Ao mesmo tempo que as celebrações de fim de ano tomam conta dos lares, muitas pessoas têm dificuldades de lidar com familiares difíceis. Para muitos, esse período festivo pode ser uma mistura complexa de sentimentos, exigindo uma abordagem psicológica sábia para preservar a paz de espírito.
De acordo com Philipe Diniz, médico psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professor de pós-graduação (Universidade Celso Lisboa), as festas de final de ano sempre trazem o tema da família à tona, e falar de família é falar de desafios. Muitas são as possibilidades: brigas, palavras, ofensas, separações, perdas, familiares com personalidades difíceis, desavenças políticas, esportivas, religiosas, preconceituosas.
“Acho que cada família tem seus momentos. Vivemos nesses últimos anos, uma época sombria, onde o ódio e as desavenças foram alimentadas. Muita gente se feriu, disse coisas que não deveria e se decepcionou com quem antes amava. Sabemos que os grupos de família tiveram um papel importante nisso. Afinal, era tudo frio, textual, sem olho no olho”, comenta.
Existem dicas para estabelecer limites saudáveis ao interagir com familiares difíceis durante as festas, segundo Mariana Barros, médica psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), é importante evitar assuntos sensíveis que sabem que podem ser motivo de incômodo para você, para o outro ou para ambos (por exemplo, política, relacionamentos ou trabalho).
Nessas horas é importante ter bom senso - há certos assuntos que são desconfortáveis para a outra pessoa dependendo do contexto em que ela se encontra no momento. Portanto, evite-os. Da mesma forma, caso aconteça com você, diga que não está se sentindo confortável, ou que prefere não falar do assunto no momento. Isso tudo com calma, sem assumir uma postura agressiva.
A comunicação assertiva também desempenha um papel nesse cenário, Philipe diz que tudo começa com uma escuta ativa, que é uma boa prática. “Quantas vezes quando alguém está falando algo que você não gosta, você já nem está escutando mais e sim elaborando uma resposta. Então escute. Evite adjetivos e julgamentos. Escolha a hora certa de falar. Preste atenção na sua postura corporal, no tom de voz e no olhar. Seja cordial, demonstre que você entendeu o que a pessoa disse e diga de forma clara o que você deseja. Se houver algum assunto constrangedor for puxado, de forma educada, diga que é dia de comemoração, que vocês podem conversar outro dia. A comunicação assertiva desarma o familiar difícil, justamente por ser feita de forma que ele não se sinta agredido”, argumenta o psiquiatra.
Se estiver numa situação de estresse durante os encontros, fique atento, pois pode gerar crises ansiosas. Uma técnica bem conhecida e validada para situações de apreensão e angústia é a técnica de respiração abdominal, na internet facilmente você pode encontrar tutoriais. Mas é importante praticar antes, para poder aplicar nos momentos difíceis.
Mariana aconselha que caso você esteja experimentando uma ansiedade por antecipação que te deixa preocupado, triste ou receoso antes mesmo dos encontros, pode ser necessária a ajuda de um especialista. A terapia pode ajudar muito a entender relações familiares e a desenvolver auto estima e confiança, ferramentas essenciais para lidar com essas situações.
Para tudo dar certo, os psiquiatras opinam que reunir a família, mesmo quando elas estão em conflito, pode ser uma ótima oportunidade de lembrar quem somos, de onde viemos e entender que no fim, é para aquelas pessoas ali que somos realmente importantes. Todos eles, mesmos os mais difíceis, são parte de nós mesmos, e também é importante entender que essas questões não serão resolvidas em algumas horas ou poucos dias. Caso tenha algum tópico que queira resolver com algum familiar, o ideal é que isso seja trabalhado ao longo do ano. Tente evitar conflitos durante as festas e, caso esses aconteçam, mantenha a calma. Vá para algum lugar mais afastado, faça exercícios de respiração e, quando se sentir melhor, separe o que é realmente seu e o que é do outro. Considere o que vale a pena ser discutido e o que não vale e, principalmente, lembre-se que após as festividades a vida segue normalmente.
FONTES:
Philipe Diniz, médico psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), mestre em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), professor de pós-graduação (Universidade Celso Lisboa). Graduado em medicina pela Faculdade de Medicina de Petrópolis (FMP), com residência em psiquiatria e mestrado em saúde coletiva pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Mariana Barros, médica psiquiatra do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais). Atua com ênfase na visão do paciente como um todo, levando em conta mudanças no estilo de vida e intervenções baseadas na Terapia Cognitiva Comportamental para, junto com o paciente, alcançar o bem estar. CRM-SP 212841. RQE: 114658
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