quarta-feira, 26 de abril de 2023

Burnout: Organização Mundial da Saúde estima que três-quartos da mortalidade cardiovascular podem ser evitados com mudanças de estilo de vida

Opinião

 

A crescente prevalência da Síndrome de Burnout (exaustão profissional), que ocorre principalmente em profissionais do sexo feminino, sendo caracterizada por algias (designação de dor), cefaleias, cervicalgias (dores cervicais) e lombalgias (dores lombares), pode limitar as atividades habituais e, ainda, influenciar aspectos como a vitalidade dos indivíduos. Essas queixas estão presentes em situações em que há trabalho sob alto nível de tensão, má ergonomia, tempo exíguo para realização das tarefas, trabalho noturno, trabalho em turnos alternados, jornadas duplas, como em setores de atendimento ao trauma. Pode-se concluir que existe uma importante vulnerabilidade dos profissionais da saúde. A conscientização coletiva, criando uma rede de alerta e proteção ao agravamento de síndromes depressivas e suicídio, deve pautar as ações dos Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT) e as políticas das instituições de atendimento à saúde. 

A subnotificação de casos relacionados à síndrome é uma realidade, visto que, por se tratar de profissionais que detêm conhecimento sobre os agravos à saúde e as medidas habitualmente adotadas, é frequente a omissão da informação,, tendo como hábito a automedicação como estratégia de defesa e enfrentamento das adversidades. As dificuldades enfrentadas pelos profissionais dos SESMT resultam da inexistência de eventos sentinelas, fundamentais na implementação das ações individuais e coletivas.

Alterações cardíacas por estresse e má qualidade de vida afetam o funcionamento cardíaco de qualquer faixa etária. Por isso, a Síndrome de Burnout pode culminar no desenvolvimento de doenças cardiovasculares precocemente em pessoas com  menos de 40 anos de idade.O número de pessoas que morrerão por doenças cardiovasculares até 2030 é estimado em 23 milhões, permanecendo como a principal causa de morte no mundo. Os fatores comportamentais mais importantes associados a doenças cardíacas e AVC são dieta inadequada, sedentarismo, tabaco e álcool. Essas situações são responsáveis por 80% dos casos de doença arterial coronariana e cerebrovascular.

O desenvolvimento de estratégias de prevenção cardiovascular primária é uma atividade indispensável para a promoção da saúde do trabalhador e o burnout é uma das questões que devem ser consideradas.

A discussão do tema estará presente na programação do Simpósio Saúde Mental em Tempos de Pós-Pandemia que ocorrerá na quinta-feira (27/04). A realização é da Frente Parlamentar da Saúde Mental da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, da Prefeitura de Porto Alegre através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e Secretaria Municipal de Administração e Patrimônio (SMAP), e da Associação Médica do Rio Grande do Sul (AMRIGS). O simpósio também conta com o apoio da Associação de Psiquiatra do Rio Grande do Sul (APRS), da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – Rio Grande do Sul (SBGG-RS), da ONG Via Vida e da Editora Grupo A.

 

Ricardo Moreira Martins - Diretor do Exercício Profissional da AMRIGS


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