O mês de março é tradicionalmente
dedicado às mulheres em diversas partes do mundo. Não a parabenizações
genéricas, meros botões de rosas, campanhas publicitárias de empresas ou outras
ações vazias que, infelizmente, atravessam a data. Pelo contrário: são dias de
reflexão, de toda a sociedade se engajar verdadeiramente na luta pelos direitos
das mulheres.
Foram
importantes os avanços nas últimas décadas: no nosso país, elas já são maioria
no ensino superior, conforme dados da pesquisa “Estatísticas de Gênero:
indicadores sociais das mulheres no Brasil”, divulgada em 2022 pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE); a bancada feminina na Câmara dos
Deputados cresceu 18,2% nas eleições mais recentes; a Lei Maria da Penha,
criada em 2006, consolidou-se como uma ferramenta de proteção contra a
violência doméstica.
Além disso, as mulheres têm
alcançado avanços significativos em termos de educação e mercado de trabalho,
ocupando posições de liderança em empresas e instituições acadêmicas.
Mesmo assim, são numerosos os
desafios ainda a serem enfrentados, como a disparidade salarial entre os
gêneros e o aumento do índice de feminicídios no país – levantamento do Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) aponta que houve crescimento de 10,8%
nos assassinatos em quatro anos.
A saúde delas também piorou. Em
razão da pandemia de Covid-19, não foram raros os casos de mulheres que
interromperam seus tratamentos ou tiveram dificuldade de acessar os serviços de
saúde. Representando a maior parte dos profissionais na linha de frente do
combate ao vírus, elas ainda ficaram mais expostas ao adoecimento.
Não podemos permanecer de braços
cruzados diante da desigualdade. O Artigo 196 da Constituição estabelece a
saúde como um direito de todos. E de todas. Pensando nisso, a Sociedade
Brasileira de Clínica Médica criou há alguns anos uma campanha permanente,
denominada de Mulher Coração.
Considerava-se, até bem pouco
tempo, que os problemas do coração eram algo intrínseco aos homens. Hoje
sabemos que o sexo feminino também é seriamente afetado pelas doenças
cardiovasculares, que ultrapassaram as estatísticas dos tumores de mama e útero
e levam a óbito mais de 23 mil mulheres diariamente em todo o mundo, segundo a
Organização Mundial da Saúde (OMS). As pílulas anticoncepcionais, a menopausa e
o tabagismo constituem fatores de risco para esse público.
Nossa campanha tem como objetivo
alertar e orientar as mulheres brasileiras quanto à importância da prevenção e
do diagnóstico precoce. Artistas e personalidades como Fofão, Irene Ravache,
Maitê Proença e Paula Lima apoiam a iniciativa. Você também pode fazer parte,
acessando mulhercoração.com.br.
A construção de um país menos
hostil e com mais bem-estar para todas as mulheres está em nossas mãos.
Exercite a dignidade.
Antonio Carlos Lopes - presidente
da Sociedade Brasileira de Clínica Médica
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