Recentemente, uma tendência tem se destacado bastante no mercado internacional e vem ganhando espaço no Brasil: o chronoworking. Esse modelo consiste em adaptar o trabalho ao ritmo biológico de cada um, ou seja, você vai poder fazer suas tarefas no horário do dia em que se considera mais produtivo, seja de manhã, de tarde ou à noite.
No entanto, para que o chronoworking seja realmente viável, é
necessário que o contexto atenda algumas premissas. Uma delas é saber trabalhar
por resultados e para isso dar certo é fundamental existir confiança entre os
integrantes do time, caso contrário, o risco de fracasso é grande.
As pessoas precisam ser accountable em relação aos seus pares,
se sentindo responsáveis perante os demais integrantes, sabendo que suas
entregas, ou a falta delas, afeta a entrega dos colegas. Além disso, é preciso
estar ciente de que os resultados são atingidos em time, não individualmente,
em geral.
Outra premissa é que o trabalho e as tarefas devem poder ser desenvolvidos de
maneira assíncrona. Sem dúvida, várias tarefas do nosso dia a dia requerem um
alinhamento inicial, então de tempos em tempos será necessário que pelo menos
haja uma intersecção entre os horários de trabalho dos integrantes do time para
que estes alinhamentos síncronos necessários ocorram de maneira minimamente satisfatória
para todos.
Normalmente, a proximidade física entre os integrantes do time facilita o
conhecimento mútuo, o trabalho em conjunto, a aceitação, a identificação de
padrões de comportamento e formas de trabalhar. Por esse motivo, quando uma
pessoa está com algum problema pessoal, isso pode afetar o trabalho. Mas se as
pessoas estão juntas, é mais fácil perceber.
Por outro lado, o fato dos colaboradores ficarem menos tempo próximos pode
jogar contra esta familiaridade, o que é capaz de impactar o desempenho da
equipe de forma geral. A pessoa se sente menos parte de um time quando está
fazendo as coisas do seu modo, na sua dinâmica individual, e com menor sintonia
com os demais.
Se alguém propuser a adoção do chronoworking, creio que todos vão
topar na hora, pois vão perceber valor para si. Quem não gostaria de evitar
deslocamentos em grandes cidades? Mas considerar o impacto no todo é uma
preocupação da liderança. Então, esta transição tem que ser bem estruturada e
ter um sistema de gestão com acompanhamento de indicadores e alinhamentos que
ajudem o time a entregar os resultados esperados.
Uma sugestão é começar aos poucos, utilizando esse modelo de trabalho para
algumas funções inicialmente e depois, com o aprendizado, expandir para os
demais. Fazer um big bang de mudanças de uma hora para outra tem um risco
maior de causar muita entropia no sistema e os resultados não serem alcançados
de início.
Neste sentido, a gestão precisa ter transparência de objetivos, métricas claras
a serem alcançadas, cadência, disciplina de execução e acompanhamento, pontos
que se tornam indispensáveis em um contexto como esse.
Por isso, a primeira métrica de sucesso é avaliar se os resultados estão sendo
alcançados. Em seguida, é importante entender como estão sendo alcançados,
então métricas como satisfação do time e adesão à governança proposta são
outros pontos em que a gestão deve ficar sempre atenta, para que não ocorra
nenhum desequilíbrio.
Pedro Signorelli - um dos maiores especialistas do Brasil em gestão, com ênfase em OKRs. Já movimentou com seus projetos mais de R$ 2 bi e é responsável, dentre outros, pelo case da Nextel, maior e mais rápida implementação da ferramenta nas Américas. Mais informações acesse: http://www.gestaopragmatica.com.br/
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