domingo, 30 de julho de 2023

Orientação de estudos – qual o momento certo de recorrer a essa ferramenta?


Um estudo realizado pelo Instituto Datafolha, a pedido do Itaú Social, da Fundação Lemann e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), apontou que apenas 39% dos estudantes brasileiros, que frequentam as escolas públicas, têm a possibilidade de participar de aulas de reforço, apesar de 94% das unidades de ensino oferecerem algum tipo de ação para enfrentamento dos desafios resultantes da pandemia. É interessante notar, que 70% dos pais e responsáveis por essas crianças e adolescentes reconhecem a importância do reforço escolar. Há, no entanto, desigualdade na oferta dessa ferramenta de ensino: tanto em relação às diferentes regiões do país, quanto em termos de nível socioeconômico das escolas. 

 

Esse cenário, assim como uma série de outros pontos na área educacional do nosso país, é entristecedor, especialmente, porque o reforço escolar, como é conhecido, é na verdade uma Orientação de Estudos. Inclusive, trata-se de uma das técnicas de estudo mais eficazes para ajudar estudantes, de todas as idades, que enfrentam dificuldades no aprendizado de determinado conteúdo, na orientação dos pensamentos, organização de ideias, do tempo e do espaço, que são aspectos tão importantes nesse processo. Com a aplicação de um conjunto de estratégias especiais, é possível fazer com que crianças e adolescentes compreendam, fixem e pratiquem melhor os diversos temas apresentados pelas disciplinas durante as aulas regulares. 

 

Geralmente, a Orientação de Estudos é indicada a estudantes que estão desmotivados ou não têm interesse em um tema, que se apresentam com baixa autoestima em relação à rotina escolar e não se mostram confiantes, demonstram um bloqueio em relação a uma matéria específica, apresentam dificuldade para acompanhar o ritmo da turma, esquecem o conteúdo apresentado em sala de aula, demonstram desinteresse pelos estudos, têm notas baixas, demonstram grande estresse e nervosismo durante as semanas de provas e para aqueles que não conseguem realizar exercícios propostos ou entregar tarefas específicas. 

 

Isso tudo pode ocorrer, porque o processo de ensino e aprendizagem não é linear para todos os estudantes. Um aluno pode ter mais dificuldade para acompanhar determinada matéria, fato que pode minar sua autoconfiança e evolução na disciplina em questão. Dependendo do caso, esse processo pode levar, inclusive, a problemas com matérias que antes eram dominadas pelo estudante pelo simples fato de afetar sua autoestima. 

 

Para identificar se uma criança ou adolescente precisa do apoio da Orientação de Estudos, basta acompanhar o seu dia a dia e observar seu desenvolvimento. O boletim de notas, por exemplo, é um indicador por meio do qual se torna possível entender o desenvolvimento do estudante durante o ano letivo, mas, claro, não se trata do único meio, visto que as provas podem deixar os alunos nervosos, ansiosos e inseguros. Por isto, faz-se necessária uma avaliação global do conhecimento cognitivo e da parte socioemocional de cada um. Além disso, uma iniciativa válida é estabelecer diálogo contínuo com os professores. A Orientação de Estudos também pode ser recomendada como medida preventiva, ou seja, antes mesmo que as dificuldades encontradas pelo aluno estejam refletidas nas notas mais baixas e na queda de rendimento escolar. 

 

Identificar a dificuldade e recorrer a profissionais que não trabalham na escola serve como instrumento de suporte. O aluno ‘ganha’ a oportunidade de rever conteúdos e receber explicações de uma maneira diferente. Isso ajuda na fixação da matéria e no aprimoramento do aprendizado. 

 

Por fim, a Orientação de Estudos é um caminho eficiente para promover a autoconfiança e a motivação, resultados alcançados após eliminar os pontos de difícil atendimento e as principais dificuldades. Como consequência, o estudante passa a acompanhar melhor as aulas, percebe que está avançando no aprendizado, sente mais confiança e motivação para aprender. 

 

Ressalto, que não podemos trabalhar apenas com dificuldades relacionadas a aprendizagem formal. É fundamental entender que as crianças e adolescentes podem apresentar questões emocionais, que também interferem na aprendizagem. Para fazer um trabalho completo e atingir os objetivos de aprendizagem e maturação cognitiva, o professional que fará a Orientação de Estudos deve se preparar para diagnosticar as prováveis interferências na aprendizagem, levando em conta que os ‘ruídos’ não são apenas externos. É bem provável que o cérebro do estudante esteja diante de um ‘obstáculo’ e que apenas com a adoção de algumas técnicas diferenciadas e/ou com a mudança de ambiente para estudar, estes alunos sejam capazes de se desenvolver em sua totalidade. 

 

Diante disso, a Orientação de Estudos jamais deve ser encarada como algo ruim ou um sinal de que o estudante está com problemas. Ao contrário, é uma maneira de aprimorar o aprendizado, expandir e aprofundar conhecimentos. 



Sueli Conte - aplicadora de Barras de Access e ThetaHealing, licenciada em Psicologia, Mestre em Educação, Doutoranda em Neurociências e desenvolve um trabalho voltado para os aspectos socioemocionais e educacionais como fundadora e responsável pelo "Espaço Saúde Integrativa by Sueli Conte", em São Paulo
www.instagram.com/saudeintegrativa20
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