Opinião
A
crescente prevalência da Síndrome de Burnout (exaustão profissional), que
ocorre principalmente em profissionais do sexo feminino, sendo caracterizada
por algias (designação de dor), cefaleias, cervicalgias (dores cervicais) e
lombalgias (dores lombares), pode limitar as atividades habituais e, ainda,
influenciar aspectos como a vitalidade dos indivíduos. Essas queixas estão
presentes em situações em que há trabalho sob alto nível de tensão, má
ergonomia, tempo exíguo para realização das tarefas, trabalho noturno, trabalho
em turnos alternados, jornadas duplas, como em setores de atendimento ao
trauma. Pode-se concluir que existe uma importante vulnerabilidade dos
profissionais da saúde. A conscientização coletiva, criando uma rede de alerta
e proteção ao agravamento de síndromes depressivas e suicídio, deve pautar as
ações dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho (SESMT) e as políticas das instituições de atendimento à saúde.
A
subnotificação de casos relacionados à síndrome é uma realidade, visto que, por
se tratar de profissionais que detêm conhecimento sobre os agravos à saúde e as
medidas habitualmente adotadas, é frequente a omissão da informação,, tendo
como hábito a automedicação como estratégia de defesa e enfrentamento das
adversidades. As dificuldades enfrentadas pelos profissionais dos SESMT
resultam da inexistência de eventos sentinelas, fundamentais na implementação
das ações individuais e coletivas.
Alterações
cardíacas por estresse e má qualidade de vida afetam o funcionamento cardíaco
de qualquer faixa etária. Por isso, a Síndrome de Burnout pode culminar no
desenvolvimento de doenças cardiovasculares precocemente em pessoas com
menos de 40 anos de idade.O número de pessoas que morrerão por doenças
cardiovasculares até 2030 é estimado em 23 milhões, permanecendo como a
principal causa de morte no mundo. Os fatores comportamentais mais importantes
associados a doenças cardíacas e AVC são dieta inadequada, sedentarismo, tabaco
e álcool. Essas situações são responsáveis por 80% dos casos de doença arterial
coronariana e cerebrovascular.
O
desenvolvimento de estratégias de prevenção cardiovascular primária é uma
atividade indispensável para a promoção da saúde do trabalhador e o burnout é
uma das questões que devem ser consideradas.
A
discussão do tema estará presente na programação do Simpósio Saúde Mental em
Tempos de Pós-Pandemia que ocorrerá na quinta-feira (27/04). A realização é da
Frente Parlamentar da Saúde Mental da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, da
Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e
Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (SMAP), e da Associação
Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O simpósio também conta com o apoio da
Associação de Psiquiatra do Rio Grande do Sul (APRS), da Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia – Rio Grande do Sul (SBGG-RS), da ONG Via Vida e da
Editora Grupo A.
Ricardo Moreira Martins - Diretor do Exercício
Profissional da AMRIGS
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