quinta-feira, 30 de maio de 2024

Enchentes: saiba quais são as doenças que mais acometem as crianças

Além da destruição, as inundações também preocupam pelo grande aumento de doenças infectocontagiosas e de pele

 

Desde o final de abril, o Rio Grande do Sul tem sofrido com chuvas intensas e inundações que já afetaram mais de 400 municípios do estado. Além da destruição, as enchentes também preocupam pelo grande aumento de doenças de pele e doenças infectocontagiosas como a leptospirose, que já causou a morte de quatro pessoas. Por isso, o Pequeno Príncipe, maior e mais completo hospital pediátrico do país, esclarece quais são as doenças que mais acometem as crianças que estão vivenciando essa catástrofe.
 

Leptospirose

Além de acometer adultos, a leptospirose também é doença de criança. Ela é transmitida por meio da exposição à urina de animais, principalmente ratos, infectados pela bactéria leptospira. Essa transmissão é muito comum em locais de inundação, como no Rio Grande do Sul, por conta da contaminação da água com lama, lixo e dejetos que contém urina desses animais. 

Ao apresentar sintomas da leptospirose, como febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas e vômitos, é fundamental buscar atendimento para iniciar o tratamento. Quando não tratada da maneira adequada, a doença pode levar a óbito.
 

Hepatite A

A transmissão dessa doença, que acomete o fígado, acontece principalmente pela falta de saneamento básico ou pelo contato com água ou alimentos contaminados com o vírus da hepatite A, como ocorre em locais afetados por catástrofes climáticas. Os sintomas da doença podem manifestar-se com mal-estar, fadiga, febre e dores musculares, ou com vômitos, diarreia e dores abdominais. 

“A principal complicação da hepatite é a evolução para a forma fulminante da doença, fazendo com que o paciente apresente sintomas como olhos e pele amarelada e urina escura. Em caso de suspeita de contato com o vírus da doença, é fundamental buscar atendimento médico para um acompanhamento adequado”, explica o infectologista pediátrico Victor Horácio de Souza, do Pequeno Príncipe, que também reforça a importância da vacinação. “Além de evitar o contato com água e alimentos contaminados, a principal maneira de prevenir a hepatite é manter o calendário vacinal em dia, pois existem vacinas eficazes contra os tipos A e B da doença”, conclui.
 

Doenças de pele

As doenças de pele, especialmente as piodermites, também se manifestam com maior facilidade quando se está em contato com água contaminada. “Essa é uma doença infecciosa de pele e que tem um caráter de disseminação muito grande, porque são por bactérias. Elas podem passar rapidamente de pessoa para pessoa, principalmente entre as crianças”, afirma a dermatologista pediátrica Nádia Almeida, do Hospital Pequeno Príncipe. 

A especialista reforça ainda que a aglomeração nos locais onde as pessoas afetadas pelas enchentes são abrigadas também favorece o aparecimento de doenças como piolho e escabiose. “Elas provocam lesões que coçam muito e que começam como se fosse uma picada de inseto, formando bolinhas de água. Depois, essas bolinhas de água crescem e vão formando crostas, criando pus, e de uma simples lesão pode acabar disseminando para o corpo todo”, diz. Em caso de contato com a água suja, é importante fazer a higienização o mais rapidamente possível e buscar atendimento médico.
 

Traumas psicológicos

Além das doenças infectocontagiosas e de pele, as crianças atingidas pelas cheias no Rio Grande do Sul também estão passando por um momento atípico, o que pode desencadear traumas psicológicos. Elas perderam não apenas seus pertences materiais, mas também as referências que tinham em casa, na escola e na comunidade. Por isso, estar perto de pessoas de referência é fundamental para a redução da angústia e ansiedade causadas pelas perdas. 

“Diante desse cenário de catástrofe, é fundamental que essas crianças tenham a família de referência por perto. Se elas estão em abrigos, que sejam perto da sua comunidade, com as pessoas que elas já conhecem. Com isso, a gente traz uma ideia que se estuda muito na psicologia de emergência e desastres, que é a de pertencimento”, explica a psicóloga Angelita Wisnieski da Silva, do Hospital Pequeno Príncipe.

 

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