Psicóloga especialista em perinatal e parentalidade aponta que situações de desastre colocam a saúde mental de grávidas e crianças em risco. Saiba como oferecer o suporte psicológico necessário
A recente tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul deixou muitas famílias desamparadas. Entre os mais afetados estão as gestantes e seus bebês, que enfrentam um aumento significativo de estresse e ansiedade. Segundo dados mais recentes da Defesa Civil, o desastre afetou mais de 2,34 milhões de pessoas, resultou em 163 mortes e deixou mais de 72 desaparecidos. Muitos perderam suas casas, o que intensifica a necessidade de suporte emocional e psicológico.
Durante a gravidez e o puerpério, as mulheres podem enfrentar problemas como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. A psicologia perinatal é fundamental para prevenir e tratar estes casos. A Lei 14.721, de 2023, garante apoio psicológico pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas a demanda pode exceder a oferta disponível, especialmente em situações de desastre.
Crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis em tragédias climáticas. Eles enfrentam deslocamentos forçados, separação dos pais e falta de serviços essenciais. Segundo o UNICEF, o estresse tóxico, causado por situações de trauma e insegurança, pode afetar seriamente o seu desenvolvimento emocional e psicológico.
Ela ressalta que as crianças pequenas, mesmo aquelas que ainda não falam, percebem o estresse ao seu redor e podem ser profundamente afetadas. “Crianças de até três anos vivenciam o pânico e a insegurança dos adultos, mesmo sem compreender totalmente a situação. Isso pode causar um impacto significativo em seu desenvolvimento emocional”, alerta.
A psicóloga lista recomendações para ajudar gestantes e crianças a lidar com o estresse e ansiedade causados pelas enchentes:
Para gestantes:
·
Buscar apoio profissional: Procurar um
profissional de saúde mental para conversar sobre as angústias deste momento é
fundamental.
·
Participar de grupos de apoio: Envolver-se em
grupos com outras gestantes para compartilhar experiências e emoções pode
aliviar a tensão.
·
Continuar o pré-natal: Manter o
acompanhamento pré-natal para garantir a saúde da mãe e do bebê é essencial.
Para
adultos cuidando de crianças:
·
Atividades lúdicas: Brincar com as
crianças e, se possível, utilizar uma brinquedoteca com apoio de psicólogos ou
pedagogos. A brincadeira ajuda a criança a lidar com o estresse.
·
Comunicação transparente: Explicar, de forma
simples e clara, o que está acontecendo. O não dito pode ser prejudicial, pois
a criança percebe que algo está errado.
Para obter ajuda
psicológica e emocional específica para as vítimas das enchentes no Rio Grande
do Sul, é possível obter informações do serviço emergencial de apoio
psicológico pelo site SOS Enchentes RS. O portal também disponibiliza um “Guia de cuidados de saúde nas enchentes”, que oferece
orientações detalhadas sobre como ter apoio psicológico durante e após
situações de desastre.
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