O mês de julho é marcado pelo Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço (27/7), que tem como objetivo chamar a atenção sobre cuidados e controle efetivos desse tipo de câncer – o sexto mais comum no mundo todo. Ele engloba todos os tumores malignos que se desenvolvem na boca, lábios, faringe, laringe, fossas nasais, seios paranasais, glândulas salivares e tireoide.1 A previsão do Instituto Nacional do Câncer (Inca) para o Brasil é de que 39.550 novos casos devem aparecer a cada ano do triênio 2023-2025 e as regiões Sudeste e Nordeste são as que lideram as estimativas anuais.2
A Dra. Aline Lauda Freitas Chaves, oncologista e diretora do Grupo Brasileiro de Câncer de Cabeça e Pescoço (GBCP), explica que os fatores ambientais são os principais causadores da doença e a prevenção é o melhor caminho. “O cigarro é o principal fator de risco para tumores de cabeça e pescoço, seguido pelo álcool, especialmente quando combinado com tabagismo. Outros fatores incluem má higiene oral, alimentação inadequada (como consumo de carnes defumadas e condimentadas) e infecção pelo HPV, que pode causar câncer de garganta”, explica.
Um dos principais problemas para o tratamento é o diagnóstico
tardio, que ocorre em 60% dos casos, com impacto negativo na sobrevida do
paciente.1 Nesse sentido, a especialista reforça que estar atento
aos sinais é fundamental para garantir diagnóstico e cuidado adequado. “Os
sintomas dependem da localização do tumor, mas geralmente no câncer de boca,
por exemplo, pode haver uma ferida na língua que não cicatriza. Ou então, no
câncer de garganta, pode haver dificuldade para engolir, mudança na voz ou um
nódulo no pescoço. São sintomas que podem passar despercebidos. Por isso, em
caso de persistência por mais de três semanas, é preciso investigar. Muitas vezes,
é necessário realizar uma biópsia para garantir o diagnóstico correto”,
finaliza Aline.
O tratamento do câncer de cabeça e pescoço depende da localização e do estágio da doença, mas em geral é composto por cuidados multidisciplinares. Tumores em estágio inicial geralmente são tratados com cirurgia ou radioterapia - sendo a cirurgia o tratamento inicial mais comum para cânceres de boca. Para tumores mais avançados, o tratamento é multimodal, sendo muitas vezes necessário uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia.3
Miro Marmentini, da Associação Brasileira de Câncer de Cabeça e
Pescoço (ACBG Brasil), conta que o diagnóstico tardio faz que o tratamento seja
mais agressivo e muitos pacientes passam por mutilações e modificações
estruturais que afetam sua rotina, qualidade de vida e dificultam a inclusão
social. “São pessoas que precisam de apoio jurídico, psicológico, reabilitação,
e de inclusão, pois se sentem impactadas pelo diagnóstico – visto que o estilo
de vida e fatores ambientais são as principais causas. Por isso, temos a missão
de dar voz a quem não tem e ser os olhos e ouvidos de tantos outros também.
Realizamos projetos como o GAL que é composto por 15 grupos de acolhimento
espalhados pelo Brasil e a Rede+Voz, que conta com voluntários também de todo o
Brasil, e é composto por profissionais da área da saúde multidisciplinar,
pacientes, portadores, cuidadores e familiares”, explica.
[1] BRASIL. Ministério da Saúde. 27/7: Dia
Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço. Disponível
em:
[2] SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA DE
CABEÇA E PESCOÇO. Estimativa de câncer de cabeça e pescoço para 2023.
Disponível em: