20 de março é o Dia Internacional da Felicidade e foi lançado o Relatório Mundial da Felicidade 2023, em que posição o Brasil está no Ranking e o que isso significa?
O
tema felicidade é recorrente na história, porém nos últimos anos vem
conquistando contornos específicos: muito conhecimento produzido, muitas
práticas para manter e outras tantas para construir, consideração da felicidade
como Ciência e uma certa urgência em que se consolide como resposta social, na
medida em que a própria Organização das Nações Unidas aponta que a felicidade
traduz a essência dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, da Agenda 2030
- aqui vamos tomar esse referencial como um dos tantos conceitos de
felicidade.
Ela
é tema transversal em cada área da vida, assim como, por exemplo, vem
conquistando espaço na agenda corporativa -- um ótimo caminho para
sustentabilidade de organizações aliás. Fato é que a cada dia podemos aprender
a ser mais felizes e colaborar e influenciar ações à felicidade dos outros.
Some-se que isto não é um assunto apenas para as agendas particulares: se cada
um de nós é convidado a pensar em como ter hábitos para vidas mais felizes, a
agenda pública deve também se ocupar disso.
É
uma questão de Direitos Humanos atuar para que todos possam ter vidas dignas e
felizes, pois felicidade também é um Direito Humano, um outro bom conceito.
Isto parece abstrato, porém para fortalecer e orientar esse debate, como as
pessoas podem compreender agendas privadas e públicas voltada para a
felicidade?
Podem
começar observando os Relatórios Mundiais de Felicidade, que avaliam a
felicidade das pessoas em todo o mundo. Elaborado pela Rede de Soluções de
Desenvolvimento Sustentável da ONU, cada relatório classifica os países de
acordo com a felicidade de seus habitantes, com base em uma variedade de
fatores, incluindo a renda per capita, o apoio social, a expectativa de vida
saudável, a liberdade para tomar decisões, a generosidade e a percepção de
corrupção.
No
Relatório de 2023, que tem seu lançamento na presente data, 20 de março, o Dia
Internacional da Felicidade, são feitas considerações sobre a Agenda da
Felicidade para os próximos dez anos; analisadas a felicidade mundial,
confiança e conexões sociais em tempos de crise; bem-estar e eficácia do
Estado; relações entre altruísmo e bem-estar; mediação do bem-estar com mídias
sociais em todo espaço, tempo e culturas.
Os
indicadores analisados em cada Relatório apontam a necessidade de superar
desigualdades, atuar em parcerias e, sobretudo, acreditar que a humanidade pode
atuar pela felicidade de cada pessoa em todos os lugares. Uma análise de todos
os relatórios publicados evidencia que há muito a ser feito, porém, que há
reais conquistas já obtidas e caminhos para que todos os países possam ter bons
resultados no ranking - não se trata de concorrência entre os países, só de
efetivo suporte para o desenvolvimento sustentável de todos.
Desde
sua primeira edição, o Relatório Mundial de Felicidade tem apresentado
resultados interessantes e surpreendentes, que apontam uma certa geografia da
felicidade. Em geral, os países nórdicos, como Finlândia, Noruega e Dinamarca,
têm consistentemente liderado o ranking de felicidade, enquanto países em
conflito ou com baixo desenvolvimento econômico, como Iêmen, Síria, Burundi,
Afeganistão, ocupam as posições mais baixas.
Nota-se
que as pontuações dos países no relatório também podem variar de ano para ano,
dependendo de fatores como a situação econômica global, os eventos políticos ou
sociais e as condições ambientais. Por exemplo, a pandemia da COVID-19 teve um
impacto significativo na pontuação de felicidade em todo o mundo, com muitos
países registrando quedas acentuadas em suas pontuações.
O
tema é urgente no Brasil, que, infelizmente vem notoriamente obtendo resultados
piores desde 2016, quando esteve em sua melhor classificação:
2012 - 25
2013 - 24
2015 - 16
2016 - 17
2017 - 22
2018 - 28
2019 - 32
2020 - 32
2021 - 38
2022 - 49
WHR
(Disponível em: Link.
Acesso em 20 mar. 2023)
Assim, o Relatório Mundial de Felicidade é uma importante ferramenta para entender a felicidade e o bem-estar das pessoas em todo o mundo e se cada um de nós paramos para pensar no Brasil a partir dos dados acima, vamos juntos, talvez, tomar a decisão de compreender mais o tema, fortalecer as ações importantes que auxiliarão na promoção de felicidade e bem-estar do povo brasileiro e que já estão em andamento e fomentar novas ações alinhadas cada vez mais com a ideia de colocar a felicidade em evidência.
Que o Dia Internacional da Felicidade seja um marco de celebrar conquistas e de tomada de decisões rumo à presença cada vez mais intensa da felicidade nas agendas das pessoas e da sociedade. É possível. É necessário. É questão de Direitos Humanos.
Aline da Silva Freitas - Doutora em Direitos Humanos, Mestre em Direito
Político Econômico e Master em Psicologia Positiva. Professora da Faculdade de
Direito do Mackenzie e Consultora em Direitos Humanos, Felicidade e Bem-Estar.
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