levar o conhecimento sobre a neurociência por trás
do comportamento infantil para mães, pais e profissionais da saúde e da
educação. Telma Abrahão é autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar
é um ato de amor, mas também é ciência” e lança seu terceiro livro “Revolucione
a relação com seus filhos em 21 dias”. Seus livros são vendidos em mais de 15
países e ajudam milhares de pessoas ao redor do mundo a se reeducarem para
melhor educar. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas
da Amazon com o objetivo de abordar temas que ajudam os pais a lidarem com os
desafios na educação dos filhos.
@telma.abrahao
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