As mudanças nos hábitos alimentares diante da ansiedade podam se
manifestar na fome ou na ausência do apetite. A psicóloga Valeska Bassan,
especialista em transtornos alimentares de São Paulo e co-autora do primeiro
livro sobre o tema, intitulado de ‘Manual de Psicoterapia dos Transtornos
Alimentares’, fala que, apesar da diferença, os dois extremos estão ligados ao
‘comer emocional’.
“Muitas pessoas recorrem à comida como uma forma de lidar com
emoções negativas, como ansiedade. Isso pode levar ao consumo excessivo de
alimentos, especialmente aqueles ricos em açúcar e gordura, que podem
proporcionar uma sensação temporária de conforto. Já outros, podem experimentar
uma drástica diminuição do apetite provocadas pelo estresse que a ansiedade
traz e pode desencadear a liberação de hormônios que suprimem a fome,
resultando em uma ingestão reduzida de alimentos”, explica.
A especialista fala que a ansiedade pode aumentar os desejos por
certos tipos de alimentos, geralmente aqueles considerados "confortáveis"
ou "reconfortantes". Isso pode incluir alimentos ricos em
carboidratos, açúcares e gorduras. “Em casos mais extremos, a ansiedade pode
estar associada a distúrbios alimentares, como anorexia nervosa, bulimia
nervosa e transtorno de compulsão alimentar”, fala.
Para Valeska, ainda é preciso ter atenção aos sinais da mastigação
nervosa, que é o hábito de mastigar constantemente quando estão ansiosas, mesmo
que não estejam realmente com fome. “Por isso que reconhecer os gatilhos e as
situações ou emoções que desencadeiam a ansiedade e os comportamentos
alimentares associados, ajudam a identificar os padrões e controlá-los para não
recorrer à comida como forma de alívio emocional. Nestes casos, as dietas muito
restritivas podem aumentar o estresse e a ansiedade em relação à alimentação”,
alerta.
Valeska lembra que cada pessoa é única, e o que funciona para uma pode não funcionar para outra. “É importante encontrar estratégias que funcionem para cada um individualmente e buscar ajuda profissional para lidar com a aceitação corporal de modo saudável tanto do ponto de vista emocional, quanto do fisiológico, evitando assim as doenças da mente e do corpo”, finaliza.
Valeska Bassan - Psicóloga aprimorada em Transtornos Alimentares pelo Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e pós graduanda em Medicina e Estilo de Vida e coaching de saúde no Hospital Israelita Albert Einstein. Coordenou o Curso de Aprimoramento em Transtornos Alimentares Programa de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP) e a equipe de psicólogos do Grupo de Estudos do Comer compulsivo em mulheres portadoras de obesidade (GRECCO) também do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas de São Paulo (Ambulim/IPQ/ USP). Professora de pós graduação das disciplinas de Transtornos Alimentares Pós Cirurgia Bariátrica e dos Aspectos Psicológicos dos Transtornos Alimentares na Faculdade iGPs.
@psicologavaleskabassan
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